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"De cabeça erguida", variguianos são vaiados em paralisação em Guarulhos
ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Funcionários da Varig no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, saíram de
mãos dadas ontem às 18h de
uma reunião com sindicalistas
e diretores da empresa, quando
foram notificados de que menos de um quarto do pessoal seria absorvido pela nova Varig.
Enquanto os representantes
do Sindicato dos Aeroviários no
Estado de São Paulo e do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos anunciavam como protesto a paralisação do atendimento e dos vôos previstos para as
horas seguintes, o grupo de
funcionários enfileirava-se
diante dos passageiros que esperavam desde o início da tarde
sem atendimento. Houve manifestações de solidariedade
para com os variguianos, mas
as vaias foram mais numerosas.
A agente de atendimento Danielle Cássia Pinto, que liderou
os colegas na lacrimosa procissão, falava em "manter a cabeça
erguida": "Os funcionários decidiram espontaneamente que
não adiantaria ficar lá atrás [a
área reservada] sem mostrar
nossa cara e nossa reivindicação aos passageiros", disse Danielle, há 14 meses na empresa.
"Foi meu sonho entrar aqui",
falou, para derramar lágrimas.
Negociação emperrada
Segundo Romildo Barroso,
da Federação Nacional dos
Trabalhadores do Transporte
Aéreo, o que ficou definido na
reunião foi que, dos 370 funcionários operacionais de Guarulhos, 100 ficariam. Dos 50 supervisores, quatro seriam mantidos, e dos seis gerentes, somente uma permaneceria.
Os funcionários esperavam
uma definição da Varig sobre
quando serão pagos os salários
atrasados, que em alguns casos
somam quatro meses, e haviam
prometido uma paralisação caso não houvesse resposta satisfatória até as 17h de ontem.
O sindicalista Rogério Aparecido dos Santos disse que a paralisação seria levada a cabo
"enquanto não depositarem os
salários atrasados" dos demitidos. No entanto, quando mais
tarde foram anunciados nomes
de funcionários que permaneceriam na Varig, chegou a haver
tumulto entre os que queriam
voltar ao trabalho e os que queriam manter a paralisação.
Em meio ao bate-boca, o italiano Giancarlo Gassino, que
por dificuldade com a língua dizia não entender o que se passava, pedia aos repórteres informações sobre como retornar a Milão, enquanto pessoas
com crachás do Departamento
de Aviação Civil observavam.
Depois da discussão entre os
trabalhadores -que incluiu
presença policial para controlar os ânimos-, a Varig retomou os serviços em Guarulhos.
Normalidade
No aeroporto de Congonhas,
o atendimento foi realizado
normalmente durante a tarde,
apesar da realização de uma
reunião em que foi previsto o
início de uma greve geral na
próxima terça-feira.
Zezualdo Freitas, funcionário que foi à reunião convocada
pelos sindicalistas, disse: "O
que chama a atenção é a falta de
definição da empresa" quanto
ao destino dos trabalhadores.
Variguianos que estavam nos
guichês da ponte aérea concordaram com a opinião. "Se derem os nomes hoje, ninguém
vem trabalhar no fim de semana", disse um deles, os quais
não quiseram se identificar.
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