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Especialistas veem limites na política de desoneração fiscal
Economista defende a recuperação gradual de alíquota do IPI para produto que teve benefício
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O repasse menor do que o esperado do corte do IPI aos preços cobrados do consumidor
mostra que a política de desoneração fiscal tem limitações,
de acordo com analistas.
Antonio Correa de Lacerda,
professor da PUC-SP, ressalva
que a renúncia fiscal deve ser
acompanhada de mecanismos
para que os trabalhadores e os
consumidores não saiam prejudicados, caso os empresários
não repassem os descontos.
Lacerda afirma que o debate
sobre o que fazer para estimular o aumento da demanda deve ser feito com cautela. "O que
vale na economia é o efeito
multiplicador." A desoneração,
diz, beneficia trabalhadores
que mantêm o emprego e também empresas fornecedoras.
O professor da PUC defende
que a política seja mantida, e
que o fim do benefício seja gradual, primeiro com recuperações das alíquotas de produtos
já beneficiados e depois com a
inclusão de outros itens, como
máquinas e equipamentos.
Parte dos analistas concorda
com o presidente Lula, que disse preferir investir em programas de transferência de renda
a fazer desoneração, como medida para estimular o consumo.
"A depender da perspectiva,
o presidente tem razão. Com a
transferência de renda, o aumento do consumo é mais imediato. Mas para o futuro do país
e a manutenção dos investimentos é interessante fazer desoneração", disse Heron do
Carmo, professor da USP.
Para Fernando Cardim, professor da UFRJ, a melhor política para combater a recessão é
a ampliação dos investimentos
públicos. "O investimento do
governo é despesa direta, ao
contrário das outras duas medidas, uma vez que as pessoas
podem ou não gastar."
Cardim adverte que a transferência de renda e a desoneração tributária têm efeitos distintos. A primeira impulsiona
as vendas de alimentos e a segunda encoraja a compra de
bens duráveis. "Se o cobertor é
curto, o melhor é que se priorize o investimento e depois os
programas sociais."
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