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RECEITA ORTODOXA
Paulo Bernardo, ministro do Planejamento, admite influência de ano eleitoral no aumento das despesas em 2006
Governo quadruplica gasto com investimento
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O calendário eleitoral levou o
governo a um ritmo recorde de
investimentos neste início de ano,
o que ajuda a explicar a queda na
economia de gastos destinada ao
pagamento da dívida pública pela
primeira vez na gestão petista
(leia abaixo).
Segundo o ministro Paulo Bernardo (Planejamento), os investimentos federais somaram R$ 560
milhões até o último dia 17, contra
média de R$ 110 milhões para o
mesmo período entre 2002 e 2005.
O valor deverá chegar aos R$
600 milhões no final do primeiro
trimestre, previu o ministro. "Estamos em ritmo acelerado."
Desde o início da política de superávits primários, em 1999, os
investimentos têm sido os principais sacrificados nos cortes de
gastos públicos.
Não é difícil entender: as demais
despesas principais, caso de pessoal, Previdência, assistência social, saúde e educação, são protegidas por regras constitucionais
que determinam seu aumento a
cada ano.
Resta, portanto, bloquear obras
e outros projetos voltados para a
ampliação da infra-estrutura do
país, que, embora considerados
prioritários, estão na alçada de
decisão do Executivo.
Bernardo admite a influência do
ano eleitoral na aceleração dos investimentos, mas não do interesse
do presidente Lula em ter o que
inaugurar em sua campanha.
O ministro argumenta que, pela
legislação, o governo enfrentará
uma série de restrições à liberação
de verbas a partir de 1º de julho.
Por isso, decidiu-se que o primeiro semestre teria, desta vez, um
volume maior de gastos.
Também se levou em conta, segundo Bernardo, que o Orçamento deste ano teria sua votação
atrasada no Congresso. Por isso, o
governo deixou R$ 13 bilhões em
investimentos do Orçamento de
2005 prontos para serem liberados em 2006.
Sem lei orçamentária, que ainda
não foi aprovada, o governo praticamente só pode fazer os gastos
obrigatórios -novos investimentos ficam proibidos. Permite-se, porém, a execução de gastos
empenhados (já aprovados e encaminhados) em anos anteriores.
A história é mais complexa que
a contada pelo ministro. No ano
passado, ele e seu então colega da
Fazenda, Antonio Palocci Filho,
não conseguiram convencer o
presidente Lula a aprofundar o
superávit primário.
Prevaleceu a opinião da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil),
para quem a meta oficial de 4,25%
do Produto Interno Bruto deveria
ser respeitada -e não ultrapassada, como ocorreu em 2004 e 2005.
Enfraquecida pelo crescimento
modesto de 2,3% registrado no
ano passado, a equipe econômica
teve de aceitar o aumento dos gastos públicos neste ano.
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