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Ex-diretor pode ser ouvido em CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Parlamentares da oposição afirmaram ontem que a demissão do
diretor de Política Monetária do
Banco Central, Luiz Augusto
Candiota, não encerra o caso e
querem ouvi-lo na CPI do Banestado, que apura remessas de dinheiro para o exterior. Eles também cobram explicações do presidente do BC, Henrique Meirelles.
De acordo com a revista "IstoÉ", Candiota está sendo investigado por evasão de divisas. Meirelles, segundo a reportagem, não
teria apresentado a declaração de
Imposto de Renda relativa a 2001.
"Ninguém é demitido por irregularidades e nenhuma irregularidade é investigada. A exemplo
do ex-assessor da Presidência da
República Waldomiro Diniz, o diretor do Banco Central pediu demissão. Ou seja, saiu a pedido. Espera-se que o governo acorde e
assuma a iniciativa de demitir
funcionários e assessores envolvidos em escândalos e irregularidades", afirmou em nota o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Para o presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros
(PSDB-MT), as explicações de
Candiota não são convincentes.
"A partir do instante que se envia
dinheiro para o exterior através
de uma "offshore" uruguaia, a
"conta Europa", e isso não é declarado à Receita Federal, ele tem
que se explicar. Ele utilizou a conta de um doleiro, o que é grave."
Mas o relator da CPI, deputado
José Mentor (PT-SP), não está
convencido da necessidade de
convocar o ex-diretor do BC para
depor. "A demissão é uma posição individual dele que temos que
respeitar, mas as investigações
continuam. Muita gente movimenta dinheiro no exterior, e não
há nada de errado nisso. Estamos
de recesso e ainda não analisei os
documentos e as informações divulgadas pela imprensa", disse.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), cobrou ainda
explicações do presidente do BC.
"Fica faltando o Meirelles, que
tem que ser convincente. Ele não é
um homem qualquer do sistema
financeiro, é o guardião da moeda
brasileira. Estou dando a ele prazo
até 2 de agosto, quando o Congresso reabre", afirmou.
O presidente nacional do PL,
deputado Valdemar Costa Neto
(SP), disse ontem que as denúncias contra Meirelles comprometeram a credibilidade do presidente do BC. Segundo ele, a posição de Meirelles é "delicada".
"[A situação do Meirelles] é delicada porque ele, como presidente do Banco Central, é um homem
que tem de ter muita credibilidade. Agora não cabe a mim julgar.
Eu acho que o Poder Judiciário e o
Ministério Público têm condições
de julgar se ele tem condições de
continuar ou não [no cargo]."
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