São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cresce procura de estrangeiros por casas no Nordeste

Mercado imobiliário na região para turistas de fora do país deve movimentar R$ 16 bilhões nos próximos oito anos

Maior número de vôos, terrenos mais baratos e maior segurança jurídica são apontados como razões para alta do turismo residencial

JOANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA

O mercado de turismo residencial destinado a estrangeiros deve movimentar cerca de R$ 16 bilhões no Nordeste brasileiro nos próximos oito anos. Serão comercializados aproximadamente 80 mil casas e apartamentos.
A expectativa é da Adit (Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Nordeste Brasileiro), que reúne 52 empresas e entidades do setor.
Nos últimos anos, o número de estrangeiros, principalmente europeus, interessados em comprar casa no Nordeste brasileiro cresceu.
Grupos de investidores imobiliários, a maioria portugueses e espanhóis, estão vindo ao país para construir grandes condomínios residenciais de férias para seus conterrâneos.
Um deles é o grupo espanhol Qualta Resorts, que lançou em junho, em Pernambuco, o resort turístico The Reef Club. Além de hotéis e campo de golfe, ele pretende entregar 4.000 unidades residenciais até 2014.
Por causa dessa nova vocação turística, a Embratur está fazendo uma pesquisa sobre o perfil do turismo residencial. "Sentimos que esta é uma tendência mundial. As pessoas estão propensas a ter uma segunda casa fora de seus países", disse José Francisco Lopes, diretor de estudos e pesquisas.
A última pesquisa da Embratur sobre demanda internacional mostrou que 4,6% dos estrangeiros que procuraram o Brasil como destino turístico em 2005 disseram ter residência fixa no país.
O boom turístico de 1995 a 2000 ocorreu com os argentinos, em Santa Catarina, diz Lopes. Agora é a vez dos europeus no Nordeste. "Desde 2004, os europeus superaram os sul-americanos e hoje representam o maior fluxo turístico do país. Os europeus são turistas de sol e praia, leia-se Nordeste."
A Embratur disse que ainda não é possível fazer uma análise de eventuais reflexos da crise aérea no turismo residencial.
Especialistas apontam três razões fundamentais para o crescimento do turismo residencial. A primeira delas é o incremento no número de vôos para o Nordeste.
Os anuários estatísticos elaborados pela Embratur revelam que até 2002 apenas um Estado do Nordeste, a Bahia, figurava entre as quatro entradas de turistas por via aérea do país. De 2003 a 2006, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte apareceram entre as cinco principais portas para turistas que viajam de avião.
A saturação do mercado imobiliário espanhol é outro motivo apresentado. Segundo Daniel Rosenthal, diretor da agência Eugênio, especializada em mercado imobiliário, o preço médio do metro quadrado na Espanha é de 2.900. No Brasil, em Natal, é de cerca de 1.150. Em bairros nobres de Madri, supera 15 mil.
Por fim, há um sensível aumento da segurança jurídica nos negócios. "Com o Brasil a um passo de sair do risco de investimento, as pessoas perdem aquele pé atrás", diz Rosenthal.


Texto Anterior: Contra crise dos CDs, Sony BMG planeja promover shows
Próximo Texto: Investimento varia conforme a região; Pelourinho atrai franceses
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.