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CRISE NO AR
Empresa ainda tenta acordo para dívida total; só com a Infraero, soma chega a R$ 300 mi
Governo parcela R$ 65 mi para a Varig
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu ontem parcelar em oito vezes a dívida de
perto de R$ 65 milhões que a Varig contraiu com a Infraero (empresa estatal que administra os
aeroportos) entre janeiro e abril
deste ano. Serão parcelas mensais
de quase R$ 8 milhões cada uma.
O acerto está sendo considerado pelos dois lados -governo e
empresa- apenas "um ato de
boa vontade", pois a Varig tem
muitas outras dívidas acumuladas com empresas estatais, como
a BR Distribuidora, subsidiária da
Petrobras. Só com a própria Infraero, já são aproximadamente
R$ 300 milhões.
O pacote mais global de apoio à
empresa vem sendo discutido entre a Casa Civil e os ministérios da
Fazenda e da Defesa. Ontem, houve mais uma rodada de reuniões.
O governo caminha para um
consenso sobre o que e como fazer uma operação de apoio financeiro à Varig via BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). Há, porém,
sérias discordâncias sobre valores
e um temor disseminado sobre o
efeito em cascata de reivindicações nas demais empresas.
Só com a Infraero, as dívidas
das companhias aéreas já ultrapassam R$ 1,3 bilhão e elas reclamam de que a carga tributária
brasileira inviabiliza qualquer
equilíbrio financeiro.
Ontem, estiveram em Brasília os
presidentes da Varig, Luiz Martins, e da TAM, Carlos Bologna.
Martins teve encontro com o vice-presidente da República, José
Alencar, que está no exercício da
Presidência. Depois, ele e Bologna
tiveram encontros separados com
o ministro da Defesa, José Viegas.
Segundo Martins, à saída do
Planalto, é preciso encontrar uma
solução não apenas para uma empresa mas para todo o setor, porque, "se não houver uma regra
definida ao setor, todas as companhias ficarão em situações piores
do que já estão".
"Se o governo não agir, implantando regras e disciplinando o setor em termos de oferta, em termos de tributação, os problemas
vão continuar", disse ele.
Racionalização
A Varig tem alegado no governo
que tem tomado todas as medidas
possíveis de racionalização operacional, e o governo reconhece
parte desse esforço. A taxa de ocupação das aeronaves em junho,
por exemplo, foi de 65%, sete
pontos percentuais maior do que
no mesmo mês do ano passado. É
resultado, entre outros, do regime
de "code share" pelo qual Varig e
TAM compartilham vôos.
À noite, Viegas e dois assessores
eram convidados para um jantar
com os presidentes da Varig, da
TAM e também do da Gol, Constantino de Oliveira Jr. -cuja empresa é a única que não tem dívidas, por exemplo, com a Infraero.
Wagner Canhedo, presidente
da quarta considerada "grande"
do setor aéreo, a Vasp, não foi
convidado. Diferentemente dos
demais, que têm audiências com
ministros, ele tem sido recebido
ultimamente pelo segundo escalão do Ministério da Defesa.
Colaborou Eduardo Scolese,
da Sucursal de Brasília
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