São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

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Folhainvest

PAC pode favorecer ações de infra-estrutura

Companhias ligadas à concessão de rodovias, a ferrovias, a energia e a saneamento tendem a se beneficiar de programa

Analistas, no entanto, dizem que sucesso do plano ainda é incerto e pode ser arriscado apostar em determinado papel

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A divulgação do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), há uma semana, fez analistas e investidores pararem para calcular quais possíveis ações e setores poderiam se beneficiar no futuro com o programa governamental.
Especialmente as ações dos setores de infra-estrutura foram lembradas em um primeiro momento. Mas profissionais do mercado afirmam que ainda é relativamente cedo para cravar quais segmentos vão responder, no mercado acionário, favoravelmente ao PAC.
"As empresas ligadas à infra-estrutura tendem a se beneficiar, mas tudo depende ainda do sucesso do PAC. Hoje, há uma expectativa positiva, de aprovação do programa, mas temos de esperar", avalia Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating. "Por isso, pode ser arriscado apostar em determinado papel por conta de um hipotético sucesso do PAC e correr para a Bolsa."
Medidas importantes para dar sustentação ao PAC têm de ser aprovadas no Congresso. E a oposição na Câmara dos Deputados já demonstrou insatisfação com muitos pontos do programa.
Além da disposição da maioria do Congresso, o PAC depende também do interesse do setor privado em participar de vários projetos.
Ivan Guetta, gestor de renda variável da Gap Asset Management, diz que "os projetos do governo costumam se modificar com o tempo", o que torna mais difícil afirmar quais ações podem subir por conta do programa. "Mas não podemos esquecer que o grande foco do PAC é a infra-estrutura."
"Ações de companhias como CCR e OHL podem voltar a se beneficiar com novas concessões de estradas. Sem nos esquecermos da ALL", afirma.

Ferrovias
A ALL (América Latina Logística), que atua na área de malhas ferroviárias, é uma das maiores empresas de seu segmento. Em maio passado, a companhia comprou a Brasil Ferrovias, em um negócio de R$ 1,4 bilhão.
Em 2006, entre as ações que compõem o índice Ibovespa, o papel ALL Unit foi o principal destaque, ao conseguir valorização acumulada de 123,9%.
Ou seja, R$ 5.000 aplicados nas ações da empresa no primeiro dia útil de 2006 se transformaram em quase R$ 11.200 no final do ano.
A CCR é a maior operadora de concessões de rodovias do país. Está nas mãos da empresa a operação de seis concessões de rodovias, como AutoBan e NovaDutra.
Atuando no mesmo segmento, a OHL Brasil conta com quatro concessionárias, que detêm a operação em rodovias no Estado de São Paulo, como Autovias e Centrovias.
Na semana passada, essas ações não tiveram desempenho diferenciado -o que talvez mostre que não houve nenhuma corrida para comprá-las em resposta às perspectivas levantadas pelo PAC.
A ação ALL Unit teve alta de 2,44% na semana. O papel ON da CCR subiu 1,09%, e OHL Brasil ficou estável.

Potencial
Charles Philipp, diretor da corretora SLW, também cita papéis da área de infra-estrutura e do setor elétrico com potencial para ganhar com o PAC. "Penso em ações como CCR, OHL e Eletrobrás. Mas não me animo neste primeiro momento, apenas por conta do anúncio do PAC", afirma.
O setor de saneamento, à qual pertencem empresas como Sabesp e Copasa, também tem sido citado no mercado.
Agostini diz que há empresas ligadas ao setor imobiliário e de habitação, como Rossi Residencial, Cyrela e Gafisa, que também têm novo potencial de valorização em conseqüência do programa oficial de fomento ao crescimento.
Além desses, há outros segmentos que podem se beneficiar das medidas previstas.
Para o setor de energia, estão programados investimentos públicos da ordem de R$ 274,8 bilhões. Para a informática, o governo planeja elevar o valor de isenção para microcomputadores e notebooks, o que pode aumentar a demanda por produtos no segmento.


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