São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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JORGE GERDAU JOHANNPETER

Educação: pacto pela qualidade


Não podemos permitir que as iniciativas lançadas fiquem no papel, colocando em risco o futuro de crianças e jovens

PELA PRIMEIRA vez no Brasil, dois grandes movimentos integram esforços para melhorar a qualidade do ensino básico, reunindo iniciativa privada, governo, educadores, sindicatos e entidades do terceiro setor. Cada vez mais se percebe a cruel relação entre escolaridade, desigualdade social e crescimento econômico.
O Compromisso Todos pela Educação, lançado em 2006, é a consolidação dessa angústia da sociedade, resultado da atuação histórica pouco eficaz do Estado. O movimento acredita que um país só poderá ser independente quando suas crianças e jovens tiverem acesso a um ensino de qualidade. Foram propostas metas concretas na área da educação, a serem alcançadas até 2022.
Recentemente, também foi lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), liderado pelo ministro Fernando Haddad, para enfrentar problemas estruturais do sistema educacional -crianças que estudam e não aprendem, professores com níveis limitados de capacitação, infra-estrutura precária e incapacidade na gestão das escolas.
As duas iniciativas têm objetivos comuns e exigem trabalhos coordenados. Ambas também estimulam a utilização de práticas de gestão, incluindo a análise dos resultados obtidos e o reconhecimento das escolas que cumprirem as metas estabelecidas pelo governo. É dessa forma que se conseguirá analisar a atual situação em detalhes, mensurar o tamanho real das deficiências e estabelecer as medidas a serem tomadas. Mas também é preciso ter coragem para romper com estruturas burocráticas históricas e práticas inadequadas baseadas, por exemplo, em critérios políticos em vez de técnicos, que afetam a saúde do sistema educacional. A reversão desse quadro também requer o envolvimento da comunidade -como no acompanhamento do rendimento dos alunos pelos pais-, num movimento de pressão positiva pela evolução da qualidade do ensino. É preciso exigir mais para ter resultados melhores.
A valorização dos professores é fundamental, e a recente definição de um piso salarial para a classe significa avanço importante. Mas o pagamento desse valor deveria ser condicionado à comprovação de patamar mínimo de conhecimento e capacitação. Assim, a remuneração cresceria de acordo com os níveis de educação dos profissionais, como ocorre na iniciativa privada. Sistemas que reconhecem, valorizam e premiam professores farão com que eles se dediquem ainda mais.
Nós, lideranças empresariais, sindicais, acadêmicas e políticas, precisamos nos mobilizar e priorizar os investimentos em educação. Não podemos permitir que as iniciativas lançadas fiquem no papel, sob risco de condenarmos o futuro de crianças e jovens pela baixa qualidade do ensino. Isso significaria também consentir em uma situação inaceitável -condenar o Brasil ao baixo crescimento e ao aumento da desigualdade social nas próximas décadas, o que atinge a todos. Todos nós devemos ser absolutamente exigentes, ambiciosos e intransigentes para que todos os brasileiros tenham uma educação de classe mundial.


JORGE GERDAU JOHANNPETER , 70, é presidente do conselho de administração do grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.

jorge.gerdau@gerdau.com.br


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