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Volume de crédito é o mais alto desde 1995
Total de empréstimos concedidos pelos bancos chega R$ 786,1 bilhões, o equivalente a 32% do PIB, segundo dados do BC
Destaque do ano é o leasing para pessoas físicas, com alta de 33,6%, puxada
pelo aquecimento no setor automotivo
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O volume de crédito concedido pelos bancos chegou a 32%
do PIB, o percentual mais alto
desde dezembro de 1995, auge
da euforia após o lançamento
do Plano Real.
No total, as pessoas físicas e
jurídicas tomaram emprestados R$ 786,1 bilhões até o mês
passado, incluindo os recursos
que as instituições financeiras
são obrigadas a emprestar por
determinação legal.
O destaque no ano tem sido o
leasing para pessoas físicas -financiamento que funciona como uma espécie de aluguel do
bem que será comprado com a
possibilidade de aquisição ao final do contrato-, que já registra um crescimento de 33,6%
no ano no volume de recursos
emprestados.
O aumento nesse mercado é
explicado pela venda recorde
de carros, já que o leasing vem
sendo muito usado no setor.
"Na operação de leasing, o
banco continua dono do carro,
o que quer dizer que há uma garantia muito mais sólida do que
no financiamento tradicional.
Isso explica a preferência dos
bancos por esse tipo de operação", explica o vice-presidente
da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira.
O crescimento do leasing
vem na esteira de um setor automotivo que está vivendo um
de seus melhores momentos
quando se trata de vendas ao
mercado interno.
Os dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores)
mostram que a produção de
carros, ônibus e chassis nos primeiros cinco meses do ano já
passou de 1 milhão de unidades, o que significa um aumento de 8% ante o ano passado.
O apetite dos consumidores
por mais crédito também fica
demonstrado no crescimento
de empréstimos em linhas como crédito pessoal (13,9% até
maio), financiamento imobiliário (28,1%) e até mesmo no cheque especial (20,9%).
De acordo com Miguel de
Oliveira, o crédito pessoal e o
cheque especial são linhas tipicamente usadas para saldar dívidas que o consumidor acumula, enquanto o leasing para a
aquisição de um bem é uma decisão de consumo de longo prazo baseada na confiança sobre
renda e emprego.
Se forem considerados só os
recursos que os bancos emprestam livremente, sem imposição legal, o total em mãos de
empresas e consumidores é de
R$ 546,882 bilhões.
Além da disposição em tomar recursos emprestados, os
consumidores têm conseguido
prazos mais longos e taxas cadentes, apesar de os juros no
país continuarem acima de padrões internacionais. Para ter
uma idéia, desde agosto de
2000, as pessoas físicas não
conseguiam prazo tão longo de
financiamento (398 dias).
A taxa média de juros, que
terminou 2006 em 39,8% ao
ano, ainda continua elevada,
em 37,4% ao ano, mas é a mais
baixa desde julho de 2001. No
caso das pessoas físicas, os juros médios em maio foram de
48,6%, a menor taxa da série estatística do BC, iniciada em julho de 1994.
Os juros médios do cheque
especial caíram de 140,9% ao
ano para 140,3% entre abril e
maio. As empresas conseguiram tomar dinheiro emprestado em maio a 24,3% ao ano, em
média, percentual que não
ocorria desde outubro de 2002.
O "spread", rubrica que inclui as despesas e os lucros dos
bancos, está em queda (1,9 ponto percentual no ano), embora
no caso das pessoas físicas tenha subido de 37,6 pontos percentuais em abril para 37,7
pontos percentuais em maio.
"Estamos alcançando o piso
nas taxas e o pico nos prazos,
mas ainda há espaço para
maior redução, especialmente
do "spread'", disse o chefe do
Departamento Econômico do
BC, Altamir Lopes.
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