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Fed mantém juros, mas deixa dúvidas sobre futuro
Bolsas de NY e de SP fecham estáveis; dólar cai 1,18%
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Como se esperava, pela oitava reunião consecutiva o comitê de política monetária do Fed
[Federal Reserve, o BC dos
EUA] decidiu não mexer na taxa básica de juros americana,
que segue em 5,25% ao ano.
Em seu comunicado, o Fed
afirma que a economia americana cresce em ritmo "moderado", mas que os próximos dados de inflação merecem uma
leitura cautelosa -ou seja: não
respondeu às dúvidas do mercado sobre o futuro da política
monetária nos EUA.
Analistas estão hoje divididos entre os que esperam um
corte nos juros ainda neste ano
e os que aguardam isso apenas
para 2008. Nas últimas semanas, surgiram também os que
cogitam uma elevação na taxa
-daí o aumento no retorno dos
títulos do Tesouro dos EUA,
que ontem fecharam a 5,118%
ao ano, com alta de 0,95%,
Desde junho de 2006 não há
mudança na taxa básica americana e os analistas do mercado
financeiro também não esperam uma alteração tão cedo.
"Nossa previsão é que a taxa fique onde está até o segundo trimestre de 2008, quando pode
haver um corte", diz Christopher Wiegand, economista do
Citigroup. Isso porque a atividade econômica continua crescendo sustentavelmente
-0,7% no primeiro trimestre
deste ano, segundo dado revisado informado ontem, contra
0,6% da divulgação anterior.
Por outro lado, o núcleo da
inflação (que desconta energia
e alimentos) está desacelerando. Em maio, o CPI (Índice de
Preços ao Consumidor) ficou
em 0,7% e o seu núcleo, em
0,1%, abaixo das expectativas.
Mesmo assim, a inflação continua sendo a "principal preocupação" do Fed. "As leituras melhoraram de forma modesta
nos últimos meses. Porém, o alto nível de utilização dos recursos tem potencial para sustentar as pressões inflacionárias.
Os ajustes futuros dependerão
da evolução do cenário tanto
para a inflação como para o
crescimento", disse a nota.
Mercados
Após a divulgação do comunicado, os principais índices
oscilaram entre estabilidade e
uma pequena alta. Mais tarde,
quando os investidores digeriram melhor o comunicado, as
Bolsas perderam força. A Bolsa
de Nova York teve baixa de
0,04% no índice Dow Jones e a
Nasdaq avançou 0,12%.
A Bovespa seguiu o ritmo ditado em Nova York e terminou
também estável, com alta de
0,01% e 54.146 pontos.
No mercado de câmbio, o penúltimo dia útil de junho trouxe de volta a tradicional disputa
entre investidores "comprados" [que apostam na alta] e
"vendidos" [que preferem a
baixa] em dólares na BM&F
(Bolsa de Mercadoria & Futuros). No final do mês, os operadores do mercado futuro costumam entrar no mercado à vista
para influenciar a formação da
última taxa Ptax (média do BC)
do mês, que serve para liquidar
os contratos de dólar futuro.
"Mais uma vez os vendidos
vão ganhar. Os bancos pequenos que precisavam de dólares
[para se adequarem às novas
regras do BC] já compraram.
Agora, a tendência volta a ser
de lado para baixo", disse Francisco Carvalho, da Liquidez.
Com a espera pelo comunicado do Fed, porém, o volume de
negócios foi bastante fraco ontem -de US$ 1,4 bilhão, enquanto normalmente fica em
R$ 2 bilhões. O Banco Central
comprou US$ 190 milhões no
mercado à vista, mas não conseguiu impedir a forte baixa de
1,18% da moeda americana, que
terminou o penúltimo dia do
mês a R$ 1,9256. O risco-país
caiu 4% e ficou em 151 pontos.
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