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Investimento externo direto continua elevado neste mês
Mesmo com a crise, ingresso de capital neste começo de ano está em US$ 4 bilhões
País recebeu US$ 34,6 bi de investimentos em 2007, o maior valor da história; setor que mais registrou aportes foi o de metalurgia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da crise enfrentada
recentemente pelos mercados
internacionais, o fluxo de investimento estrangeiro direto
para o Brasil se manteve elevado neste começo de ano. Segundo dados parciais fechados ontem pelo Banco Central, o ingresso de capital ocorrido em
janeiro está em US$ 4 bilhões.
No ano passado, o país recebeu US$ 34,616 bilhões em investimentos, maior valor já registrado pela série estatística
do BC, iniciada em 1947. O valor equivale a uma média mensal de cerca de US$ 2,9 bilhões.
Neste mês, o resultado está
influenciado por uma operação
de cerca de US$ 700 milhões
feita pela BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros), que
vendeu parte de seu capital para a Bolsa de Chicago. Essa
compra foi efetuada por meio
de uma troca de ações, ou seja,
não envolveu ingresso de recursos no país.
Ainda que seja descontada
essa transação, o valor apurado
até agora já supera, por exemplo, os US$ 2,422 bilhões em
investimentos que entraram
em janeiro de 2007. Também
não há relação direta do volume de investimento neste mês
com o agravamento da crise
nos Estados Unidos porque esse tipo de decisão empresarial é
tomada com antecedência.
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que o fluxo observado
neste mês não deve se repetir
ao longo do ano, assim como o
recorde de 2007 não será necessariamente batido em 2008,
mas afirma que a crise não deverá afetar de forma significativa esse resultado. "É um valor
bastante elevado, num momento de alta volatilidade do
mercado. Demonstra o interesse dos estrangeiros no Brasil."
Normalmente, o comportamento dos investimentos diretos demora um pouco para reagir a turbulências nos mercados, pois essas decisões normalmente são tomadas com
mais antecedência. Ainda assim, o economista Júlio Gomes
de Almeida, consultor do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial),
diz que também vê uma perspectiva positiva para o investimento. "Não tenho dúvida de
que, hoje em dia, o piso para o
investimento [estrangeiro] direto no Brasil é de ao menos
US$ 25 bilhões [por ano]."
O setor que mais recebeu investimentos estrangeiros foi o
de metalurgia, que ficou com
US$ 4,699 bilhões dos recursos
que entraram em 2007. Em seguida ficaram os setores financeiro (US$ 4,524 bilhões) e de
mineração (US$ 3,249 bilhões).
O setor de serviços como um
todo ficou com 46,9% dos investimentos recebidos, enquanto o industrial teve 39,3%,
e o restante ficou com o agropecuário e o extrativo mineral.
Os investimentos diretos e as
aplicações de estrangeiros no
mercado financeiro foram as
principais fontes de dólares do
Brasil em 2007. Ao todo, o balanço de pagamentos do país
-que contabiliza todas as entradas e saídas de divisas do
país- teve um saldo positivo de
US$ 87,5 bilhões. Desse valor,
US$ 78,6 bilhões foram comprados pelo BC no mercado de
câmbio para reforçar suas reservas em moeda estrangeira,
que no final do ano tinham saldo de US$ 188,1 bilhões.
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