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Pesquisas desvendam padrões de consumo
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos da metade da população
do Estado de São Paulo prepara o
jantar todos os dias em casa. O
restante opta pela comida pronta
ou come fora. É no interior que a
venda do chamado "frango de televisão" (aquele de forno de padaria) tem mais forte apelo entre os
consumidores.
Na capital paulista, o desejo por
produtos como café solúvel, iogurtes infantis e molho de tomate
é maior do que em cidades interioranas. Essas informações, presentes em estudos feitos pela LatinPanel/Ibope, foram destaque
da entrevista concedida por Margareth Utimura, diretora comercial da empresa, à Folha.
(AM)
Folha - O que as pesquisas recentes mostram sobre os hábitos de
consumo das classes A, B e C?
Margareth Utimura - Há muitos
estudos que esmiuçam o comportamento de compra da classe C,
mas não há dúvida de que o grande comprador ainda é a classe de
maior poder aquisitivo, menos
sensível às crises e fortemente
consumidora dos chamados supérfluos -os itens de maior valor
agregado para a indústria.
O que percebemos na classe
média de menor poder aquisitivo
-que, em volumes absolutos, é a
maioria da população- é uma
sensibilidade muito grande aos
sobes e desces da economia. As
conquistas são deixadas de lado
ao menor sinal de uma revés econômica. Nesse contexto, pesa a
concorrência entre categorias.
Folha - Como assim?
Utimura - Há uma competição
forte entre as categorias de produtos pela mesma renda que vai parar no bolso do trabalhador. É
preciso arcar com a conta do celular e com a compra do supermercado. Os gastos aumentaram e a
renda caiu 21% nos últimos sete
anos. Aí não tem jeito: a cesta de
gastos aumenta, o salário não sobe e o consumidor está fazendo
dívida para arcar com as contas. É
dentro desse contexto que é preciso descobrir, nas nossas análises,
como o cliente da loja tem se comportado diante disso.
Folha - O perfil de consumo varia
muito de acordo com região, idade,
sexo?
Utimura - Percebemos no Rio
que há maior sensibilidade à aumentos de preço do que em Estados do Sul. Por isso, o carioca tende a ser bom comprador de marcas de segunda linha.
O consumidor do sul do país
aceita essa marca, mas ele quer a
qualidade da marca líder e tem essa noção de custo/benefício. Ele
quer agregar qualidade à compra.
Ainda há outras diferenças em relação ao tipo de produto comprado. Por exemplo: a venda de extrato de tomate é mais forte no interior. O molho de tomate, mais
fácil de utilizar, tem demada
maior nas capitais. Além disso,
itens usados na merenda escolar,
como iogurtes e bolinhos, têm
forte apelo nas grandes metrópoles. Nesse caso, é a mãe que não
tem tempo para fazer o lanche escolar da criança.
Folha - Há um levantamento da
LatinPanel que ainda mostra diferenças na compra de comida pronta. Nele, o chamado "frango de televisão" tem apelo maior no interior, certo?
Utimura - Sim, há mais diferenças. Na Grande São Paulo, 91%
das pessoas pedem pizza pelo telefone. No interior, 84%, segundo
dados de uma pesquisa de 2004.
No caso das carnes e aves, 28% fazem essa compra por telefone no
interior do estado, contra 16% na
Grande São Paulo.
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