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Mudanças beneficiam cortador, dizem usineiros
Entidade aponta fim da terceirização e ganhos de produtividade como avanços
Associação das indústrias afirma também que ainda não ficou provado que causa de mortes no campo tenha sido o excesso de trabalho
DA REDAÇÃO
A Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar), entidade
que reúne as indústrias do setor, diz que as empresas estão
imprimindo várias mudanças
que beneficiam os cortadores
de cana. Uma das principais, segundo o diretor-técnico da entidade, Antonio de Pádua Rodrigues, foi a adoção do fim da
terceirização, medida que já
atinge a maioria das empresas.
Atualmente, muitos trabalhadores chegam ao fim de carreira sem direito à aposentadoria. Com o fim da terceirização,
os trabalhadores do setor passam a ser contratados pelas usinas. Além de assistência médica, devem ter, inclusive, acompanhamento das usinas tanto
na ida como na volta para os
seus locais de origem.
O diretor-técnico destaca
que a Unica fez acordos com associações de produtores para
dar maior transparência à produção, além de melhorar a situação de transporte. Pelos cálculos dele, os cortadores de cana no Estado de São Paulo devem estar por volta de 170 mil.
Quanto ao esforço físico, suposta causa das mortes de trabalhadores na colheita e no
plantio, Pádua diz que não há
nenhum estudo com comprovação científica sobre isso. Sobre a produtividade dos trabalhadores, o diretor-técnico diz
que ela vem crescendo devido a
mudanças no sistema de colheita. Com a queima da cana, a
produtividade é bem maior e,
apesar dos picos de produção
de alguns trabalhadores, a média de produção do setor é de 8
toneladas por dia, o que garante
um salário médio de R$ 800
por mês.
O piso de pagamento aos trabalhadores é o correspondente
a 6 toneladas, o que dá uma remuneração de R$ 415 por mês.
Pádua afirma que, incluídos os
benefícios indiretos, como férias e folgas, a remuneração dos
trabalhadores chega a R$ 5,00
por tonelada.
O diretor-técnico da Unica
destaca que estudos importantes, como do Banco Mundial e
do Instituto de Economia Agrícola, órgão da secretaria paulista de Agricultura, ressaltam os
avanços sociais no setor, como
a alta do número de carteiras
assinadas. Em 1982, 18% dos
trabalhadores não tinham carteira assinada. Na safra 2005/6,
esse percentual caiu para 6%,
destaca o diretor da Unica.
Quanto à concentração da
produção, Pádua diz que esse
será um caminho natural. As
novas características de produção vão dar cada vez menos espaço para os pequenos produtores, ao menos que se reúnam
em grupo. O processo de mecanização vai acelerar esse processo de concentração, diz ele.
(MAURO ZAFALON)
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