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Real e moedas de países da Oceania atraem investidores
Juros altos aumentam ganhos com títulos em relação aos pagos pelo Tesouro dos EUA
Para economistas, Brasil,
Austrália e Nova Zelândia
devem sofrer menos com
crise dos EUA em razão da
presença no mercado chinês
DA BLOOMBERG
As moedas do Brasil, da Austrália e da Nova Zelândia têm
sido vistas por investidores como as melhores opções do mercado, já que os economistas
prevêem que os BCs manterão
os juros inalterados -ou até
mesmo podem elevá-los-, enquanto o crescimento das exportações para a China continua imbatível.
A Kokusai Asset Management, a Pacific Investment Management e a Putnam Investments estão investindo em países do hemisfério Sul para se
beneficiar dos maiores retornos dos bônus relativos aos títulos da dívida dos EUA nesta
década. Os bônus de dois anos
da Austrália renderam 4,5 pontos percentuais a mais que os títulos do Tesouro dos EUA com
vencimento semelhante. Na
Nova Zelândia, a diferença foi
de 5,1 pontos percentuais, e, no
Brasil, de 9,1 pontos.
A Austrália, a Nova Zelândia
e o Brasil são os países mais
bem posicionados para enfrentar uma desaceleração econômica nos EUA, pois uma porcentagem crescente de suas
mercadorias é destinada à China, onde o crescimento médio
pode ser de 10,3% neste ano,
disseram investidores como
Masataka Horii, da Kokusai de
Tóquio. A China ultrapassou os
EUA como o maior mercado de
exportações da Austrália depois do Japão e quintuplicou as
importações do Brasil nos últimos seis anos. O Brasil manteve os juros em 11,25% na semana passada, e a Nova Zelândia
deixou os seus em 8,25%. O Reserve Bank (o BC da Austrália)
se reúne na próxima semana.
"Os países que, segundo as
expectativas, vão elevar os juros são poucos. Eles têm boas
relações com as economias
asiáticas, especialmente com a
China", disse Horii, que participa do gerenciamento de US$
50,2 bilhões do fundo Kokusai
Global Sovereign, segundo
maior fundo de bônus gerenciados do mundo.
O dólar australiano, o dólar
neozelandês e o real subiram
depois de o Federal Reserve
(Fed, o BC dos EUA) reduzir
sua taxa básica de juros de
4,25% para 3,5%.
Analistas de Wall Street, no
entanto, não estão convencidos
da sustentabilidade dessas valorizações. O dólar australiano
pode cair até o fim do ano, segundo a mediana de 38 estimativas de empresas pesquisadas
pela Bloomberg. A economia
australiana ainda está muito ligada à dos EUA, segundo a Lehman Brothers Holdings.
A Kokusai, a Putnam e a Pimco apostam nas altas, de qualquer forma. A Kokusai dobrou
as posições nos títulos da dívida
australiana nos três últimos
meses de 2007, para 3% dos investimentos no seu fundo.
A Putnam, com sede em Boston, está comprando dólares
australianos e reais, disse Paresh Upadhyaya, que participa
da administração de US$ 29 bilhões em ativos cambiais na
qualidade de vice-presidente
sênior da Putnam.
O real é uma das moedas preferidas da Pimco, com sede na
Califórnia, disse Bill Gross, gerente do Total Return Fund, de
US$ 112,7 bilhões em ativos, o
maior de sua categoria com foco em títulos de renda fixa.
"Se só os EUA se desacelerarem e tiverem uma recessão
suave, o crescimento global desacelerará um pouco, mas não
irá para o buraco", disse
Upadhyaya. "Nesse cenário,
pode-se ver um descolamento
de alguns mercados emergentes e algumas moedas."
A economia da Austrália deve crescer 3,8% neste ano, o dobro do 1,9% dos EUA, estima o
FMI. A Nova Zelândia se expandirá em 2,3%, o Brasil, em
4%, e a China, em 10%.
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