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Usineiros ampliam contratações no 2º mandato de Lula
Entre janeiro e abril deste ano, número de trabalhadores empregados com registro mais que dobrou em relação a 2003
Na produção de álcool, as 20,9 mil admissões de 2003 cresceram para 44,4 mil em 2007; nas usinas de açúcar, de 49,8 mil para 104,6 mil
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os usineiros, "heróis" do presidente Lula, estão contratando mais no início do segundo
mandato petista. De janeiro a
abril deste ano, mais do que dobrou o número de trabalhadores admitidos formalmente para atuar na produção de álcool
em comparação com o mesmo
período de 2003.
Em todo o país, houve avanços também nas contratações
em usinas de açúcar e nas fazendas destinadas ao cultivo da
cana-de-açúcar, sintomas,
principalmente, do incentivo
federal à produção de veículos
capazes de rodar com álcool e
gasolina, além da recente parceria do Brasil com os Estados
Unidos em torno do etanol.
Na produção de álcool, por
exemplo, as 20,9 mil admissões
entre janeiro e abril de 2003,
primeiro ano do governo Lula,
saltaram para 44,4 mil em
2007, com avanço de 112%.
Em São Paulo, líder na oferta
de cana no país, o avanço no
mesmo período é ainda mais visível -de 4.829 em 2003 para
16,5 mil em 2007, ou 241%.
Já nas usinas de açúcar, as
admissões cresceram 110% entre os primeiros quadrimestres
de 2003 e 2007, saltando de
49,8 mil para 104,6 mil.
Levantamento feito pela Folha com base em dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, revela
também aumento no número
de contratações formais em fazendas destinadas à monocultura da cana-de-açúcar.
No primeiro quadrimestre
deste ano, 156,3 mil lavradores
foram contratados formalmente para atuar no cultivo da cana-de-açúcar, um crescimento
de 77% diante do mesmo período de 2003. Em São Paulo, o
avanço foi de 70%.
Nos últimos dez anos, o período entre janeiro e abril concentra 45% das contratações
formais (com carteira assinada) no ano para o cultivo da cana-de-açúcar no país, prática
que envolve a preparação do
solo, o plantio e o corte.
Essa sazonalidade no setor,
estimulada pelo período de entressafra, aparece no balanço
de abril do Caged. De um total
de 301,9 mil empregos formais
criados no país, 26% (79.971)
estão relacionados ao setor sucroalcooleiro (cultivo de cana,
usinas de açúcar e de álcool).
Estabilidade
A expectativa no setor sucroalcooleiro é que esse boom
de contratações permita a estabilidade dos empregos formais.
No geral, a cada ano, o avanço
das admissões tem ficado apenas um pouco acima das dispensas, impedindo a expansão
de novos empregos no setor.
"A informalidade no cultivo
da cana tem diminuído por
conta da fiscalização do Ministério do Trabalho. Agora, os
trabalhadores têm sido contratados de forma fixa, com mais
estabilidade", afirma o sindicalista e ex-cortador de cana Aparecido Bispo de Andrade, 34,
secretário-geral da Feraesp
(Federação dos Empregados
Rurais Assalariados do Estado
de São Paulo).
É comum a contratação informal de bóias-frias apenas
para o corte da cana, trabalho
exaustivo e que, em alguns casos, leva à morte em serviço.
Segundo a Unica (União da
Indústria de Cana-de-Açúcar),
o Brasil tem hoje cerca de 6 milhões de hectares com cana-de-açúcar. A expectativa da entidade é que, até 2012, essa área
possa ultrapassar os 10 milhões
de hectares. Nesse caso, haveria também um avanço na produção, dos atuais 470 milhões
de toneladas para cerca de 730
milhões de toneladas por ano.
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