São Paulo, terça-feira, 29 de janeiro de 2008

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Recorde, lucro do Bradesco chega a R$ 8 bi

Resultado líquido no ano passado, o maior já registrado até agora por um banco, teve crescimento de 58,5% em relação a 2006

Ganho foi impulsionado principalmente pela carteira de crédito, que se expandiu em 38,9%; Itaú divulga seu balanço na próximo dia 12

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco abriu a safra de balanços de 2007 dos grandes bancos que operam no país. E, diferentemente das dificuldades que atravessam as maiores instituições financeiras dos EUA e da Europa, o Bradesco viu seu lucro líquido expandir-se 58,5% e alcançar os R$ 8,01 bilhões no ano passado.
O resultado de 2007 representou o maior lucro já registrado por um banco no país nos últimos 20 anos, segundo a consultoria Economática.
Além da contínua expansão do crédito, o banco se beneficiou de ganhos extraordinários no ano, como a venda de participações na Bovespa e na BM&F, que renderam R$ 480 milhões. Houve fortes ganhos também com a alienação da Serasa, que rendeu à instituição outros R$ 599 milhões.
Sem computar os ganhos extraordinários, o lucro líquido do Bradesco teria ficado em R$ 7,21 bilhões -ainda assim, uma cifra recorde.
Apenas no quarto trimestre, a instituição financeira lucrou R$ 2,19 bilhões.
O crescimento de 38,9% da carteira de crédito, que alcançou R$ 161,4 bilhões, superou as projeções dos analistas. O que surpreendeu foi o aumento de 46,7% no crédito destinado a pequenas e médias empresas.
Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, diz que as pequenas e médias "começaram a desengavetar projetos e fazer investimentos". Para 2008, Cypriano prevê uma expansão ainda elevada, entre 21% e 25%, na carteira de crédito do banco.
Com a expectativa de manutenção dos juros em 11,25% durante boa parte do ano, as carteiras de crédito devem se manter lucrativas para os bancos.
A expansão do crédito no segmento de pessoa física, que foi de 34,2% no ano, não ocasionou a elevação da inadimplência, como ocorreu em 2006. De dezembro de 2006 para dezembro de 2007, a inadimplência acima de 90 dias recuou de 6,3% para 6%.
O crédito respondeu por 25% do resultado do banco no ano passado, contra 23% em 2006. Quem ganhou mais espaço no resultado foram as receitas com serviços (como tarifas, administração de fundos e cartões), que subiram de 26% para 29% do total.
"Nesse segmento, chama a atenção o grande aumento dos cartões de crédito. Os ganhos com tarifas se mantiveram elevados, mas os com cartões aumentaram bem mais", afirma Luis Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Rating.
O volume movimentado pelo segmento de cartões de crédito cresceu 47,2% no ano passado. Entre as receitas obtidas com serviços, que totalizaram R$ 10,81 bilhões, os cartões tiveram a mais forte participação, com R$ 2,45 bilhões. O retorno das contas correntes para o banco totalizou R$ 2,36 bilhões. A administração de fundos rendeu R$ 1,44 bilhão.
Para o banco, os resultados advindos da seguradora seguem com peso considerável, mesmo com recuo de 2006 para 2007. A participação do setor segurador caiu de 34% para 31% do resultado no período.
O Bradesco mostrou estar com apetite para eventuais bons negócios no exterior. "Estamos mais para caçador que para caça", afirmou Cypriano.
O principal concorrente do Bradesco, o Itaú, irá apresentar seu balanço referente a 2007 no dia 12. Considerando o resultado acumulado até o terceiro trimestre, é grande a chance de o Itaú ter tido um lucro ainda maior que o do Bradesco.


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