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GM consegue acordo com maioria de seus credores
Novo entendimento abre caminho para processo de concordata administrado
Braço europeu da GM,
a Opel agora enfrenta novas dificuldades para plano de resgate e causa rusgas
entre Berlim e Washington
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Em nova reviravolta no caso,
a General Motors anunciou ontem que finalmente obteve um
acordo com a maioria de seus
credores para a troca de dívidas
no valor de US$ 27 bilhões por
ações da nova companhia que
surgirá do processo de reestruturação.
O acordo abre caminho para
que a maior montadora dos
EUA entre (assim como a
Chrysler) em processo de concordata administrado. Isso deve gerar menos contenciosos e
demandar menos tempo do
que em reestruturações sem
entendimento prévio.
A concordata da GM, que será a maior da história do setor
industrial norte-americano,
deve ser anunciada até segunda-feira, quando expira o prazo
concedido pelo Departamento
do Tesouro dos EUA para que a
empresa encontre uma saída
para suas dificuldades -e continue a receber suporte financeiro estatal.
Após três dias de negociações, a grande maioria dos credores concordou em trocar as
dívidas por uma participação
na "nova GM" que poderá chegar a 25%. Um dia antes, o acordo havia fracassado, com a oferta de apenas 10% da empresa
em troca das dívidas.
Os credores têm ainda até
amanhã para se opor ao acordo.
Mas a empresa e o Tesouro já
avisaram que, se não houver
entendimento, os novos aportes de recursos do Estado na
GM vão diluir a posição dos
atuais acionistas -e tornar todo o processo de reestruturação imprevisível.
Em comunicado distribuído
ontem, o comitê que representa os credores afirma que apoia
o atual plano "como a melhor
alternativa diante da atual dificuldade das circunstâncias".
Outros 10% da companhia ficarão com um fundo da UAW
(United Auto Workers, que
reúne os trabalhadores da empresa) em troca também de algumas dívidas e de concessões
que levaram ao relaxamento de
alguns direitos trabalhistas.
Ron Gettelfinger, presidente
da UAW, afirmou que os funcionários da GM irão ratificar o
acordo até o meio da tarde de
hoje, mas descartou qualquer
nova concessão.
Apesar do aumento da participação dos investidores privados no capital da nova empresa
(livre de marcas deficitárias,
como Pontiac, e saneada), o governo dos EUA será ainda o
maior acionista da General
Motors, com fatia de 65%.
Além dos quase US$ 20 bilhões já injetados pelo Tesouro
na GM, o governo dos EUA poderá colocar mais US$ 50 bilhões na companhia para mantê-la à tona. Estatizada na prática, ainda não se sabe qual será
o papel do governo nos negócios da empresa.
Opel na Europa
Enquanto o futuro da GM se
desanuviou um pouco nos
EUA, a situação da Opel (o braço europeu da montadora), que
parecia solucionada, teve desdobramentos negativos ontem
-causando até rusga política
entre o governo alemão e o Tesouro norte-americano.
Na quarta-feira, a Alemanha
(que concentra metade das
operações da Opel na Europa)
já havia concordado em injetar
cerca de US$ 2 bilhões na Opel.
Ontem, Berlim acusou o Tesouro dos EUA de armar uma
"emboscada" ao informar, "na
última hora", que a empresa
precisará de US$ 415 milhões
adicionais. A Alemanha havia
entendido que essa parte do dinheiro viria de Washington.
"Gostaria de ver um tom
mais conciliatório da parte
americana", disse o ministro da
Economia alemão, Karl-Theodor zu Guttenberg. "O que
ocorreu beira o absurdo."
Visteon
A fabricante americana de
autopeças Visteon entrou com
pedido de concordata ontem. A
empresa -que foi subsidiária
da Ford até o ano 2000-, receberá ajuda financeira da montadora, disse Tony Brown, responsável pelas compras globais
da Ford, "já que [a Visteon] é
um fornecedor importante".
A companhia possui instalações em 27 países e emprega
cerca de 31 mil pessoas. De
acordo com comunicado, nenhuma subsidiária ou joint
venture fora dos EUA será atingida pela concordata.
No Brasil, a empresa possui
unidades fabris em Camaçari
(BA) e Manaus (AM) e um centro tecnológico em Guarulhos.
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