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"Blindagem" de autoridades econômicas também é vetada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou ontem o texto
proposto pelo PSDB -e aprovado por parlamentares aliados
e de oposição- que restringia
as possibilidades de processos
judiciais contra funcionários
ou autoridades responsáveis
por intervenções excepcionais
no mercado financeiro, incluindo casos de governos passados.
Tratava-se de um artigo incluído pelo Congresso na medida provisória que concedia vantagens para o pagamento de pequenos valores ao erário e acabou modificada para criar um
programa de parcelamento generalizado de dívidas tributários. A MP virou lei, mas a repercussão política e a opinião
contrária do Ministério da Justiça contribuíram para derrubar a blindagem jurídica das
equipes econômicas.
A norma livrava os "agentes
públicos" de ações como as de
improbidade administrativa
baseadas, por exemplo, em prejuízos causados aos cofres do
Tesouro Nacional por intervenções financeiras -"salvo
nos casos de dolo ou comprovada má-fé", como se ressalvava.
Seriam beneficiados funcionários, diretores, secretários de
Estado ou ministros "incumbidos da execução de medidas excepcionais com o propósito de
assegurar liquidez e solvência
ao Sistema Financeiro Nacional, de regular o funcionamento dos mercados de câmbio e de
capitais e de resguardar os interesses de depositantes e investidores".
"Da forma como está redigido, o dispositivo determina, a
priori, o reconhecimento da
não responsabilização criminal, civil e administrativa, impedindo o exame do fato pelo
Poder Judiciário. O dispositivo
também restringe os casos de
responsabilização civil e administrativa aos atos praticados
com má-fé e dolo", afirma a justificativa do veto publicada no
"Diário Oficial da União".
No documento, o Planalto
acrescenta que a norma poderia ser estendida a beneficiários
privados das medidas contestadas e causar "insegurança jurídica ao não delimitar os crimes
aos quais se refere".
Como o texto vetado indica, o
alvo principal do artigo são as
ações movidas contra dirigentes do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional
questionando iniciativas que
podem incluir desde o Proer, o
programa de socorro aos bancos lançado em 1995, até as recentes medidas adotadas a partir do ano passado pelo governo
Lula para atenuar os efeitos da
crise econômica global no mercado financeiro doméstico.
Mais particularmente, os tucanos pretendiam, assumidamente, amparar membros da
equipe econômica do governo
FHC (1995-2002), que ainda
hoje respondem a processos referentes às decisões tomadas
para enfrentar as turbulências
financeiras do período.
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