São Paulo, domingo, 29 de julho de 2007

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Contra crise dos CDs, Sony BMG planeja promover shows

Executivos finalizam detalhes de projeto que permitirá à gravadora trazer ao Brasil artistas do catálogo internacional

Com a era da música digital, indústria fonográfica no mundo deve deixar de ganhar US$ 160 bi até 2010, estima consultoria

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

A gravadora Sony BMG começará a produzir e realizar shows no Brasil. Batizado de DayOne, o projeto permitirá que a empresa promova no país eventos de artistas do catálogo internacional. Fazem parte da Sony BMG os selos RCA, Columbia e Arista, entre outros. Entre os artistas, estão Bruce Springsteen, Céline Dion, Avril Lavigne e Foo Fighters.
A intenção da empresa é também organizar turnês de músicos brasileiros a outros países. Um dos primeiros artistas a entrar nessa lista será Roberto Carlos, que tem público fiel em toda a América Latina.
Alexandre Schiavo, presidente da Sony BMG no Brasil, esteve entre os dias 18 e 20 na sede da empresa, em Nova York, definindo os detalhes finais do projeto. Procurada pela Folha, a Sony BMG não concedeu entrevista. Diversas pessoas ligadas ao mercado de música, no entanto, confirmaram o projeto.

Perda de receita
A iniciativa, de acordo com um ex-diretor da Sony Music, faz parte da estratégia para melhorar o faturamento e a lucratividade da empresa, não só no Brasil mas em todo o mundo. Estudo da IBM Consulting indica que as perdas em faturamento da indústria fonográfica devem girar entre US$ 90 bilhões e US$ 160 bilhões no período de 1999 a 2010.
O cálculo foi feito tendo por base a taxa composta pelo crescimento do mercado e o faturamento potencial, depois do surgimento do Napster, programa de troca de músicas. Isso porque a indústria de música cresceu no mundo nos últimos anos, porém a indústria fonográfica só encolheu.
De acordo com o estudo da IBM, feito com 200 executivos seniores de mídia, analistas e especialistas de mercado, o problema foi causado porque a "indústria ignorou problemas com os preços de seus produtos, inovações em novos formatos e distribuição" e sofreu com essa inércia.
Um executivo de uma grande gravadora ouvida na pesquisa diz que a reposição das vendas de CDs por músicas digitais fica bem distante da proporção de um para um.
Segundo o grupo setorial Music Managers Forum, de Londres, no início desta década, dois terços da receita dos artistas vinham da venda de CDs. O restante era proveniente de shows e contratos publicitários. Hoje, as proporções se inverteram.
É exatamente para entrar nessa parte mais rentável que a Sony BMG lançará o projeto. Porém, para existir, é necessário que o artista tenha um contrato de 360, como é conhecido nesse mercado. Em vez de apenas gravar e distribuir discos, esse tipo de acordo prevê que as gravadoras terão participação na receita de shows e contratos publicitários.
Segundo um executivo da indústria fonográfica, esse tipo de acordo não é bem-visto pelos artistas. Isso porque as gravadoras têm fama de serem ávidas nos contratos em geral.
Algumas delas têm exigido até o direito sobre nomes de novos artistas e grupos para o registro de endereço de páginas na internet. Assim, impedem o lançamento de sites para promover turnês e a venda de produtos e músicas.
Artistas iniciantes, no entanto, não se opõem a esse tipo de contrato por causa da estrutura das grandes gravadoras.
Já um produtor de shows brasileiro ouvido pela Folha acha que perderá apenas parte de sua receita. Isso porque a Sony deverá continuar contratando seus serviços para a execução e a promoção dos shows.


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