São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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Real e moedas de países da Oceania atraem investidores

Juros altos aumentam ganhos com títulos em relação aos pagos pelo Tesouro dos EUA

Para economistas, Brasil, Austrália e Nova Zelândia devem sofrer menos com crise dos EUA em razão da presença no mercado chinês

DA BLOOMBERG

As moedas do Brasil, da Austrália e da Nova Zelândia têm sido vistas por investidores como as melhores opções do mercado, já que os economistas prevêem que os BCs manterão os juros inalterados -ou até mesmo podem elevá-los-, enquanto o crescimento das exportações para a China continua imbatível.
A Kokusai Asset Management, a Pacific Investment Management e a Putnam Investments estão investindo em países do hemisfério Sul para se beneficiar dos maiores retornos dos bônus relativos aos títulos da dívida dos EUA nesta década. Os bônus de dois anos da Austrália renderam 4,5 pontos percentuais a mais que os títulos do Tesouro dos EUA com vencimento semelhante. Na Nova Zelândia, a diferença foi de 5,1 pontos percentuais, e, no Brasil, de 9,1 pontos.
A Austrália, a Nova Zelândia e o Brasil são os países mais bem posicionados para enfrentar uma desaceleração econômica nos EUA, pois uma porcentagem crescente de suas mercadorias é destinada à China, onde o crescimento médio pode ser de 10,3% neste ano, disseram investidores como Masataka Horii, da Kokusai de Tóquio. A China ultrapassou os EUA como o maior mercado de exportações da Austrália depois do Japão e quintuplicou as importações do Brasil nos últimos seis anos. O Brasil manteve os juros em 11,25% na semana passada, e a Nova Zelândia deixou os seus em 8,25%. O Reserve Bank (o BC da Austrália) se reúne na próxima semana.
"Os países que, segundo as expectativas, vão elevar os juros são poucos. Eles têm boas relações com as economias asiáticas, especialmente com a China", disse Horii, que participa do gerenciamento de US$ 50,2 bilhões do fundo Kokusai Global Sovereign, segundo maior fundo de bônus gerenciados do mundo.
O dólar australiano, o dólar neozelandês e o real subiram depois de o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) reduzir sua taxa básica de juros de 4,25% para 3,5%.
Analistas de Wall Street, no entanto, não estão convencidos da sustentabilidade dessas valorizações. O dólar australiano pode cair até o fim do ano, segundo a mediana de 38 estimativas de empresas pesquisadas pela Bloomberg. A economia australiana ainda está muito ligada à dos EUA, segundo a Lehman Brothers Holdings.
A Kokusai, a Putnam e a Pimco apostam nas altas, de qualquer forma. A Kokusai dobrou as posições nos títulos da dívida australiana nos três últimos meses de 2007, para 3% dos investimentos no seu fundo.
A Putnam, com sede em Boston, está comprando dólares australianos e reais, disse Paresh Upadhyaya, que participa da administração de US$ 29 bilhões em ativos cambiais na qualidade de vice-presidente sênior da Putnam.
O real é uma das moedas preferidas da Pimco, com sede na Califórnia, disse Bill Gross, gerente do Total Return Fund, de US$ 112,7 bilhões em ativos, o maior de sua categoria com foco em títulos de renda fixa.
"Se só os EUA se desacelerarem e tiverem uma recessão suave, o crescimento global desacelerará um pouco, mas não irá para o buraco", disse Upadhyaya. "Nesse cenário, pode-se ver um descolamento de alguns mercados emergentes e algumas moedas."
A economia da Austrália deve crescer 3,8% neste ano, o dobro do 1,9% dos EUA, estima o FMI. A Nova Zelândia se expandirá em 2,3%, o Brasil, em 4%, e a China, em 10%.


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