São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Mercado Aberto

guilherme.barros@uol.com.br

Para usineiros, regras podem inviabilizar leilão

Dificilmente o país viverá outro ano tão importante em leilões do setor de energia como 2008, dizem os especialistas. O leilão de linhas de transmissão que aconteceu anteontem, quando 12 lotes foram vendidos com deságio de até 20,18%, foi apenas mais um deles.
"As áreas leiloadas representam o maior desafio de engenharia de transmissão do Brasil em muito tempo", afirma Roberto Brandão, pesquisador do Gesel (Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica) da UFRJ. "Há regiões ermas, agrestes, de florestas densas, onde nem sequer existem vilarejos. Será complicado levar equipamentos e pessoas até as áreas leiloadas. O investimento é tremendo, e o risco, alto."
Segundo Maurício Tomalsquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisas Energéticas), o leilão foi simbólico porque, até então, havia uma região isolada no país do ponto de vista energético. "Se as linhas estivessem em operação, a economia em combustíveis seria de R$ 2 bilhões ao ano", diz ele.
Ainda na área de transmissão, também serão leiloadas, neste ano, as linhas do Madeira, consideradas pelos especialistas as mais desafiadoras desde a construção de Itaipu, em função das grandes distâncias dos centros consumidores.
Outro leilão importante na agenda da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) acontecerá em 30 de julho e será voltado às usinas de biomassa de cana-de-açúcar. A energia produzida por elas durante o período da safra, de maio a novembro, será destinada à reserva e economizará águas dos reservatórios das hidrelétricas durante a estiagem. Será o primeiro de biomassa e também o primeiro para estoques.
Os usineiros, no entanto, têm dito que as regras colocadas no leilão são tão complexas que os desmotivam a participar. Entre outros problemas, apontam que o custo da linha de transmissão até a rede básica será paga por eles. Além disso, reclamam que a diferença de rentabilidade entre eles e as hidrelétricas pode inviabilizar o leilão.
Segundo Tomalsquim, desde setembro a EPE tem se reunido e atendido demandas dos usineiros. "Nenhum gerador tem os benefícios que eles conseguiram", diz Tomalsquim.
Ele afirma que muitas usinas precisam se modernizar para tornarem-se geradoras de energia e que os empresários do setor querem que a geração pague por todo o custo da reforma. "Não dá para o consumidor de energia elétrica pagar pela modernização da usina de álcool", afirma Tomalsquim. "É preciso dividir o custo entre a eletricidade e o álcool."

ASAS
José Márcio Camargo alça novos vôos; o economista está deixando a consultoria Tendências, depois de 12 anos, para ser economista-chefe da Opus Gestão de Recursos; na Tendências, Marcio Nakane, atualmente consultor, assumirá o cargo de economista-chefe, a partir de agosto

CLUBINHO

A corretora de valores mobiliários Spinelli dobrou o número de clubes de investimento administrados nos últimos 12 meses, quando passou a responder por quase 300 grupos de investidores. A empresa atribui o resultado a um aumento no interesse de pessoas físicas em investimentos na Bolsa. "Nesse período, as taxas de juros caíram e o retorno de outras aplicações foi prejudicado. Houve crescimento natural dos clubes de investimento", afirma Manuel Lois, diretor da corretora. De acordo com Lois, a estabilidade da economia também contribuiu para que o número de clubes de investimentos administrados pela corretora tenha crescido no período.

CALCULADORA
O valor das ofertas públicas na área de auto-regulação da Anbid bateu recorde no primeiro semestre. As 63 ofertas movimentaram R$ 57,5 bilhões no período -28% a mais que os R$ 45 bilhões das 69 ofertas no primeiro semestre de 2007. Grande parte dessas ofertas é de operações de renda fixa, o que mostra inversão da tendência de 2007, quando a renda variável foi destaque.

NA FEIRA
Representantes do setor de limpeza se reúnem na Feira de Produtos e Serviços para Higiene, Limpeza e Conservação Ambiental, de 6 a 8 de agosto, em São Paulo. O setor de limpeza profissional deve movimentar R$ 9 bilhões em 2008, segundo previsão da Abralimp (Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional). No ano passado, o setor movimentou R$ 8,4 bilhões.

Biocombustíveis de 2G e 3G darão novo impulso ao álcool

O mercado de biocombustíveis na América Latina deve ganhar mais força graças a combustíveis de segunda e terceira gerações (2G e 3G), diz análise da consultoria Frost & Sullivan. Os produtos de segunda geração têm produtividade estimada em 25% a 30% maior que a da cana-de-açúcar tradicional, por conta do uso de enzimas no bagaço. Embrionários, os biocombustíveis de terceira geração são extraídos a partir de materiais abundantes na natureza, como algas marinhas.
"O aumento de produtividade pode reduzir as críticas ao uso do álcool, já que a produção cresce com a mesma área plantada", diz Jorge De Rosa, analista da Frost. "Além disso, a segurança energética aumenta e o Brasil se posiciona de maneira mais agressiva com relação às exportações."

Empresários da construção civil estão otimistas com o governo

Cerca de 68% das indústrias de material de construção estão otimistas em relação às futuras iniciativas do governo para o setor, segundo pesquisa da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção) feita neste mês.
Melvyn Fox, presidente da Abramat, diz que a expectativa com relação ao governo é positiva por conta de medidas que beneficiaram o setor direta ou indiretamente, como a diminuição da carga tributária para itens de construção e a redução dos juros, que estimularam os financiamentos a moradias.
"As empresas vêem o aumento de juros [feito pelo BC] como pontual e que indica um governo atento à inflação", diz Fox. "Não é uma alta progressiva na taxa de juros."
Em relação à expectativa sobre o desempenho do mercado interno no mês de julho, 67% das empresas de material de base e 60% das de itens de acabamento estão otimistas.


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