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Reservatórios no NE caem abaixo do nível do apagão
Com poucas chuvas, companhia hidrelétrica reduz vazão do rio São Francisco
Medida representa "seguro
hídrico" ao reter água na
represa de Sobradinho, a
maior da região; governo
recorre a termelétricas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com os níveis dos reservatórios das hidrelétricas do Nordeste mais baixos do que nos
meses que antecederam ao racionamento (junho de 2001), a
Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) reduziu a
vazão de água do rio São Francisco. O objetivo da medida é
reter a água em Sobradinho
(BA), hidrelétrica que tem o
maior reservatório da região.
"Estamos com chuvas abaixo
da média e adotando todas as
medidas possíveis para economizar água", afirma Mozart
Bandeira Arnaud, diretor de
operação da Chesf.
"A energia que não for gerada
em Sobradinho será suprida
com termelétricas ou com
maior transferência de outras
regiões", afirmou. A redução da
vazão foi autorizada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente) e pela ANA
(Agência Nacional de Águas).
"É uma espécie de seguro hídrico para a região Nordeste",
disse Oscar Cordeiro Netto, diretor da ANA. Ele afirmou que,
apesar de uma possível redução
(de 10 a 15 centímetros) no leito
do rio, não deverá haver problemas para os outros usuários. A
medida havia sido pedida pelo
Ministério de Minas e Energia
no final de dezembro, mas só
entrou em vigor depois de negociada com outras entidades.
No sábado, a Chesf reduziu
de 1.300 m3 por segundo para
1.200 m3/s a vazão de água a
partir de Sobradinho. No próximo sábado, haverá nova redução, e a vazão passará a ser
de 1.100 m3/s. A Chesf está autorizada a manter a vazão reduzida até o final de abril,
quanto termina o período chuvoso e começa o seco. Um m3
equivale a mil litros.
Nível
No domingo (último dado
disponível), os reservatórios
das hidrelétricas da região Nordeste estavam com 28,2% de
sua capacidade. Nessa mesma
época do ano, em 2001, pouco
mais de quatro meses do início
do racionamento, os reservatórios do Nordeste contavam
com 41,39% da capacidade
(média de janeiro).
As chuvas este ano estão bem
piores do que em 2001. No ano
do racionamento, no mês de janeiro, a região Nordeste registrava 71,6% da média de chuvas. Este ano, as chuvas estão
em 39% da média histórica para o período.
Agricultura
Apesar da vazão menor, o governo avalia que não haverá impacto para a agricultura irrigada. Raimundo Deusdará Filho,
diretor de Gestão dos Empreendimentos de Irrigação da
Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do
São Francisco e do Parnaíba),
afirmou que a Codevasf limpará os canais que ligam o rio aos
projetos de agricultura irrigada, para que, mesmo com vazão
menor, a água possa chegar às
lavouras. Além disso, a empresa instalará bombas flutuantes
no rio para captar mais água.
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