São Paulo, quarta-feira, 29 de abril de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Ação da Petrobras revolta a indústria

A notícia divulgada ontem pela Folha do aumento de 14% no preço do óleo combustível concedido pela Petrobras deixou a indústria revoltada. O óleo combustível é usado principalmente para abastecer caldeiras e fornos industriais e é o insumo concorrente do gás.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, pediu ontem mesmo uma audiência ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para tratar do assunto. Hoje, dois diretores da Fiesp, Nelson Pereira dos Reis (da indústria química) e Benedito Ferreira (fertilizantes), vão estar com Lobão e irão reclamar do aumento.
O que a indústria argumenta é que a Petrobras, ao aumentar o preço do óleo combustível, está querendo influenciar o consumo e o preço do gás, que é também bastante usado para abastecer a indústria.
Em razão da crise e da queda de preço do óleo combustível, o consumo de gás caiu quase 40% nos últimos 12 meses. O preço também recuou na mesma proporção.
Como a Petrobras detém o monopólio da produção, da importação e da comercialização de gás, a estatal tem interesse em aumentar o consumo e o preço do produto. O preço baixo do óleo combustível era um impeditivo para isso.
Os empresários consideram um absurdo a Petrobras usar o óleo combustível para manipular o preço do gás, já que a estatal detém na prática o monopólio dos dois produtos. O problema é que a principal consequência dessa decisão de reajustar o preço do combustível deverá ser certamente o aumento do preço do gás em um momento em que há sobra do produto.
"Essa decisão da Petrobras só vai agravar a queda da atividade e aumentar o desemprego", diz Carlos Cavalcanti, diretor de Infraestrutura da Fiesp.
O mais curioso é que a Petrobras tentou encobrir durante quase todo o dia de ontem a notícia do aumento no preço do óleo combustível. Paulo Roberto Costa, diretor da estatal, chegou a negar a notícia em entrevista coletiva no Rio ontem de manhã.
No início da noite de ontem, no entanto, a assessoria de imprensa da Petrobras confirmou à Folha a informação do aumento de cerca de 14% no preço do óleo combustível.

"Essa decisão da Petrobras [de aumento do preço do óleo combustível] só vai agravar a queda da atividade e aumentar o desemprego"
CARLOS CAVALCANTI
diretor de infraestrutura da Fiesp

Inflação deve segurar ritmo do corte de juro do Copom

O Copom dará continuidade ao ciclo de queda no juro na reunião de hoje, mas em um ritmo menor que o corte de 1,5 ponto percentual feito pelo órgão em março, embora essa opção não esteja totalmente descartada. O motivo é que a inflação voltou ao radar de preocupação da autoridade monetária. Essa é a opinião de Octavio de Barros, diretor de Pesquisas Econômicas do Bradesco.
Para Barros, o Copom reduzirá hoje a Selic em um ponto percentual -para 10,25% ao ano. O corte menor que o de março se justifica pelo retorno da inflação como um fator de preocupação para o órgão.
"Diante dos sinais de recuperação [da economia], a inflação volta ao radar, não no sentido de ser uma ameaça imediata, mas sim como fator potencial e latente de preocupação, olhando bem para a frente."
Segundo o economista, dados recentes, como o resultado do comércio e da indústria, sinalizam que efetivamente o pior momento da crise já passou e que há um movimento de recuperação se iniciando.
Esse restabelecimento da economia, somado à persistência da elevação dos preços de serviços, pressiona a inflação, de acordo com Barros. "Agora, as incertezas em relação à atividade econômica doméstica coexistem com as relacionadas aos impactos da recuperação na margem sobre a inflação."
A recuperação da atividade e os incentivos fiscais e tributários não vão impedir a desaceleração da economia brasileira neste ano, afirma Barros.
Para ele, esses sinais vão surtir efeito cumulativo no final do ano. Barros estima que o país estará crescendo em um ritmo anualizado e dessazonalizado de 4% no fim deste ano. E esse raciocínio será considerado na decisão do Copom sobre o corte dos juros de hoje, segundo ele.

VIP
O diretores da empresa Elysiants Arthur de Groot e Ronald de la Fuente-Saez estão em São Paulo para preparar o lançamento no Brasil, em maio, da Elysiants.com, uma rede de relacionamentos, como o Orkut, mas com foco no público do consumo de luxo. Trata-se de uma comunidade on-line, exclusiva para convidados, que podem trocar informações e receber convites, privilégios e tratamento VIP de marcas de luxo selecionadas. Farão parte empresários, presidentes de empresas e celebridades. São Paulo vai abrir as operações da Elysiants na América. A rede já foi lançada em Hong Kong, Curaçao e Dubai e planeja entrar em Miami, Abu Dhabi, Istambul, Punta del Este e Xangai.

CADEIRAS
Acontecem hoje as eleições da Abap (associação de agências de publicidade), que reúne 250 agências. Luiz Lara será eleito presidente nacional, e Dalton Pastore, que por seis anos comandou a entidade, assume a presidência do Conselho Superior, que será composto por nomes como Alexandre Gama, Eduardo Fischer, Nizan Guanaes e outros.

VALIOSAS
A Millward Brown Brasil apresenta hoje o quarto ranking BrandZ, que elege as cem marcas mais valiosas do mundo. A lista coloca o Google como marca mais bem posicionada, avaliada em US$ 100 bilhões, seguido pela Microsoft , com US$ 76,2 bilhões, e Coca-Cola, valendo US$ 67,6 bilhões. O valor representado pelas cem marcas chega a US$ 1,95 trilhão.

NA TAÇA
Daniel Salton, 55, será o novo diretor-presidente da Vinícola Salton e o novo presidente do Conselho Administrativo da empresa. Daniel sucede o ex-presidente Ângelo Salton Neto, que morreu em fevereiro e ocupou durante 28 anos a liderança da vinícola.

ON-LINE
Entra no ar, amanhã, um site sobre o FGTS. No espaço destinado aos trabalhadores, haverá informações do novo fundo de investimento do FGTS e outros. O endereço www.fgts.gov.br também poderá ser acessado por meio do site da Caixa (www.caixa.gov.br).

AUTORAL
Em 2008, o site do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) registrou 450 mil acessos no Brasil e no exterior. Os serviços mais solicitados foram a simulação de cálculo do direito autoral, com 58 mil acessos, e a impressão da 2ª via do boleto de cobrança, com quase 22 mil acessos.

LIÇÃO
A Apex investirá R$ 10 milhões em projeto para capacitar todos os Estados brasileiros para atrair investimentos estrangeiros, em parceria com o Banco Mundial. O trabalho começa em maio, com Minas Gerais, Pará, Bahia e Pernambuco. Os outros passarão pelo programa em 2010. O projeto aborda recursos humanos, comunicação e outros.

FLORES
As safras de flores de áreas como Holambra, em SP, regiões do Ceará e sul de Minas devem contribuir para que as vendas cresçam 40% nas lojas do Pão de Açúcar em maio. Na sexta-feira anterior ao Dia das Mães, é verificado um volume de vendas 7 vezes maior, no sábado, 10, e no domingo, 12.

BRASIL AFORA
Alessandro Teixeira, presidente da Apex, afirma que a parceria com o Banco Mundial no Brasil é inédita. "O Banco Mundial já capacitou algumas regiões da China para receber investimentos, mas nunca um país inteiro, como vai ser feito aqui." Teixeira diz que atualmente vários Estados brasileiros não estão capacitados para receber investidores.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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