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Frigorífico vê
2008 positivo,
mas analistas
apontam risco
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Os frigoríficos com maior
parte da produção voltada à
carne bovina e com ações comercializadas na Bolsa de Valores divulgaram projeções otimistas para este ano, mas existem riscos para o setor. Essa é a
avaliação de especialistas consultados pela Folha.
Mercado que melhor remunera o produto brasileiro, a
União Européia deve, a partir
do final desta semana, começar
a comprar apenas carne proveniente de rebanhos habilitados
segundo regras mais rigorosas
de rastreabilidade.
Há consenso de que os volumes embarcados vão diminuir.
Esse recuo, porém, pode representar receita maior. Como o
Brasil é o principal fornecedor
para os europeus -e a oferta
vai ser menor-, os preços tendem a subir, compensando a
perda em quantidades.
"A carne vai estar mais cara
no mundo", diz Fernando Galletti de Queiroz, presidente do
Grupo Minerva, indústria com
sede em Barretos (SP).
Com unidades instaladas
também na Argentina, os Grupos JBS-Friboi e Marfrig em
tese podem recorrer à oferta no
país vizinho para preservar o
espaço na Europa.
Em comunicado, o JBS-Friboi divulgou previsão de faturamento de R$ 25,5 bilhões
neste ano, sendo R$ 15 bilhões
da JBS-Swift, nos EUA, R$ 5,7
bilhões do Brasil, R$ 1,3 bilhão
da Argentina e R$ 3,5 bilhões
da Austrália. A margem Ebitda
(lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização) deve ficar entre 5% e 6%.
Com unidades no Brasil, na
Argentina, no Uruguai e no
Chile, o Marfrig trabalha com o
cenário de receita líquida de R$
6 bilhões a R$ 6,5 bilhões, com
margem Ebitda de 10% a 11%.
Queiroz, do Minerva, diz que
há "grande espaço para conquistar mercados lá fora", sobretudo os países produtores
de petróleo, no Oriente Médio.
O mercado interno se mostra
"bastante positivo", afirma.
Incertezas
Remanejar a oferta pode não
ser tarefa simples. "Austrália e
Argentina têm restrições de
oferta", afirma José Vicente
Ferraz, diretor técnico da
AgraFNP. Na Austrália, o motivo para isso é a seca. Na Argentina, o controle do governo sobre o volume de embarques. No
Brasil, por causa da redução do
rebanho, o boi tende a encarecer, diz o especialista Fabiano
Tito Rosa, da Scot Consultoria.
Para Cesar Alves, analista da
MB Agro, as projeções dos frigoríficos dependem do volume
de gado atingido pelas restrições européias. Apenas nos
próximos meses o mercado vai
ter idéia dessa quantidade.
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