São Paulo, sábado, 29 de abril de 2006

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ECONOMIA GLOBAL

Crescimento, anualizado, é puxado por consumo e alta de investimentos; no 4º trimestre, país havia crescido 1,7%

EUA têm expansão de 4,8% no início do ano

VIKAS BAJAJ
DO "NEW YORK TIMES"

A economia norte-americana cresceu ao ritmo mais rápido em mais de dois anos no primeiro trimestre de 2006, afirmou ontem o Departamento do Comércio, em função do consumo e do investimento empresarial vigorosos.
O PIB (Produto Interno Bruto), medida mais ampla da produção nacional, cresceu em ritmo anualizado de 4,8% no primeiro trimestre. A taxa anualizada significa que, se o crescimento nos três próximos trimestres fosse igual ao registrado neste trimestre, esta seria a expansão acumulada ao final dos 12 meses.
Os norte-americanos adquiriram mais computadores, móveis e carros. As empresas investiram mais em edifícios, equipamentos industriais e equipamentos de transporte. Já o governo gastou mais com a defesa nacional.
O crescimento foi diversificado e parece não ter sido prejudicado, pelo menos até o momento, pela alta nas taxas de juros e nos preços da energia.
A expansão robusta da economia poderia levar o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), a aumentar a taxa de juros para evitar pressões inflacionárias. Isso tende a reduzir o consumo das famílias e das empresas.
Os juros mais elevados nos EUA também são prejudiciais aos países emergentes, porque os títulos do país, considerados mais seguros, se tornam mais atrativos. Com isso, os investidores podem tirar dinheiro de emergentes, onde os títulos têm risco maior.

Preços
Um indicador muito importante de inflação no consumo pessoal, acompanhado de perto pelo Fed, cresceu em ritmo anualizado de 2% no primeiro trimestre, ante 2,4% no quarto trimestre de 2005. Um índice de preços mais amplo, vinculado ao PIB, cresceu em 3,3%, ante marca de 3,5% no trimestre anterior.
"A economia claramente ainda traz bom ímpeto, com pequenas indicações de risco inflacionário como pano de fundo", disse Ethan Harris, economista-chefe do Lehman Brothers.
O presidente Bush declarou que o relatório indicava que o país estava "na pista expressa" e pediu que o Congresso tornasse permanentes os cortes de impostos que ele aprovou provisoriamente em seu primeiro mandato.
O crescimento econômico ficou ligeiramente abaixo dos 4,9% previstos pelos analistas, de acordo com pesquisa da Bloomberg News, mas foi muito mais forte do que o 1,7% registrado no quarto trimestre do ano passado.
Alguns economistas afirmam que ao menos parte do crescimento do primeiro trimestre provavelmente reflete uma recuperação do atraso sofrido no final de 2005 como conseqüência dos furacões Katrina e Rita.
Mas a expectativa é que o crescimento se reduza à medida que o atraso for recuperado e os preços mais elevados da gasolina comecem a afetar os consumidores e as empresas.
A maior parte do crescimento foi gerada via consumo. Os gastos dos consumidores cresceram 5,5%, depois de elevação de 0,9% no quarto trimestre. O investimento em construção, equipamentos e software, que subiu 6,5%, é responsável por boa parte do crescimento restante.
Os analistas dizem que a disposição das empresas em investir parte maior dos lucros crescentes para ampliar capacidade e contratar representa um importante ponto de inflexão, porque a expansão vinha sendo alimentada em larga medida pelo consumo.
"Temos um setor empresarial muito saudável que começa gradualmente a emergir de sua hibernação", disse Harris.
A maior incerteza para a economia dos Estados Unidos continua a ser a saúde financeira dos consumidores. A alta nas taxas de juros poderia desestimular o consumo. Os preços mais elevados da energia também podem limitar o gasto em outros bens e serviços.


Tradução de Paulo Migliacci


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