São Paulo, sexta-feira, 29 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Volume de crédito é o mais alto desde 1995

Total de empréstimos concedidos pelos bancos chega R$ 786,1 bilhões, o equivalente a 32% do PIB, segundo dados do BC

Destaque do ano é o leasing para pessoas físicas, com alta de 33,6%, puxada pelo aquecimento no setor automotivo


LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O volume de crédito concedido pelos bancos chegou a 32% do PIB, o percentual mais alto desde dezembro de 1995, auge da euforia após o lançamento do Plano Real.
No total, as pessoas físicas e jurídicas tomaram emprestados R$ 786,1 bilhões até o mês passado, incluindo os recursos que as instituições financeiras são obrigadas a emprestar por determinação legal.
O destaque no ano tem sido o leasing para pessoas físicas -financiamento que funciona como uma espécie de aluguel do bem que será comprado com a possibilidade de aquisição ao final do contrato-, que já registra um crescimento de 33,6% no ano no volume de recursos emprestados.
O aumento nesse mercado é explicado pela venda recorde de carros, já que o leasing vem sendo muito usado no setor.
"Na operação de leasing, o banco continua dono do carro, o que quer dizer que há uma garantia muito mais sólida do que no financiamento tradicional. Isso explica a preferência dos bancos por esse tipo de operação", explica o vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel de Oliveira.
O crescimento do leasing vem na esteira de um setor automotivo que está vivendo um de seus melhores momentos quando se trata de vendas ao mercado interno.
Os dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que a produção de carros, ônibus e chassis nos primeiros cinco meses do ano já passou de 1 milhão de unidades, o que significa um aumento de 8% ante o ano passado.
O apetite dos consumidores por mais crédito também fica demonstrado no crescimento de empréstimos em linhas como crédito pessoal (13,9% até maio), financiamento imobiliário (28,1%) e até mesmo no cheque especial (20,9%).
De acordo com Miguel de Oliveira, o crédito pessoal e o cheque especial são linhas tipicamente usadas para saldar dívidas que o consumidor acumula, enquanto o leasing para a aquisição de um bem é uma decisão de consumo de longo prazo baseada na confiança sobre renda e emprego.
Se forem considerados só os recursos que os bancos emprestam livremente, sem imposição legal, o total em mãos de empresas e consumidores é de R$ 546,882 bilhões.
Além da disposição em tomar recursos emprestados, os consumidores têm conseguido prazos mais longos e taxas cadentes, apesar de os juros no país continuarem acima de padrões internacionais. Para ter uma idéia, desde agosto de 2000, as pessoas físicas não conseguiam prazo tão longo de financiamento (398 dias).
A taxa média de juros, que terminou 2006 em 39,8% ao ano, ainda continua elevada, em 37,4% ao ano, mas é a mais baixa desde julho de 2001. No caso das pessoas físicas, os juros médios em maio foram de 48,6%, a menor taxa da série estatística do BC, iniciada em julho de 1994.
Os juros médios do cheque especial caíram de 140,9% ao ano para 140,3% entre abril e maio. As empresas conseguiram tomar dinheiro emprestado em maio a 24,3% ao ano, em média, percentual que não ocorria desde outubro de 2002.
O "spread", rubrica que inclui as despesas e os lucros dos bancos, está em queda (1,9 ponto percentual no ano), embora no caso das pessoas físicas tenha subido de 37,6 pontos percentuais em abril para 37,7 pontos percentuais em maio.
"Estamos alcançando o piso nas taxas e o pico nos prazos, mas ainda há espaço para maior redução, especialmente do "spread'", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: José Márcio Camargo: De onde menos se espera...
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.