São Paulo, domingo, 29 de janeiro de 2006

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Pesquisas desvendam padrões de consumo

DA REPORTAGEM LOCAL

Menos da metade da população do Estado de São Paulo prepara o jantar todos os dias em casa. O restante opta pela comida pronta ou come fora. É no interior que a venda do chamado "frango de televisão" (aquele de forno de padaria) tem mais forte apelo entre os consumidores.
Na capital paulista, o desejo por produtos como café solúvel, iogurtes infantis e molho de tomate é maior do que em cidades interioranas. Essas informações, presentes em estudos feitos pela LatinPanel/Ibope, foram destaque da entrevista concedida por Margareth Utimura, diretora comercial da empresa, à Folha. (AM)
 

Folha - O que as pesquisas recentes mostram sobre os hábitos de consumo das classes A, B e C?
Margareth Utimura -
Há muitos estudos que esmiuçam o comportamento de compra da classe C, mas não há dúvida de que o grande comprador ainda é a classe de maior poder aquisitivo, menos sensível às crises e fortemente consumidora dos chamados supérfluos -os itens de maior valor agregado para a indústria.
O que percebemos na classe média de menor poder aquisitivo -que, em volumes absolutos, é a maioria da população- é uma sensibilidade muito grande aos sobes e desces da economia. As conquistas são deixadas de lado ao menor sinal de uma revés econômica. Nesse contexto, pesa a concorrência entre categorias.

Folha - Como assim?
Utimura -
Há uma competição forte entre as categorias de produtos pela mesma renda que vai parar no bolso do trabalhador. É preciso arcar com a conta do celular e com a compra do supermercado. Os gastos aumentaram e a renda caiu 21% nos últimos sete anos. Aí não tem jeito: a cesta de gastos aumenta, o salário não sobe e o consumidor está fazendo dívida para arcar com as contas. É dentro desse contexto que é preciso descobrir, nas nossas análises, como o cliente da loja tem se comportado diante disso.

Folha - O perfil de consumo varia muito de acordo com região, idade, sexo?
Utimura -
Percebemos no Rio que há maior sensibilidade à aumentos de preço do que em Estados do Sul. Por isso, o carioca tende a ser bom comprador de marcas de segunda linha.
O consumidor do sul do país aceita essa marca, mas ele quer a qualidade da marca líder e tem essa noção de custo/benefício. Ele quer agregar qualidade à compra. Ainda há outras diferenças em relação ao tipo de produto comprado. Por exemplo: a venda de extrato de tomate é mais forte no interior. O molho de tomate, mais fácil de utilizar, tem demada maior nas capitais. Além disso, itens usados na merenda escolar, como iogurtes e bolinhos, têm forte apelo nas grandes metrópoles. Nesse caso, é a mãe que não tem tempo para fazer o lanche escolar da criança.

Folha - Há um levantamento da LatinPanel que ainda mostra diferenças na compra de comida pronta. Nele, o chamado "frango de televisão" tem apelo maior no interior, certo?
Utimura -
Sim, há mais diferenças. Na Grande São Paulo, 91% das pessoas pedem pizza pelo telefone. No interior, 84%, segundo dados de uma pesquisa de 2004. No caso das carnes e aves, 28% fazem essa compra por telefone no interior do estado, contra 16% na Grande São Paulo.


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