São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 2006

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NEGÓCIOS

Produto de avestruz nacional custa 40% menos do que os importados

Pluma brasileira entra no Carnaval

Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
Tratadores desplumam um avestruz no interior de São Paulo


BRUNO SEGADILHA
DA REDAÇÃO

As tradicionais plumas de avestruz vindas da África do Sul vão ceder espaço para o produto nacional: a Ceccasp (Cooperativa de Criadores de Ratitas do Estado de São Paulo) começou a comercializar para o Carnaval de São Paulo deste ano plumas de seus animais.
Neste primeiro ano de comercialização, a cooperativa vendeu cerca de 200 quilos de plumas de avestruz para as escolas de samba de São Paulo, o que representa 10% de sua movimentação anual: cerca de R$ 800 mil com a venda de carne, couro e plumas para a produção de espanadores, segundo Hisae Gunji, diretora administrativa da Ceccasp.
Gunji explica que, apesar de existir há três anos, a cooperativa só começou a comercialização no Carnaval deste ano pelo fato de o desplume ser um processo lento e trabalhoso, que exige do criador um investimento de aproximadamente um ano.
"Para se obter uma pluma de boa qualidade, é necessário esperar que o animal chegue aos 14 meses, idade normal de abate. É um processo lento e é por isso que só começamos a comercialização agora, quando conseguimos obter um número bom para venda."
O quilo de plumas vendidas "in natura", ou seja, sem tratamento e sem tingimento, é vendido pelo preço médio de R$ 300, enquanto o quilo de plumas tingidas é vendido por R$ 450. Para o ano que vem, Gunji prevê que as vendas cresçam oito vezes, graças aos estoques que já estão sendo produzidos e a investimentos no setor.
"Já temos um número suficiente para aumentar as vendas e estamos procurando produtores de regiões mais propícias para a criação. E também queremos trabalhar com linhagens especiais."
Para os carnavalescos, a principal vantagem da produção nacional são os preços 40% mais baratos do que os das plumas vindas da África do Sul, maior exportador do ramo. "O preço é realmente um atrativo, embora as plumas importadas tenham cores mais bonitas do que as nossas", disse Eduardo Caetano, carnavalesco da Acadêmicos do Tucuruvi.
A criação de avestruz, ou estrutiocultura, começou no Brasil há apenas dez anos, mas já levou o país a uma posição de destaque no mercado mundial. Atualmente, existem cerca de 2.500 criadores em praticamente todos os Estados e um plantel estimado de 335 mil aves, segundo dados da Acab (Associação de Criadores de Avestruz do Brasil).


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