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Justiça manda elevar tarifa de energia em PE
Decisão é para que Aneel transforme redução em reajuste no Estado; acusada de atender políticos, agência diz que vai recorrer
Para a Justiça, redução da tarifa visava atender aos interesses políticos locais; queda de 4,42% para casas passou para alta de 3,64%
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em processo conturbado, a
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) foi acusada de
estar a serviço de interesses políticos locais quando determinou a redução da tarifa de energia elétrica em Pernambuco e
foi forçada, pela Justiça, a rever
sua posição.
Ontem, cumprindo decisão
liminar de primeira instância, a
agência reguladora transformou a redução de 4,42% para
os consumidores residenciais
da Celpe (Companhia Energética de Pernambuco) em aumento de 3,64%, válido a partir
de hoje. Para a indústria, o aumento máximo, que era de
7,89%, passou para 12,2%. A
agência vai recorrer.
A Justiça entendeu que "a diretoria da Aneel, sem maiores
fundamentos rompe com as relações público-privadas". De
acordo com a decisão do juiz
substituto da 9ª Vara Federal,
Alaor Piacini, "não se pode,
com fundamento em interesse
político local, de forma unilateral romper-se com o ato jurídico perfeito". O Estado é governado por Eduardo Campos, do
PSB, partido que compõe a base
do governo Lula.
Com 2,8 milhões de clientes,
a Celpe atende 186 municípios.
No ano passado, a empresa
construiu 134 quilômetros de
linhas de transmissão, 245 quilômetros de alimentadores,
740 quilômetros de redes de
distribuição e eletrificou 21 mil
propriedades rurais.
A ação que levou à concessão
da liminar foi movida pela Celpe (empresa privada do grupo
Neoenergia). A distribuidora
argumentou que, em 2004,
houve um parcelamento de
custos não repassados integralmente à tarifa que não foi honrado pela agência neste ano, no
processo que resultou em queda de tarifa.
A decisão não agradou à diretoria da agência e causou constrangimento. "A situação atual
é o pior dos mundos. A empresa
diz que a gente está aqui em defesa de interesses políticos locais. Não sei aonde vamos chegar nisso aí. Nesses três anos,
nunca me senti tão mal", disse
o diretor Edvaldo Santana, durante a reunião pública na qual
a tarifa foi revista.
Relação ruim
O diretor-geral da Aneel,
Nelson Hubner, afirmou que
não há perda para a Celpe.
"Neste momento, ter esse impacto financeiro sobre a tarifa
da Celpe seria complicado",
disse. Segundo ele, que participou de audiências públicas para discutir o reajuste das tarifas, a relação política da empresa com os clientes em Pernambuco está ruim. "Com esse clima todo colocado, achamos
que a decisão mais correta da
agência seria evitar um pouco
esse impacto", disse.
Ainda de acordo com Hubner, a Aneel tentará, a partir de
agora, evitar grandes oscilações, para que o consumidor
não seja beneficiado em um
ano com uma forte redução e
perca tudo no ano seguinte.
"Em termos de política tarifária, temos de evitar oscilações
grandes", disse.
Em 2005, a agência reguladora teve de fazer exatamente o
contrário, também movida pela
Justiça, que, na ocasião, foi
acionada pelo Ministério Público de Pernambuco. Naquele
ano, a Aneel teve de reduzir as
tarifas. O ponto polêmico era, e
continua sendo, a energia termelétrica cara comprada pela
Celpe de uma usina do mesmo
grupo econômico.
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