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Safra de cana deve ter maior percentual de álcool em dez anos, prevê entidade
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
O avanço na comercialização
de álcool no país e o interesse
despertado no exterior devem
fazer com que a safra de cana-de-açúcar deste ano seja a mais
alcooleira pelo menos dos últimos dez anos, de acordo com a
Unica (União da Indústria de
Cana-de-Açúcar).
A projeção é que até 54% da
produção de cana seja destinada à fabricação de álcool no
Centro-Sul do país, e 46%, para
o açúcar. A previsão é moer cerca de 420 milhões de toneladas
de cana nesta safra, contra as
380 milhões de toneladas da safra anterior.
Normalmente, a produção é
equilibrada (50% para cada
uma), com oscilação de, no máximo, um ponto percentual. Na
safra passada, 51% da cana foi
destinada à produção de álcool
e, o restante, ao açúcar.
"A safra será mais alcooleira,
porque a tendência no início do
ano era a remuneração do álcool ser melhor. É questão de
mercado", afirmou Sérgio Prado, diretor regional da Unica
em Ribeirão Preto.
Novas usinas, como a Lins,
que iniciou a operação neste
ano, e a Boa Vista, em Quirinópolis (GO), que começará a
operar em 2008, estão trabalhando inicialmente só com a
produção de álcool.
"O álcool está vivendo um excelente momento e, por isso, as
novas usinas têm iniciado a
operação só com álcool", disse
o usineiro Maurilio Biagi Filho,
presidente da Usina Moema, de
Orindiúva (SP).
A tendência, segundo Prado,
é o fenômeno se repetir também no próximo ano, quando
30 usinas devem começar a
operar no país -neste ano, são
19 novas. "A maioria não vai
comportar, pelo menos inicialmente, a fábrica de açúcar, até
porque não haveria mercado
para tanto açúcar", disse.
A elevada produção de álcool
pode derrubar ainda mais o
preço da tonelada de cana, que
chegou a custar R$ 56 em 2006,
mas hoje está na casa de R$ 40.
Esse é um dos motivos que
levaram os usineiros a pedir
novamente ao governo que eleve a mistura de álcool à gasolina
para 25% -desde novembro,
cada litro de gasolina tem 23%
de álcool; antes, eram 20%.
A decisão depende do Cima
(Conselho Interministerial do
Açúcar e do Álcool), que engloba, além do Ministério da Agricultura, Desenvolvimento, Fazenda e Minas e Energia.
O setor sucroalcooleiro também quer desenvolver campanha para "melhorar a imagem"
do setor, que tem como um dos
vértices antecipar o fim das
queimadas de cana. Um protocolo discutido pelo governo do
Estado e o setor define que as
queimadas poderão estar banidas dos canaviais de São Paulo
até 2012 ou 2014 -uma lei estadual em vigor prevê o fim total
da queima até 2031.
O assunto foi discutido num
congresso na Costa do Sauípe
(BA), com a presença de 50 empresários e diretores de empresas ligadas ao setor sucroalcooleiro, na semana passada.
Pelas discussões, a queima da
cana, apontada como responsável pelo agravamento de crises
respiratórias, poderia estar eliminada completamente em
2012, o que significaria uma antecipação de 19 anos em relação
à lei em vigor.
Ainda de acordo com as negociações, em 2010 a eliminação já atingiria 70% da área. A
lei estadual nº 11.241, de 19 de
setembro de 2002, estabelece
um percentual crescente de eliminação da queima -desde
2006, as áreas mecanizáveis
têm que eliminar 30% da queima, índice que sobe para 50%
em 2011.
"Queimada não pode existir
desde sempre, porque não há
possibilidade jurídica de queimar por causa da Constituição
[veta a existência de agente
provocador de poluição]. Mas
parece que agora houve uma
certa evolução do setor sucroalcooleiro, porque sempre
fizeram lobby para prorrogar a
queima", disse o promotor do
Meio Ambiente de Ribeirão
Marcelo Goulart.
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