São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008

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Aumenta concentração em aeroportos brasileiros

Participação dos aeroportos locais no mercado caiu de 1,6% para 1% entre 1998 e 2008

Concentração excessiva dos vôos é um dos fatores que levaram ao caos aéreo no país, de acordo com estudo do ITA do ano passado

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Nos últimos dez anos, 44 aeroportos brasileiros deixaram de ser atendidos por vôos regulares. Em 1998, 199 aeroportos eram cobertos por alguma companhia aérea de maneira constante. Neste ano, o número caiu para 155.
Desses 44 aeroportos, 32 (72%) são "locais" -movimentam menos de 0,05% do total de passageiros do sistema aéreo. Em 1998, eram 137 aeroportos locais com linhas regulares. Hoje são 105. Os dados são de um estudo da Abetar (Associação Brasileira de Empresas de Transportes Aéreos Regionais) em parceria com o Ministério do Turismo.
A região Norte foi onde mais aeroportos deixaram de ser atendidos por vôos regulares: 13 entre 1998 e 2008. Na seqüência vem a região Sudeste, com dez aeroportos, seguida por Centro-Oeste (nove), Sul e Nordeste (seis cada uma).
O estudo relata concentração dos vôos nos aeroportos localizados em grandes centros urbanos, como São Paulo (Congonhas e Cumbica) e Brasília. Como são rotas em que são maiores a demanda por vôos e a rentabilidade, elas ganham a prioridade das companhias aéreas.
De acordo com o estudo, apenas 16 aeroportos brasileiros concentram 84% do movimento de passageiros. A participação dos aeroportos locais no mercado caiu de 1,6% para 1% entre 1998 e 2008.
Essa tendência de redução da cobertura aérea e alta concentração no setor já havia sido mostrada por estudo do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), em 2007. A concentração excessiva dos vôos foi indicada como um dos fatores que levaram ao caos aéreo nos principais aeroportos do país.
Entre as razões apontadas pelo estudo para a redução da cobertura aérea no Brasil, está o preço do combustível. Houve um aumento grande no valor do querosene no período. Além disso, as refinarias se concentram no Sudeste, encarecendo os custos para as empresas que operam em outras regiões.
Em entrevista na semana retrasada, o ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou que vai se reunir com as grandes e pequenas empresas do setor para discutir essas questões.
Para o o presidente da Abetar, Apostole Lazaro Chryssafidis, é o usuário quem perde com a redução de aeroportos com vôos regulares. "Como não há opção, precisa, às vezes, deslocar-se por longas distâncias até um aeroporto maior. Ou então desiste e viaja de carro."


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