São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

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Commodity petroquímica pode ter queda

Para analistas, retração pode refletir na economia global, com resultados ruins das empresas do setor e desvalorização de ações

Perspectivas para os papéis da Petrobras no curto prazo não são boas, já que a queda do petróleo não era esperada, segundo analista

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

As perspectivas para as commodities petroquímicas (como polietileno e polipropileno) globais não são boas e, para muitos analistas, isso pode refletir no que vem por aí na economia global.
Projeções de analistas internacionais apontam para recuo nas margens das commodities petroquímicas de 2007-2010. No Brasil, o setor foi o mais prejudicado nos últimos 15 meses.
"Papéis do setor já estão muito descontados, baratos em relação a outros da Bolsa", diz Luiz Antônio Vaz das Neves, diretor da corretora Planner.
Como o setor, mais do que qualquer outro, sofre impacto do petróleo por conta das matérias-primas e está presente, direta ou indiretamente, numa grande porcentagem da economia global, ele é considerado por muitos analistas como indicador antecedente confiável.
"Acompanhamos o setor há 26 anos, e suas margens e ações têm sido consistentemente "leading indicators" confiáveis em relação à economia global", diz Marcelo Ribeiro, economista da Pentágono Asset.
"As projeções de ciclos de alta e de baixa das petroquímicas tendem a "cravar" o que vai acontecer com o PIB global", acrescenta Ribeiro.
Empresas que praticamente só produzem commodities, como a canadense Nova, tiveram suas recomendações rebaixadas para venda por corretoras no exterior.
Companhias petroquímicas brasileiras, como Braskem, Suzano Petroquímica, Petroflex e Copesul, entre outras, são produtoras de commodities.
Para Neves, com a queda do preços do petróleo, o custo cai e a condição de recomposição de margens tende a melhorar para o setor no Brasil, cujos papéis subiram recentemente em razão da queda de cerca de 30% nas cotações do petróleo.
Há ainda grande incerteza em relação à manutenção dos preços do petróleo no atual nível, em torno de US$ 55. Fundos hedge globais (de maior risco) haviam especulado com esses preços, o que empurrou as cotações para cima. Ações da Braskem e da Petrobras estão baratas em relação ao resto da Bolsa, dizem analistas.
Para Ribeiro, as perspectivas para as ações da Petrobras no curto prazo não são boas, na medida em que essa queda de 30% no barril não era esperada pelo consenso dos analistas. Por ser uma empresa estatal, passível de influências do governo, a Petrobras já sofre um certo desconto em relação a outras companhias globais.
"A Goldman Sachs chegou a prever o petróleo a US$ 105 e o megafundo hedge Bridgewater, com US$ 130 bilhões em ativos, chegou a projetar o petróleo a US$ 120. Se o petróleo for a US$ 30, empresas como a Exxon vão ter sérios problemas com os investimentos em andamento, já que não devem ter projetado investimentos com base em um preço tão baixo", afirma Ribeiro.
As cotações das ações da Petrobras possuem forte correlação com o preço do barril. Por enquanto, muitos analistas acreditam que a queda de preços seja correção temporária.
"Se ficar claro que não é apenas correção, e a tendência ainda for de baixa, os analistas revisarão as estimativas de lucro da Petrobras para baixo e os papéis poderão sofrer duramente", diz Ribeiro.
Para Vaz das Neves, o ano não será bom para empresas produtoras de commodities. "Não recomendo esse tipo de papel. Prefiro os voltados para o setor interno." Em 2006, entretanto, essas ações não tiveram desempenho tão bom como o esperado por analistas.


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