São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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Fraude de US$ 600 mi leva 6 à prisão na Espanha

Eles teriam forjado depósitos no Brasil para elevar preço de ações de empresa

Banco do Brasil afirma que não teve participação nas fraudes; Santander/ABN diz que não tem elementos para comentar o caso


DA REDAÇÃO

Um grupo de seis pessoas suspeitas de fraude de US$ 600 milhões no mercado financeiro de Londres foi preso ontem na Espanha. Elas são acusadas de inflarem o balanço de uma empresa com falsos depósitos em bancos brasileiro e europeu para elevar o preço das ações da companhia -lucrando com a venda posterior dos papéis.
A suposta fraude teve início em 2003, quando os suspeitos atraíram investidores com falsas promessas sobre os ativos de uma empresa chamada Langbar, uma firma de investimento com sede em Bermudas, segundo a polícia espanhola. Ao começar a ter suas ações negociadas em Bolsa, em 2003, a empresa dizia ter ativos de 219 milhões. Pouco depois, por meio de uma séria de operações financeiras, ela afirmou ter depósitos de cerca de 395 milhões no Banco do Brasil e no ABN Amro, atraindo o interesse de investidores.
Em 2005, o Escritório de Fraudes Graves do Reino Unido passou a investigar o caso e disse que não "conseguiu estabelecer a existência -nem verificar o direito- dos depósitos bancários no ABN Amro e no Banco do Brasil". Segundo ele, os suspeitos divulgaram anúncios na imprensa para gerar interesse nas ações da Langbar e depois venderam os papéis.
Os advogados da Langbar afirmaram que ela foi vítima da "maior fraude já realizada" no mercado alternativo de investimento da Bolsa de Londres. A empresa disse, em seu site, que está "determinada a descobrir exatamente o que aconteceu com os fundos da companhia e a buscar a sua recuperação".
Os seis suspeitos (cinco espanhóis e um argentino) foram presos em Barcelona, Madri e Alicante e, de acordo com o jornal "El País", entre eles está um ex-agente do Mossad (o serviço de inteligência israelense).
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Banco do Brasil disse que não teve participação nas fraudes. Segundo o banco, as investigações envolvem uma suspeita de que algumas pessoas teriam vendido, no mercado britânico, certificados falsos de depósitos que teriam sido feitos no BB sem que ele tivesse efetivamente envolvido na operação. O Santander, que adquiriu as operações do ABN Amro no país, disse não ter elementos para comentar o caso.
Em 2006, representantes do governo britânico se reuniram no Brasil com o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, órgão ligado ao Ministério da Justiça. O objetivo era comprovar se eram falsos os depósitos da Langbar no BB. Segundo a Folha apurou, a cooperação produziu provas importantes para o caso.


Com agências internacionais, a Reportagem Local e a Sucursal de Brasília


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