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ECONOMIA GLOBAL
Crescimento, anualizado, é puxado por consumo e alta de investimentos; no 4º trimestre, país havia crescido 1,7%
EUA têm expansão de 4,8% no início do ano
VIKAS BAJAJ
DO "NEW YORK TIMES"
A economia norte-americana
cresceu ao ritmo mais rápido em
mais de dois anos no primeiro trimestre de 2006, afirmou ontem o
Departamento do Comércio, em
função do consumo e do investimento empresarial vigorosos.
O PIB (Produto Interno Bruto),
medida mais ampla da produção
nacional, cresceu em ritmo anualizado de 4,8% no primeiro trimestre. A taxa anualizada significa que, se o crescimento nos três
próximos trimestres fosse igual
ao registrado neste trimestre, esta
seria a expansão acumulada ao final dos 12 meses.
Os norte-americanos adquiriram mais computadores, móveis
e carros. As empresas investiram
mais em edifícios, equipamentos
industriais e equipamentos de
transporte. Já o governo gastou
mais com a defesa nacional.
O crescimento foi diversificado
e parece não ter sido prejudicado,
pelo menos até o momento, pela
alta nas taxas de juros e nos preços da energia.
A expansão robusta da economia poderia levar o Fed (Federal
Reserve, o banco central dos
EUA), a aumentar a taxa de juros
para evitar pressões inflacionárias. Isso tende a reduzir o consumo das famílias e das empresas.
Os juros mais elevados nos EUA
também são prejudiciais aos países emergentes, porque os títulos
do país, considerados mais seguros, se tornam mais atrativos.
Com isso, os investidores podem
tirar dinheiro de emergentes, onde os títulos têm risco maior.
Preços
Um indicador muito importante de inflação no consumo pessoal, acompanhado de perto pelo
Fed, cresceu em ritmo anualizado
de 2% no primeiro trimestre, ante
2,4% no quarto trimestre de 2005.
Um índice de preços mais amplo,
vinculado ao PIB, cresceu em
3,3%, ante marca de 3,5% no trimestre anterior.
"A economia claramente ainda
traz bom ímpeto, com pequenas
indicações de risco inflacionário
como pano de fundo", disse
Ethan Harris, economista-chefe
do Lehman Brothers.
O presidente Bush declarou que
o relatório indicava que o país estava "na pista expressa" e pediu
que o Congresso tornasse permanentes os cortes de impostos que
ele aprovou provisoriamente em
seu primeiro mandato.
O crescimento econômico ficou
ligeiramente abaixo dos 4,9% previstos pelos analistas, de acordo
com pesquisa da Bloomberg
News, mas foi muito mais forte do
que o 1,7% registrado no quarto
trimestre do ano passado.
Alguns economistas afirmam
que ao menos parte do crescimento do primeiro trimestre provavelmente reflete uma recuperação do atraso sofrido no final de
2005 como conseqüência dos furacões Katrina e Rita.
Mas a expectativa é que o crescimento se reduza à medida que o
atraso for recuperado e os preços
mais elevados da gasolina comecem a afetar os consumidores e as
empresas.
A maior parte do crescimento
foi gerada via consumo. Os gastos
dos consumidores cresceram
5,5%, depois de elevação de 0,9%
no quarto trimestre. O investimento em construção, equipamentos e software, que subiu
6,5%, é responsável por boa parte
do crescimento restante.
Os analistas dizem que a disposição das empresas em investir
parte maior dos lucros crescentes
para ampliar capacidade e contratar representa um importante
ponto de inflexão, porque a expansão vinha sendo alimentada
em larga medida pelo consumo.
"Temos um setor empresarial
muito saudável que começa gradualmente a emergir de sua hibernação", disse Harris.
A maior incerteza para a economia dos Estados Unidos continua
a ser a saúde financeira dos consumidores. A alta nas taxas de juros poderia desestimular o consumo. Os preços mais elevados da
energia também podem limitar o
gasto em outros bens e serviços.
Tradução de Paulo Migliacci
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