São Paulo, sábado, 29 de abril de 2006

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COMBUSTÍVEL

Recuo do hidratado é de 13% em uma semana; na bomba, diminuição não ocorre na mesma proporção em SP

Álcool tem maior queda na usina em 2 anos

ALESSANDRA KIANEK
DA REDAÇÃO

Com a antecipação da safra de cana e o aumento da oferta, os preços do álcool nas usinas paulistas registraram forte queda nesta semana. O hidratado (que sai da bomba direto para o tanque do carro) caiu 13,1%. Já o anidro (que é adicionado à gasolina) teve queda de 12,1%. Essas reduções são as maiores desde fevereiro de 2004.
Segundo pesquisa feita pelo Cepea, da Esalq-USP, o álcool hidratado foi vendido a R$ 0,9059 o litro, sem impostos. O anidro caiu para R$ 1,0412, sem impostos. Mirian Bacchi, pesquisadora do Cepea, atribui a queda exclusivamente ao aumento da oferta.
Nos postos da cidade de São Paulo, o álcool começa a ficar mais barato, mas não na mesma proporção. Nos últimos 15 dias, o preço acumula queda de 5,6% na bomba, segundo pesquisa feita pela Folha em 46 postos.
Já a pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo) da semana passada mostrou que o álcool ainda cai lentamente. O litro caiu, em média, apenas 0,75% no país.
Para Hélio Fiorin, diretor do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), a culpa de os preços não caírem nos postos é das grandes distribuidoras, que não estariam repassando a queda das usinas. "Na hora em que as grandes distribuidoras começarem a baixar o preço, o álcool começará a cair na bomba."
Dietmar Schupp, diretor do Sindicom (sindicato nacional das distribuidoras), atribui a demora de os preços caírem para o consumidor ao grande volume de combustível ainda em estoque.
Segundo Schupp, a pedido do governo para garantir o abastecimento no país, as distribuidoras fizeram grandes compras a preços antigos e ainda têm estoques de álcool a preços altos.
Ele acrescenta que já na próxima pesquisa da ANP os preços devem apresentar queda de mais de 5%, devido à diminuição dos estoques e à concorrência.
Um proprietário de posto da região central da cidade de São Paulo, que não quis se identificar, disse à Folha que as distribuidoras não repassam a queda do álcool na usina para os postos. Para o proprietário, quem está lucrando com essa situação são os usineiros e as distribuidoras.


Colaborou Karla Domingues, da Reportagem Local

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