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Valeo e trabalhadores fecham 1º acordo de redução de jornada e salário em SP
NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São
Paulo perguntou ao microfone,
ontem à tarde, quem era a favor
do acordo de redução de jornada de trabalho e de salário, os
400 empregados da Valeo reunidos no pátio da unidade de
Santo Amaro (zona sul) levantaram a mão. Por unanimidade,
como havia ocorrido na assembleia do turno da manhã, aprovaram a redução de 18,9% da
jornada e de 15% dos salários.
Foi o primeiro acordo do tipo
feito na capital paulista.
Com início em 1º de fevereiro, vale por 90 dias -prorrogáveis por igual período- para todos os 800 trabalhadores e garante estabilidade no emprego
por até 135 dias. Outras duas
unidades da Valeo estão negociando acordos semelhantes.
Antes da votação, os trabalhadores discutiam a proposta
entre si, reunidos no pátio.
"Eles já colocam certa pressão,
a gente não tem opção. Ou redução ou rua", dizia a abastecedora Elisabeth Silva, 25. "Melhor garantir [o emprego] e perder os 15%", afirmava o colega
Ronaldo Brandão, 33.
Carlos Augusto dos Santos,
diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que mediou as negociações com a Valeo, diz que a empresa queria
redução de jornada e de salário
ainda maior, 20%, e garantia de
emprego somente durante os
90 dias de acordo. Segundo
Santos, a empresa tinha uma
"lista pronta de 200 pessoas para mandar embora".
Em outubro, a Valeo acelerou o processo de concessão de
férias regulares, medida que foi
seguida por banco de horas e férias coletivas.
Empresas
Francisco Cuesta, diretor de
Recursos Humanos da empresa, atribui a necessidade da medida à queda do volume de vendas no último trimestre, efeito
da crise nas montadoras. "Não
é que nossa situação seja desesperadora, mas estamos vendendo menos 55% do que em
outubro." Em três meses, diz, a
capacidade deve ser retomada
-não ao nível de outubro, mas
o suficiente para voltar ao regime integral.
Hoje, 2.000 trabalhadores da
MWM Motores e 3.000 da Autopeças Sabó devem se reunir
em assembleia para discutir
propostas de redução de jornada e salário. Neste mês, a Basso
Componentes e a Indebras já
fecharam acordo de suspensão
de contrato de trabalho.
De acordo com o Sindicato
dos Metalúrgicos de São Paulo,
mais de cem empresas já o procuraram neste mês para negociar alternativas às demissões
-como sistema de banco de
horas, férias coletivas, licença-remunerada, suspensão do
contrato e, em último caso, redução de jornada e salário.
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