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JORGE GERDAU JOHANNPETER
Educação: pacto pela qualidade
Não podemos permitir que as iniciativas lançadas fiquem no papel, colocando em risco o futuro de crianças e jovens
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PELA PRIMEIRA vez no Brasil,
dois grandes movimentos integram esforços para melhorar a qualidade do ensino básico,
reunindo iniciativa privada, governo, educadores, sindicatos e entidades do terceiro setor. Cada vez mais se percebe a cruel relação entre escolaridade, desigualdade social e
crescimento econômico.
O Compromisso Todos pela Educação, lançado em 2006, é a consolidação dessa angústia da sociedade,
resultado da atuação histórica pouco eficaz do Estado. O movimento
acredita que um país só poderá ser
independente quando suas crianças
e jovens tiverem acesso a um ensino
de qualidade. Foram propostas metas concretas na área da educação, a
serem alcançadas até 2022.
Recentemente, também foi lançado o Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE), liderado pelo ministro Fernando Haddad, para enfrentar problemas estruturais do
sistema educacional -crianças que
estudam e não aprendem, professores com níveis limitados de capacitação, infra-estrutura precária e incapacidade na gestão das escolas.
As duas iniciativas têm objetivos
comuns e exigem trabalhos coordenados. Ambas também estimulam a
utilização de práticas de gestão, incluindo a análise dos resultados obtidos e o reconhecimento das escolas que cumprirem as metas estabelecidas pelo governo. É dessa forma
que se conseguirá analisar a atual situação em detalhes, mensurar o tamanho real das deficiências e estabelecer as medidas a serem tomadas. Mas também é preciso ter coragem para romper com estruturas
burocráticas históricas e práticas
inadequadas baseadas, por exemplo,
em critérios políticos em vez de técnicos, que afetam a saúde do sistema
educacional. A reversão desse quadro também requer o envolvimento
da comunidade -como no acompanhamento do rendimento dos alunos pelos pais-, num movimento
de pressão positiva pela evolução da
qualidade do ensino. É preciso exigir
mais para ter resultados melhores.
A valorização dos professores é
fundamental, e a recente definição
de um piso salarial para a classe significa avanço importante. Mas o pagamento desse valor deveria ser
condicionado à comprovação de patamar mínimo de conhecimento e
capacitação. Assim, a remuneração
cresceria de acordo com os níveis de
educação dos profissionais, como
ocorre na iniciativa privada. Sistemas que reconhecem, valorizam e
premiam professores farão com que
eles se dediquem ainda mais.
Nós, lideranças empresariais, sindicais, acadêmicas e políticas, precisamos nos mobilizar e priorizar os
investimentos em educação. Não
podemos permitir que as iniciativas
lançadas fiquem no papel, sob risco
de condenarmos o futuro de crianças e jovens pela baixa qualidade do
ensino. Isso significaria também
consentir em uma situação inaceitável -condenar o Brasil ao baixo
crescimento e ao aumento da desigualdade social nas próximas décadas, o que atinge a todos. Todos nós
devemos ser absolutamente exigentes, ambiciosos e intransigentes para que todos os brasileiros tenham
uma educação de classe mundial.
JORGE GERDAU JOHANNPETER , 70, é presidente do conselho de administração do grupo Gerdau, presidente fundador do Movimento Brasil Competitivo (MBC) e coordenador da Ação Empresarial.
jorge.gerdau@gerdau.com.br
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