São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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Mudanças beneficiam cortador, dizem usineiros

Entidade aponta fim da terceirização e ganhos de produtividade como avanços

Associação das indústrias afirma também que ainda não ficou provado que causa de mortes no campo tenha sido o excesso de trabalho

DA REDAÇÃO

A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), entidade que reúne as indústrias do setor, diz que as empresas estão imprimindo várias mudanças que beneficiam os cortadores de cana. Uma das principais, segundo o diretor-técnico da entidade, Antonio de Pádua Rodrigues, foi a adoção do fim da terceirização, medida que já atinge a maioria das empresas.
Atualmente, muitos trabalhadores chegam ao fim de carreira sem direito à aposentadoria. Com o fim da terceirização, os trabalhadores do setor passam a ser contratados pelas usinas. Além de assistência médica, devem ter, inclusive, acompanhamento das usinas tanto na ida como na volta para os seus locais de origem.
O diretor-técnico destaca que a Unica fez acordos com associações de produtores para dar maior transparência à produção, além de melhorar a situação de transporte. Pelos cálculos dele, os cortadores de cana no Estado de São Paulo devem estar por volta de 170 mil.
Quanto ao esforço físico, suposta causa das mortes de trabalhadores na colheita e no plantio, Pádua diz que não há nenhum estudo com comprovação científica sobre isso. Sobre a produtividade dos trabalhadores, o diretor-técnico diz que ela vem crescendo devido a mudanças no sistema de colheita. Com a queima da cana, a produtividade é bem maior e, apesar dos picos de produção de alguns trabalhadores, a média de produção do setor é de 8 toneladas por dia, o que garante um salário médio de R$ 800 por mês.
O piso de pagamento aos trabalhadores é o correspondente a 6 toneladas, o que dá uma remuneração de R$ 415 por mês. Pádua afirma que, incluídos os benefícios indiretos, como férias e folgas, a remuneração dos trabalhadores chega a R$ 5,00 por tonelada.
O diretor-técnico da Unica destaca que estudos importantes, como do Banco Mundial e do Instituto de Economia Agrícola, órgão da secretaria paulista de Agricultura, ressaltam os avanços sociais no setor, como a alta do número de carteiras assinadas. Em 1982, 18% dos trabalhadores não tinham carteira assinada. Na safra 2005/6, esse percentual caiu para 6%, destaca o diretor da Unica.
Quanto à concentração da produção, Pádua diz que esse será um caminho natural. As novas características de produção vão dar cada vez menos espaço para os pequenos produtores, ao menos que se reúnam em grupo. O processo de mecanização vai acelerar esse processo de concentração, diz ele.
(MAURO ZAFALON)


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