|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fundo Soberano pode evitar corte de gastos
Governo admite usar recursos do fundo para compensar perda de arrecadação; medida evitaria novos cortes no Orçamento
Para que o governo pudesse gastar mais, outra opção seria reduzir ainda mais o superávit primário, que caiu de 3,8% para 2,5% neste ano
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante do risco crescente de
não cumprir a já reduzida meta
de superávit primário de 2,5%
do PIB neste ano, a equipe econômica admite usar o dinheiro
do Fundo Soberano para compensar a queda na receita. Com
isso, o governo poderia evitar
novos cortes no Orçamento.
A outra alternativa seria uma
nova redução no superávit primário (economia do governo
para pagar juros da dívida pública), que já caiu de 3,8% para
2,5% em 2009 para acomodar a
necessidade de mais gastos públicos diante dos efeitos recessivos da crise econômica.
O Ministério da Fazenda,
contudo, prefere usar pelo menos parte dos R$ 15 bilhões do
Fundo Soberano -dinheiro
que estava sendo reservado para ser gasto no próximo ano, o
da campanha eleitoral- caso
não haja uma recuperação da
receita nos próximos meses.
Na prática, as duas medidas
têm o mesmo efeito econômico
sobre a dívida pública. Se o governo usar os R$ 15 bilhões do
Fundo Soberano estará, na prática, aumentando suas receitas
para atingir a meta de 2,5% do
PIB e reduzindo os recursos
que hoje podem abater a dívida
pública. Ou seja, aumentará o
endividamento do país na mesma proporção em que o governo usar os recursos.
A diferença entre as duas soluções é mais política. Usando o
fundo, o governo evita fazer
cortes de despesas e pode dizer
que não mexeu mais uma vez
na meta de superávit, o que explica a preferência da equipe
econômica pelo Fundo Soberano. A avaliação é que o desgaste
seria maior diante de uma nova
redução no superávit primário
do que pelo uso do dinheiro separado no fundo.
Decisão adiada
Na quinta-feira, Lula adiou a
decisão sobre o ajuste adicional
no Orçamento diante da queda
na receita além do previsto pelos técnicos do Planejamento.
Ele não gostou das propostas
da equipe econômica, que incluíam a suspensão total do
reajuste do funcionalismo público, que começa a ser pago em
julho, e poderia gerar economia
R$ 6 bilhões. Nova reunião foi
marcada para a próxima sexta.
Na Fazenda, a proposta é não
fazer agora nenhum ajuste adicional no Orçamento e aguardar o comportamento da receita nos próximos meses. A expectativa é que haja recuperação e ela seja suficiente para garantir o cumprimento da meta
de superávit primário do setor
público, de 2,5% do PIB.
Paralelamente, a equipe econômica discute também com o
presidente o tamanho do superávit primário no próximo ano.
A Fazenda defende que ele volte aos 3,8% do PIB em 2010. Já
os ministérios gastadores, como Transportes e Cidades, preferem que ele continue em
2,5%, abrindo espaço para mais
investimentos no ano eleitoral.
Lula e sua equipe, porém, temem turbulências no ano eleitoral e, até aqui, preferem sinalizar a volta de um ajuste mais
forte nas contas públicas. Essa
ideia, contudo, pode ser abandonada caso a receita não seja
satisfatória no próximo ano.
Na Fazenda, porém, a avaliação é que a economia crescerá
entre 3,5% e 4% em 2010, gerando receita suficiente para
bancar investimentos e cumprir um superávit de 3,8%.
Texto Anterior: Brasil quer substituir dólar por real também no comércio com Índia Próximo Texto: FOLHAINVEST Bolsa em alta não motiva retorno dos investidores Índice
|