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Bolsa em alta não motiva retorno dos investidores
Fundo de ações registra saque líquido no ano, apesar da alta de 37% da Bovespa
Número de pessoas físicas na Bolsa cai de 536,4 mil em dezembro para 516,8 mil em maio; menos estreias
de ações favorecem redução
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Após sofrer em 2008 seu pior
ano desde 1972, ao registrar
desvalorização acumulada de
41,22%, a Bolsa de Valores de
São Paulo tem se recuperado
neste ano. Mesmo assim, os
fundos de ações não têm atraído investidores: a captação da
categoria no ano está negativa.
Além disso, o número de investidores na Bolsa tem encolhido
nos últimos meses.
Apesar de estar ainda abaixo
dos picos do ano passado, a Bolsa acumula valorização bastante expressiva, de 37%, em 2009.
Todavia, os investidores demonstram estar menos empolgados com a alta das ações.
Os fundos de ações computaram captação líquida (diferença entre aplicação e resgate)
negativa de R$ 231,6 milhões
no ano até o dia 22 deste mês.
No ano passado, quando a
crise internacional atingiu seu
ápice e puniu os mercados, os
fundos de ações registraram
aportes líquidos de R$ 5,09 bilhões, segundo a Anbid.
Com essa saída de recursos, o
número de investidores (pessoas físicas) cadastrados na
BM&FBovespa encolheu. De
536,4 mil pessoas em dezembro, havia 516,8 mil em maio.
"O estancamento dos IPOs,
que estavam trazendo muita
gente nova para a Bolsa e fazendo aumentar nos últimos anos
o número de investidores, acabou por frear o crescimento da
participação das pessoas físicas
no mercado", afirma Luiz Antonio Vaz das Neves, analista da
KNA Consultores.
Em 2002, quando os IPOs
(oferta inicial de ações, na sigla
em inglês) retornaram, havia
pouco mais de 85 mil pessoas
cadastradas. O grande salto
nessa participação das pessoas
físicas ocorreu exatamente entre 2006 e 2007, com o avanço
dos IPOs, quando o número de
cadastrados mais que dobrou
-de 219,6 mil para 456,6 mil.
A escalada da Bolsa, que subiu 43,6% em 2007 e atingiu
seu pico histórico em maio de
2008, trouxe muitos novatos
para o mercado. Iludidos com a
expectativa de ganhos rápidos,
investidores inexperientes tiveram uma amarga surpresa
com a derrocada da Bolsa no segundo semestre do ano passado. Com isso, o número de investidores em ações se retraiu e
acabou por não se recuperar
nem com a escalada recente do
mercado.
Para Neves, a mudança da
própria Bovespa, que se tornou
uma empresa de capital aberto,
com ações negociadas em pregão, e se fundiu com a BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros) acabou por ter impacto
nessa parada no crescimento
no número de pessoas físicas.
"A Bovespa desenvolveu um
trabalho bastante forte desde o
início da década para tentar popularizar o mercado de ações. É
inegável que esse trabalho despertou a atenção e trouxe mais
pessoas para a Bolsa. Mas após
a fusão e as consequentes mudanças, esse programa perdeu
fôlego e os reflexos estão aí", diz
o analista da KNA.
Futuro incerto
Nenhum analista pode afirmar com precisão o que ocorrerá com a Bolsa nos próximos
meses. Mas é difícil alguém se
mostrar muito otimista neste
momento, prevendo que a Bolsa retome o seu pico histórico,
que foram os 73.516 pontos cravados em 20 de maio de 2008.
No pregão de sexta-feira, o índice Ibovespa (que reúne as 64
ações mais negociadas) terminou com 51.485 pontos.
A pontuação da Bolsa segue a
oscilação dos preços das ações.
Quando elas se depreciam, os
pontos encolhem. E vice-versa.
Dizer que a Bolsa atingiu uma
pontuação máxima significa
que nunca antes as ações de seu
pregão valeram tanto.
O que tem sido mais comum
é ver os analistas apontando
que a Bolsa estará em torno de
55 mil pontos no final de 2009.
Ou seja, apesar de não serem
esperadas novas perdas, a expectativa é de alta moderada.
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