São Paulo, domingo, 29 de fevereiro de 2004

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BEBIDAS

Em pleno verão, refrigerantes "emergentes" amargam pior resultado em 12 meses; Coca-Cola amplia vendas em R$ 250 milhões

Marcas líderes barram avanço de tubaínas

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Novos dados sobre o mercado nacional de refrigerantes mostram que as chamadas tubaínas perderam o fôlego. Em janeiro, pleno verão, tiveram o pior resultado em participação de mercado dos últimos 12 meses. A líder Coca-Cola, baqueada pela expansão das pequenas empresas no passado, ganhou 2,5 pontos percentuais do mercado, em relação a janeiro do ano passado.
Cada ponto equivale a R$ 100 milhões em vendas e 120 milhões de litros. Os números são de pesquisa da ACNielsen, instituto que estuda o mercado consumidor. Foram repassados às empresas e obtidos pela Folha.
As tubaínas -companhias regionais, que entram no levantamento do mercado como "outras marcas"- eram responsáveis por 32,9% das vendas há um ano. Em janeiro, a taxa caiu para 31,6%. Não é um resultado desprezível. No início de 1999, essas marcas respondiam por menos de 20% das vendas. Com a política de preços baixos e por conta da retração na renda dos consumidores, ganharam espaço: terminaram aquele ano com participação de 27,5% no setor.
O que ocorre agora é que os resultados vêm caindo há quatro meses consecutivos-os 31,6% de participação repetem patamares de venda do ano de 2000. Já as companhias líderes registram um aumento na participação no mesmo período.
O Guaraná Antarctica, da AmBev, tem 8,6% do mercado, ou 0,4% acima do verificado há um ano. Distribuída pela AmBev, a Pepsi, turbinada pela Pepsi Twist, ganhou um ponto percentual em um ano.

Movimentações
Outro termômetro desse mercado é a Coca-Cola Company, dona de várias marcas de refrigerante (como Fanta e Sprite). Ela responde por 50,6% das vendas -a cada dois consumidores que compram a bebida, um leva uma marca da Coca para casa.
A principal bandeira da empresa, a Coca-Cola, estava com 38,6% de participação em janeiro, ou 2,5 pontos além do verificado em janeiro do ano passado.
As mudanças são frutos de movimentações, em parte, definidas pelas empresas líderes. Exemplo: com a concorrência crescente das tubaínas e com a imagem considerada "envelhecida" perante jovens consumidores de 12 a 20 anos (uma parcela responsável por mais de 30% do consumo da bebida no país), a Coca-Cola arregaçou as mangas.
Mudou a cara das campanhas de mídia em 2003, inventou um evento musical, ressuscitou embalagens de vidro e revitalizou as de plástico. Ainda ampliou nos últimos tempos o leque de preços sugeridos da bebida às lojas: de R$ 0,50 a R$ 2,59.
Parte do mercado perdido pelas tubaínas ainda migrou, na visão de analistas da área de consumo, para as marcas Guaraná Antarctica e Pepsi Twist.

Preços agressivos
Alterações no mercado acontecem num momento em que as vendas de refrigerantes encolhem, há migração lenta de consumidores para outros segmentos, como sucos e chás, e os custos das empresas sofrem pressões. Cerca de 60% do custo de fabricação da bebida tem relação com insumos dolarizados.
"Tivemos queda no volume produzido em 2002 [3,3%] e não há fortes expansões no consumo. Esperamos que 2004 consiga repetir o resultado de 2002", disse Cláudia Jeunon, diretora da Abir (Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas não-alcóolicas). Em 2003, foram consumidos 11,5 milhões de litros de refrigerantes no país. Desde 1998, o país não sai desse patamar. Em momentos de vendas retraídas, mudanças no ranking do setor, com ganhos ou perdas de participação, são mais difíceis de acontecer.
Uma política de preços agressiva, com promoções fortes no varejo, ajuda a fazer com que grandes marcas ganhem pontos percentuais nesse mercado.



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