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Contra crise dos CDs, Sony BMG planeja promover shows
Executivos finalizam detalhes de projeto que permitirá à gravadora trazer ao Brasil artistas do catálogo internacional
Com a era da música digital,
indústria fonográfica no
mundo deve deixar de
ganhar US$ 160 bi até
2010, estima consultoria
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A gravadora Sony BMG começará a produzir e realizar
shows no Brasil. Batizado de
DayOne, o projeto permitirá
que a empresa promova no país
eventos de artistas do catálogo
internacional. Fazem parte da
Sony BMG os selos RCA, Columbia e Arista, entre outros.
Entre os artistas, estão Bruce
Springsteen, Céline Dion, Avril
Lavigne e Foo Fighters.
A intenção da empresa é
também organizar turnês de
músicos brasileiros a outros
países. Um dos primeiros artistas a entrar nessa lista será Roberto Carlos, que tem público
fiel em toda a América Latina.
Alexandre Schiavo, presidente da Sony BMG no Brasil,
esteve entre os dias 18 e 20 na
sede da empresa, em Nova
York, definindo os detalhes finais do projeto. Procurada pela
Folha, a Sony BMG não concedeu entrevista. Diversas pessoas ligadas ao mercado de música, no entanto, confirmaram
o projeto.
Perda de receita
A iniciativa, de acordo com
um ex-diretor da Sony Music,
faz parte da estratégia para melhorar o faturamento e a lucratividade da empresa, não só no
Brasil mas em todo o mundo.
Estudo da IBM Consulting indica que as perdas em faturamento da indústria fonográfica
devem girar entre US$ 90 bilhões e US$ 160 bilhões no período de 1999 a 2010.
O cálculo foi feito tendo por
base a taxa composta pelo crescimento do mercado e o faturamento potencial, depois do surgimento do Napster, programa
de troca de músicas. Isso porque a indústria de música cresceu no mundo nos últimos
anos, porém a indústria fonográfica só encolheu.
De acordo com o estudo da
IBM, feito com 200 executivos
seniores de mídia, analistas e
especialistas de mercado, o
problema foi causado porque a
"indústria ignorou problemas
com os preços de seus produtos, inovações em novos formatos e distribuição" e sofreu com
essa inércia.
Um executivo de uma grande
gravadora ouvida na pesquisa
diz que a reposição das vendas
de CDs por músicas digitais fica
bem distante da proporção de
um para um.
Segundo o grupo setorial
Music Managers Forum, de
Londres, no início desta década, dois terços da receita dos artistas vinham da venda de CDs.
O restante era proveniente de
shows e contratos publicitários. Hoje, as proporções se inverteram.
É exatamente para entrar
nessa parte mais rentável que a
Sony BMG lançará o projeto.
Porém, para existir, é necessário que o artista tenha um contrato de 360, como é conhecido nesse mercado. Em vez de
apenas gravar e distribuir discos, esse tipo de acordo prevê
que as gravadoras terão participação na receita de shows e
contratos publicitários.
Segundo um executivo da indústria fonográfica, esse tipo de
acordo não é bem-visto pelos
artistas. Isso porque as gravadoras têm fama de serem ávidas nos contratos em geral.
Algumas delas têm exigido
até o direito sobre nomes de
novos artistas e grupos para o
registro de endereço de páginas
na internet. Assim, impedem o
lançamento de sites para promover turnês e a venda de produtos e músicas.
Artistas iniciantes, no entanto, não se opõem a esse tipo de
contrato por causa da estrutura
das grandes gravadoras.
Já um produtor de shows
brasileiro ouvido pela Folha
acha que perderá apenas parte
de sua receita. Isso porque a
Sony deverá continuar contratando seus serviços para a execução e a promoção dos shows.
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