São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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Valeo e trabalhadores fecham 1º acordo de redução de jornada e salário em SP

NATÁLIA PAIVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo perguntou ao microfone, ontem à tarde, quem era a favor do acordo de redução de jornada de trabalho e de salário, os 400 empregados da Valeo reunidos no pátio da unidade de Santo Amaro (zona sul) levantaram a mão. Por unanimidade, como havia ocorrido na assembleia do turno da manhã, aprovaram a redução de 18,9% da jornada e de 15% dos salários. Foi o primeiro acordo do tipo feito na capital paulista.
Com início em 1º de fevereiro, vale por 90 dias -prorrogáveis por igual período- para todos os 800 trabalhadores e garante estabilidade no emprego por até 135 dias. Outras duas unidades da Valeo estão negociando acordos semelhantes.
Antes da votação, os trabalhadores discutiam a proposta entre si, reunidos no pátio. "Eles já colocam certa pressão, a gente não tem opção. Ou redução ou rua", dizia a abastecedora Elisabeth Silva, 25. "Melhor garantir [o emprego] e perder os 15%", afirmava o colega Ronaldo Brandão, 33.
Carlos Augusto dos Santos, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que mediou as negociações com a Valeo, diz que a empresa queria redução de jornada e de salário ainda maior, 20%, e garantia de emprego somente durante os 90 dias de acordo. Segundo Santos, a empresa tinha uma "lista pronta de 200 pessoas para mandar embora".
Em outubro, a Valeo acelerou o processo de concessão de férias regulares, medida que foi seguida por banco de horas e férias coletivas.

Empresas
Francisco Cuesta, diretor de Recursos Humanos da empresa, atribui a necessidade da medida à queda do volume de vendas no último trimestre, efeito da crise nas montadoras. "Não é que nossa situação seja desesperadora, mas estamos vendendo menos 55% do que em outubro." Em três meses, diz, a capacidade deve ser retomada -não ao nível de outubro, mas o suficiente para voltar ao regime integral.
Hoje, 2.000 trabalhadores da MWM Motores e 3.000 da Autopeças Sabó devem se reunir em assembleia para discutir propostas de redução de jornada e salário. Neste mês, a Basso Componentes e a Indebras já fecharam acordo de suspensão de contrato de trabalho.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, mais de cem empresas já o procuraram neste mês para negociar alternativas às demissões -como sistema de banco de horas, férias coletivas, licença-remunerada, suspensão do contrato e, em último caso, redução de jornada e salário.


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