São Paulo, segunda-feira, 29 de junho de 2009

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Bolsa em alta não motiva retorno dos investidores

Fundo de ações registra saque líquido no ano, apesar da alta de 37% da Bovespa

Número de pessoas físicas na Bolsa cai de 536,4 mil em dezembro para 516,8 mil em maio; menos estreias de ações favorecem redução

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Após sofrer em 2008 seu pior ano desde 1972, ao registrar desvalorização acumulada de 41,22%, a Bolsa de Valores de São Paulo tem se recuperado neste ano. Mesmo assim, os fundos de ações não têm atraído investidores: a captação da categoria no ano está negativa. Além disso, o número de investidores na Bolsa tem encolhido nos últimos meses.
Apesar de estar ainda abaixo dos picos do ano passado, a Bolsa acumula valorização bastante expressiva, de 37%, em 2009. Todavia, os investidores demonstram estar menos empolgados com a alta das ações.
Os fundos de ações computaram captação líquida (diferença entre aplicação e resgate) negativa de R$ 231,6 milhões no ano até o dia 22 deste mês.
No ano passado, quando a crise internacional atingiu seu ápice e puniu os mercados, os fundos de ações registraram aportes líquidos de R$ 5,09 bilhões, segundo a Anbid.
Com essa saída de recursos, o número de investidores (pessoas físicas) cadastrados na BM&FBovespa encolheu. De 536,4 mil pessoas em dezembro, havia 516,8 mil em maio.
"O estancamento dos IPOs, que estavam trazendo muita gente nova para a Bolsa e fazendo aumentar nos últimos anos o número de investidores, acabou por frear o crescimento da participação das pessoas físicas no mercado", afirma Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da KNA Consultores.
Em 2002, quando os IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) retornaram, havia pouco mais de 85 mil pessoas cadastradas. O grande salto nessa participação das pessoas físicas ocorreu exatamente entre 2006 e 2007, com o avanço dos IPOs, quando o número de cadastrados mais que dobrou -de 219,6 mil para 456,6 mil.
A escalada da Bolsa, que subiu 43,6% em 2007 e atingiu seu pico histórico em maio de 2008, trouxe muitos novatos para o mercado. Iludidos com a expectativa de ganhos rápidos, investidores inexperientes tiveram uma amarga surpresa com a derrocada da Bolsa no segundo semestre do ano passado. Com isso, o número de investidores em ações se retraiu e acabou por não se recuperar nem com a escalada recente do mercado.
Para Neves, a mudança da própria Bovespa, que se tornou uma empresa de capital aberto, com ações negociadas em pregão, e se fundiu com a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) acabou por ter impacto nessa parada no crescimento no número de pessoas físicas.
"A Bovespa desenvolveu um trabalho bastante forte desde o início da década para tentar popularizar o mercado de ações. É inegável que esse trabalho despertou a atenção e trouxe mais pessoas para a Bolsa. Mas após a fusão e as consequentes mudanças, esse programa perdeu fôlego e os reflexos estão aí", diz o analista da KNA.

Futuro incerto
Nenhum analista pode afirmar com precisão o que ocorrerá com a Bolsa nos próximos meses. Mas é difícil alguém se mostrar muito otimista neste momento, prevendo que a Bolsa retome o seu pico histórico, que foram os 73.516 pontos cravados em 20 de maio de 2008. No pregão de sexta-feira, o índice Ibovespa (que reúne as 64 ações mais negociadas) terminou com 51.485 pontos.
A pontuação da Bolsa segue a oscilação dos preços das ações. Quando elas se depreciam, os pontos encolhem. E vice-versa. Dizer que a Bolsa atingiu uma pontuação máxima significa que nunca antes as ações de seu pregão valeram tanto.
O que tem sido mais comum é ver os analistas apontando que a Bolsa estará em torno de 55 mil pontos no final de 2009. Ou seja, apesar de não serem esperadas novas perdas, a expectativa é de alta moderada.


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