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Investimento estrangeiro avança 34%
Entrada de capital externo soma US$ 8,8 bi no primeiro trimestre, recorde para o período; BC prevê US$ 32 bi no ano
Setor financeiro foi o que mais recebeu recursos do exterior; metalúrgicas e montadoras de veículos vêm na seqüência
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do cenário de incertezas no mercado internacional,
o fluxo de investimento estrangeiro direto para o Brasil observado até agora já supera os valores registrados no início de
2007. Entre janeiro e março
deste ano, de acordo com o
Banco Central, o ingresso de
capital externo somou US$
8,799 bilhões, 34% a mais do
que no primeiro trimestre de
2007 e recorde para o período.
Neste mês, segundo dados
parciais fechados ontem, o resultado também é positivo e está acumulado em US$ 3,6 bilhões. A projeção do BC é que o
valor fechado deste ano seja de
US$ 32 bilhões, que, se confirmado, ficará um pouco abaixo
dos US$ 34,6 bilhões de 2007.
No primeiro trimestre, o setor financeiro foi o que mais recebeu investimentos estrangeiros, ficando com 15,4% do total.
Empresas metalúrgicas e montadoras de veículos responderam por 10,3% e 7,2%, respectivamente, do valor investido no
Brasil por multinacionais.
Para a economista Adriana
Dupita, da LCA Consultores, a
perspectiva de altos ganhos é o
fator que tem sido decisivo na
atração de investimentos. "O
Brasil ainda oferece retornos
altos. Alguns setores oferecem
margens de lucro que não se
consegue em outros lugares."
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Alltamir Lopes, ressalta que os setores que
mais têm recebido investimentos estrangeiros estão entre os
que mais sofrem com o desaquecimento da economia americana. As instituições financeiras, por exemplo, têm tido perdas bilionárias com a crise no
setor imobiliário nos EUA.
Além disso, ele afirma que a
crise americana também tem
influenciado no envio de lucros
ao exterior feitos por multinacionais instaladas no Brasil,
que em março atingiu nível recorde. "São setores que enfrentam dificuldades lá fora. Essas
remessas podem servir para
compensar essas dificuldades."
Mas não foram apenas os investimentos diretos que continuam em patamares elevados.
As aplicações financeiras, que
têm como principal destino os
títulos emitidos pelo governo,
também se mantêm em alta,
apesar da recente iniciativa do
Ministério da Fazenda para
conter esse fluxo de dólares.
Desde 17 de março, investidores estrangeiros que aplicam
em títulos públicos -cuja rentabilidade acompanha os movimentos da taxa Selic, hoje em
11,75% ao ano- passaram a pagar uma alíquota mais alta de
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras). O objetivo era,
justamente, diminuir a procura
desses investidores por papéis
do governo, reduzindo também, por conseqüência, o fluxo
de dólares para o Brasil.
Os números do BC mostram,
porém, que por enquanto a medida teve pouco efeito. Ao longo
de todo o mês passado, as aplicações de estrangeiros em títulos de renda fixa somaram US$
4,276 bilhões, 22% a mais do
que em março do ano passado e
acima dos US$ 3,036 bilhões de
fevereiro último.
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