São Paulo, sexta-feira, 29 de junho de 2007

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Fed mantém juros, mas deixa dúvidas sobre futuro

Bolsas de NY e de SP fecham estáveis; dólar cai 1,18%

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Como se esperava, pela oitava reunião consecutiva o comitê de política monetária do Fed [Federal Reserve, o BC dos EUA] decidiu não mexer na taxa básica de juros americana, que segue em 5,25% ao ano.
Em seu comunicado, o Fed afirma que a economia americana cresce em ritmo "moderado", mas que os próximos dados de inflação merecem uma leitura cautelosa -ou seja: não respondeu às dúvidas do mercado sobre o futuro da política monetária nos EUA.
Analistas estão hoje divididos entre os que esperam um corte nos juros ainda neste ano e os que aguardam isso apenas para 2008. Nas últimas semanas, surgiram também os que cogitam uma elevação na taxa -daí o aumento no retorno dos títulos do Tesouro dos EUA, que ontem fecharam a 5,118% ao ano, com alta de 0,95%,
Desde junho de 2006 não há mudança na taxa básica americana e os analistas do mercado financeiro também não esperam uma alteração tão cedo. "Nossa previsão é que a taxa fique onde está até o segundo trimestre de 2008, quando pode haver um corte", diz Christopher Wiegand, economista do Citigroup. Isso porque a atividade econômica continua crescendo sustentavelmente -0,7% no primeiro trimestre deste ano, segundo dado revisado informado ontem, contra 0,6% da divulgação anterior.
Por outro lado, o núcleo da inflação (que desconta energia e alimentos) está desacelerando. Em maio, o CPI (Índice de Preços ao Consumidor) ficou em 0,7% e o seu núcleo, em 0,1%, abaixo das expectativas. Mesmo assim, a inflação continua sendo a "principal preocupação" do Fed. "As leituras melhoraram de forma modesta nos últimos meses. Porém, o alto nível de utilização dos recursos tem potencial para sustentar as pressões inflacionárias. Os ajustes futuros dependerão da evolução do cenário tanto para a inflação como para o crescimento", disse a nota.

Mercados
Após a divulgação do comunicado, os principais índices oscilaram entre estabilidade e uma pequena alta. Mais tarde, quando os investidores digeriram melhor o comunicado, as Bolsas perderam força. A Bolsa de Nova York teve baixa de 0,04% no índice Dow Jones e a Nasdaq avançou 0,12%.
A Bovespa seguiu o ritmo ditado em Nova York e terminou também estável, com alta de 0,01% e 54.146 pontos.
No mercado de câmbio, o penúltimo dia útil de junho trouxe de volta a tradicional disputa entre investidores "comprados" [que apostam na alta] e "vendidos" [que preferem a baixa] em dólares na BM&F (Bolsa de Mercadoria & Futuros). No final do mês, os operadores do mercado futuro costumam entrar no mercado à vista para influenciar a formação da última taxa Ptax (média do BC) do mês, que serve para liquidar os contratos de dólar futuro.
"Mais uma vez os vendidos vão ganhar. Os bancos pequenos que precisavam de dólares [para se adequarem às novas regras do BC] já compraram. Agora, a tendência volta a ser de lado para baixo", disse Francisco Carvalho, da Liquidez.
Com a espera pelo comunicado do Fed, porém, o volume de negócios foi bastante fraco ontem -de US$ 1,4 bilhão, enquanto normalmente fica em R$ 2 bilhões. O Banco Central comprou US$ 190 milhões no mercado à vista, mas não conseguiu impedir a forte baixa de 1,18% da moeda americana, que terminou o penúltimo dia do mês a R$ 1,9256. O risco-país caiu 4% e ficou em 151 pontos.


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