São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

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Mercado Aberto

Guilherme Barros - guilherme.barros@uol.com.br

Abertura de resseguros não deve causar queda imediata de preços

A abertura do mercado de resseguros no Brasil, sancionada neste mês, ao contrário do que tem sido comentado, não vai provocar uma redução automática das taxas praticadas no setor. A opinião é de Flávio Bauer, presidente da corretora de seguros Marsh no Brasil.
A medida, que entrará de forma gradual, tem objetivo de estimular a concorrência no setor e a eficiência do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), que até então possuía o monopólio da atividade.
Para Bauer, o Brasil passará a participar de um "sistema de vasos comunicantes", ou seja, qualquer catástrofe que ocorrer no mundo -e que tiver alguma influência sobre as taxas de resseguros- deverá provocar impactos nos preços brasileiros. "Um 11 de Setembro e um tsunami fazem o mercado de seguros sofrer muito."
Se, por um lado, o monopólio do IRB funcionava como um anteparo, que filtrava os efeitos do mercado internacional, por outro alguns segurados acabavam pagando mais devido a uma generalização do risco.
A queda nos preços deve ser sentida por uma parte dos segurados. Com a mudança, aqueles cujas atividades possuem baixo histórico de risco serão beneficiados. Os que não possuem uma política rigorosa de segurança deverão pagar mais por isso.
Para o mercado, a abertura deve provocar uma maior especialização, segundo Bauer, já que, com o fim do monopólio, os contratos passarão a ser mais complexos. "Cada um terá que saber claramente qual é a sua vocação", diz.
João Baptista Barbará, diretor da corretora de resseguros Heath Lambert no Brasil, lembra que o preço dos seguros no varejo -que em geral não envolvem resseguros- não deverá sofrer nenhuma alteração. Nesse casos, a seguradora detém a totalidade do risco.
Quem poderá sentir alguma alteração é, portanto, a indústria de médio e grande porte.
Outra conseqüência mencionada por executivos do setor é o impacto nas pequenas seguradoras que não estão aliadas a resseguradoras multinacionais. Estas devem se direcionar para contratos de baixo valor, para não ter que recorrer a resseguro.

FERMENTO

A rede de alimentação Wraps inaugura, até o final de março, duas novas unidades. Uma delas será no shopping Leblon, no Rio, a primeira da rede -que possui sete lojas- fora de São Paulo. A unidade paulista, na rua Oscar Freire, será a maior da rede. O plano de expansão prevê também, até o final do ano, a abertura de outras quatro unidades. O investimento inicial de cada uma pode variar de R$ 700 mil a R$ 900 mil, segundo o sócio Marcelo Ferraz. "O aporte total para essa expansão gira em torno de R$ 5 milhões", afirma. Com a abertura das novas lojas, o número de funcionários irá subir de 135 para 230. O menu vai trazer novas opções criadas pela chef Carole Crema.

EXPECTATIVA
Os soteropolitanos estão otimistas com a economia brasileira, segundo pesquisa do Ibope com 16.768 entrevistados realizada entre julho de 2005 e julho de 2006 (veja tabela acima). Do total dos entrevistados, 45% dizem achar que a situação está melhor do que um ano atrás. Entre julho de 2002 e julho de 2003, esse número era de 32%.

FEZINHA
A arrecadação das loterias da Caixa atingiu R$ 410 milhões na terceira semana de janeiro. O número superou o montante captado em janeiro de 2006. O crescimento registrado até agora foi de 28%. No ano passado, o valor arrecadado neste mês ficou em R$ 320 milhões.

HOSPEDAGEM
A rede InterContinental Hotels Group acaba de lançar o InterContinental Los Angeles Century City, na Califórnia, que tem 363 apartamentos e fica próximo a Beverly Hills. A rede inaugurou 16 novas propriedades nos últimos dois anos.

CASTELO DE AREIA
A incorporadora Klabin Segall, para atrair a atenção para o condomínio Oceano, lançado em dezembro na praia das Astúrias, no Guarujá, colocou em exposição uma réplica em forma de escultura de areia do empreendimento, em frente de onde será construído.

MUNDO FASHION
A Kimberly-Clark lança novidades na São Paulo Fashion Week. A primeira delas é o conjunto de quatro novas latas com desenhos de Ronaldo Fraga para o papel higiênico Neve. A segunda, o lançamento do absorvente Intimus Gel Discret.

análise

Mercosul vive "crise de identidade"

Durante a Cúpula do Mercosul, muito se falou sobre questões políticas, mas pouco sobre problemas econômicos. Para o advogado Eduardo Felipe Matias, sócio de L.O.Baptista Advogados e coordenador-geral da Escola Internacional de Direito Anhembi, o Mercosul vive uma crise de identidade, ao não implementar totalmente a TEC (Tarifa Externa Comum).
O bloco não consegue sequer alcançar o estágio de união aduaneira perfeita. O que se conclui, na sua opinião, é que os países do Mercosul não prefeririam de fato fazer parte de uma zona de livre comércio.
Matias diz que o Mercosul precisa sinalizar com clareza para o resto do mundo que investimentos estrangeiros são bem-vindos e que serão devidamente protegidos. Uma sinalização importante, a seu ver, seria a celebração de acordos de proteção de investimentos, algo comum no contexto de processos de integração regional.
Segundo Matias, o Mercosul possui dois acordos dessa espécie, ambos de 1994, mas nenhum deles está em vigor.


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