São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2004

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Ex-diretor pode ser ouvido em CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Parlamentares da oposição afirmaram ontem que a demissão do diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Augusto Candiota, não encerra o caso e querem ouvi-lo na CPI do Banestado, que apura remessas de dinheiro para o exterior. Eles também cobram explicações do presidente do BC, Henrique Meirelles.
De acordo com a revista "IstoÉ", Candiota está sendo investigado por evasão de divisas. Meirelles, segundo a reportagem, não teria apresentado a declaração de Imposto de Renda relativa a 2001.
"Ninguém é demitido por irregularidades e nenhuma irregularidade é investigada. A exemplo do ex-assessor da Presidência da República Waldomiro Diniz, o diretor do Banco Central pediu demissão. Ou seja, saiu a pedido. Espera-se que o governo acorde e assuma a iniciativa de demitir funcionários e assessores envolvidos em escândalos e irregularidades", afirmou em nota o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).
Para o presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), as explicações de Candiota não são convincentes. "A partir do instante que se envia dinheiro para o exterior através de uma "offshore" uruguaia, a "conta Europa", e isso não é declarado à Receita Federal, ele tem que se explicar. Ele utilizou a conta de um doleiro, o que é grave."
Mas o relator da CPI, deputado José Mentor (PT-SP), não está convencido da necessidade de convocar o ex-diretor do BC para depor. "A demissão é uma posição individual dele que temos que respeitar, mas as investigações continuam. Muita gente movimenta dinheiro no exterior, e não há nada de errado nisso. Estamos de recesso e ainda não analisei os documentos e as informações divulgadas pela imprensa", disse.
O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), cobrou ainda explicações do presidente do BC. "Fica faltando o Meirelles, que tem que ser convincente. Ele não é um homem qualquer do sistema financeiro, é o guardião da moeda brasileira. Estou dando a ele prazo até 2 de agosto, quando o Congresso reabre", afirmou.
O presidente nacional do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), disse ontem que as denúncias contra Meirelles comprometeram a credibilidade do presidente do BC. Segundo ele, a posição de Meirelles é "delicada".
"[A situação do Meirelles] é delicada porque ele, como presidente do Banco Central, é um homem que tem de ter muita credibilidade. Agora não cabe a mim julgar. Eu acho que o Poder Judiciário e o Ministério Público têm condições de julgar se ele tem condições de continuar ou não [no cargo]."


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