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Última edição da "Gazeta" deve circular hoje
Anúncio deverá ser publicado no jornal pela CBM, a atual licenciadora da marca
Advogado de depositária
da marca diz ter recebido
nesta semana três consultas
de interessados em levar
adiante publicação do jornal
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O último número da "Gazeta
Mercantil", jornal de economia
fundado em 1920, deve circular
hoje. A informação foi passada
no início da noite de ontem aos
funcionários da publicação por
Eduardo Jácome, vice-presidente da editora JB. Na segunda-feira, a CBM (Companhia
Brasileira de Multimídia), dona
da editora JB e licenciadora da
marca "Gazeta", já anunciara
que deixaria de editar o jornal
em 1º de junho.
Hoje, deverá ser publicado
novo anúncio na primeira página do jornal sobre os motivos
da rescisão do contrato de licenciamento. Segundo a CBM
informara anteriormente, dívidas trabalhistas superiores a
R$ 200 milhões estavam inviabilizando o negócio. Para a
CBM, esse passivo pertenceria
à Gazeta Mercantil S.A., do empresário Luiz Fernando Levy.
Após negociações durante a
semana, a CBM e a Gazeta não
chegaram a um acordo, segundo a Folha apurou. Os funcionários foram orientados a comparecer hoje ao departamento
pessoal para acertar a entrada
em férias coletivas a partir do
dia 1º. Também haverá negociação com os que optarem pela demissão. A prioridade de
pagamento será dada aos que
saíram nos últimos meses, cuja
rescisão não foi acertada.
Os jornalistas haviam preparado uma edição histórica para
ser publicada hoje, com fotos
da Redação e as notícias mais
relevantes veiculadas pelo jornal. A direção, no entanto, vetou a ideia e resolveu publicar
apenas o comunicado.
Haverá hoje no jornal uma
estrutura de plantão para o caso de Levy apresentar nova
proposta à CBM. O empresário
pediu 90 dias de prazo para assumir o jornal, o que teria sido
negado pela CBM.
Apesar das dificuldades, o
advogado Carlo Frederico Müller, que representa a Problem
Solver, fiel depositária da marca "Gazeta Mercantil", diz ter
recebido nesta semana consultas de três empresas interessadas em levar adiante a publicação, caso a marca vá a leilão.
Müller também representa
430 ex-funcionários da Gazeta
na Justiça Trabalhista, cujo valor das indenizações previstas
somam R$ 240 milhões.
Foram esses ex-funcionários
que conseguiram que a 26ª Vara do Trabalho determinasse a
penhora de ações e cotas societária da Intelig, do empresário
Nelson Tanure, controlador da
CBM, para o pagamento da dívida trabalhista da Gazeta.
A Intelig foi vendida à TIM
por R$ 650 milhões. "Se a tentativa da CBM, ao não publicar
mais a "Gazeta Mercantil", for
se desvincular da dívida, ela é
inócua", diz Müller. "Já houve
reconhecimento da solidariedade da CBM a essa dívida, e
não cabe recurso ao mérito."
Procurados, a CBM e Levy
não deram entrevista.
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