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Commodity petroquímica pode ter queda
Para analistas, retração pode refletir na economia global, com resultados ruins das empresas do setor e desvalorização de ações
Perspectivas para os papéis da Petrobras no curto prazo não são boas, já que a
queda do petróleo não era esperada, segundo analista
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
As perspectivas para as commodities petroquímicas (como
polietileno e polipropileno)
globais não são boas e, para
muitos analistas, isso pode refletir no que vem por aí na economia global.
Projeções de analistas internacionais apontam para recuo
nas margens das commodities
petroquímicas de 2007-2010.
No Brasil, o setor foi o mais prejudicado nos últimos 15 meses.
"Papéis do setor já estão muito descontados, baratos em relação a outros da Bolsa", diz
Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Como o setor, mais do que
qualquer outro, sofre impacto
do petróleo por conta das matérias-primas e está presente,
direta ou indiretamente, numa
grande porcentagem da economia global, ele é considerado
por muitos analistas como indicador antecedente confiável.
"Acompanhamos o setor há
26 anos, e suas margens e ações
têm sido consistentemente
"leading indicators" confiáveis
em relação à economia global",
diz Marcelo Ribeiro, economista da Pentágono Asset.
"As projeções de ciclos de alta e de baixa das petroquímicas
tendem a "cravar" o que vai
acontecer com o PIB global",
acrescenta Ribeiro.
Empresas que praticamente
só produzem commodities, como a canadense Nova, tiveram
suas recomendações rebaixadas para venda por corretoras
no exterior.
Companhias petroquímicas
brasileiras, como Braskem, Suzano Petroquímica, Petroflex e
Copesul, entre outras, são produtoras de commodities.
Para Neves, com a queda do
preços do petróleo, o custo cai e
a condição de recomposição de
margens tende a melhorar para
o setor no Brasil, cujos papéis
subiram recentemente em razão da queda de cerca de 30%
nas cotações do petróleo.
Há ainda grande incerteza
em relação à manutenção dos
preços do petróleo no atual nível, em torno de US$ 55. Fundos hedge globais (de maior risco) haviam especulado com esses preços, o que empurrou as
cotações para cima. Ações da
Braskem e da Petrobras estão
baratas em relação ao resto da
Bolsa, dizem analistas.
Para Ribeiro, as perspectivas
para as ações da Petrobras no
curto prazo não são boas, na
medida em que essa queda de
30% no barril não era esperada
pelo consenso dos analistas.
Por ser uma empresa estatal,
passível de influências do governo, a Petrobras já sofre um
certo desconto em relação a outras companhias globais.
"A Goldman Sachs chegou a
prever o petróleo a US$ 105 e o
megafundo hedge Bridgewater,
com US$ 130 bilhões em ativos,
chegou a projetar o petróleo a
US$ 120. Se o petróleo for a US$
30, empresas como a Exxon vão
ter sérios problemas com os investimentos em andamento, já
que não devem ter projetado
investimentos com base em um
preço tão baixo", afirma Ribeiro.
As cotações das ações da Petrobras possuem forte correlação com o preço do barril. Por
enquanto, muitos analistas
acreditam que a queda de preços seja correção temporária.
"Se ficar claro que não é apenas correção, e a tendência ainda for de baixa, os analistas revisarão as estimativas de lucro
da Petrobras para baixo e os papéis poderão sofrer duramente", diz Ribeiro.
Para Vaz das Neves, o ano
não será bom para empresas
produtoras de commodities.
"Não recomendo esse tipo de
papel. Prefiro os voltados para
o setor interno." Em 2006, entretanto, essas ações não tiveram desempenho tão bom como o esperado por analistas.
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