São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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Investimento externo direto continua elevado neste mês

Mesmo com a crise, ingresso de capital neste começo de ano está em US$ 4 bilhões

País recebeu US$ 34,6 bi de investimentos em 2007, o maior valor da história; setor que mais registrou aportes foi o de metalurgia

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da crise enfrentada recentemente pelos mercados internacionais, o fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil se manteve elevado neste começo de ano. Segundo dados parciais fechados ontem pelo Banco Central, o ingresso de capital ocorrido em janeiro está em US$ 4 bilhões.
No ano passado, o país recebeu US$ 34,616 bilhões em investimentos, maior valor já registrado pela série estatística do BC, iniciada em 1947. O valor equivale a uma média mensal de cerca de US$ 2,9 bilhões.
Neste mês, o resultado está influenciado por uma operação de cerca de US$ 700 milhões feita pela BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), que vendeu parte de seu capital para a Bolsa de Chicago. Essa compra foi efetuada por meio de uma troca de ações, ou seja, não envolveu ingresso de recursos no país.
Ainda que seja descontada essa transação, o valor apurado até agora já supera, por exemplo, os US$ 2,422 bilhões em investimentos que entraram em janeiro de 2007. Também não há relação direta do volume de investimento neste mês com o agravamento da crise nos Estados Unidos porque esse tipo de decisão empresarial é tomada com antecedência.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que o fluxo observado neste mês não deve se repetir ao longo do ano, assim como o recorde de 2007 não será necessariamente batido em 2008, mas afirma que a crise não deverá afetar de forma significativa esse resultado. "É um valor bastante elevado, num momento de alta volatilidade do mercado. Demonstra o interesse dos estrangeiros no Brasil."
Normalmente, o comportamento dos investimentos diretos demora um pouco para reagir a turbulências nos mercados, pois essas decisões normalmente são tomadas com mais antecedência. Ainda assim, o economista Júlio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), diz que também vê uma perspectiva positiva para o investimento. "Não tenho dúvida de que, hoje em dia, o piso para o investimento [estrangeiro] direto no Brasil é de ao menos US$ 25 bilhões [por ano]."
O setor que mais recebeu investimentos estrangeiros foi o de metalurgia, que ficou com US$ 4,699 bilhões dos recursos que entraram em 2007. Em seguida ficaram os setores financeiro (US$ 4,524 bilhões) e de mineração (US$ 3,249 bilhões).
O setor de serviços como um todo ficou com 46,9% dos investimentos recebidos, enquanto o industrial teve 39,3%, e o restante ficou com o agropecuário e o extrativo mineral.
Os investimentos diretos e as aplicações de estrangeiros no mercado financeiro foram as principais fontes de dólares do Brasil em 2007. Ao todo, o balanço de pagamentos do país -que contabiliza todas as entradas e saídas de divisas do país- teve um saldo positivo de US$ 87,5 bilhões. Desse valor, US$ 78,6 bilhões foram comprados pelo BC no mercado de câmbio para reforçar suas reservas em moeda estrangeira, que no final do ano tinham saldo de US$ 188,1 bilhões.


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