São Paulo, quarta-feira, 29 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investidor tem acesso restrito a reuniões

Associação passa a cobrar participação em encontros com empresas para inibir a presença de vendedores e "bocas-livres"

Entidade estuda forma para que pequenos investidores possam dialogar com os representantes das empresas que têm ações em Bolsa

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

A Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) decidiu cobrar, a partir do próximo dia 10, uma taxa de R$ 50 de quem participar das reuniões que realiza periodicamente em todo o país com as companhias abertas.
Nesses encontros -em 2008, na capital paulista, foram realizados cerca de 180-, representantes das empresas que têm ações negociadas na Bolsa de Valores apresentam os números do seu balanço e respondem a questões a respeito das suas atividades. O público-alvo dos eventos é formado por analistas, funcionários de corretoras e de bancos e pequenos investidores em ações. Nessas oportunidades, eles podem conversar diretamente com os gestores das companhias para tirar dúvidas e balizar estratégias de aplicação.
O problema é que as reuniões têm atraído uma audiência indesejada, afirma a Apimec, ao justificar a cobrança da taxa. "Passamos a ter problemas com pessoas que iam aos encontros com interesses diversos daqueles que são o seu objetivo", diz Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec-SP.
"Havia vendedores de seguros e de serviços dos mais diversos aproveitando para abordar os executivos da alta administração da companhia e tentar fazer algum negócio. E havia ainda aqueles não tinham nenhum interesse na apresentação, queriam somente tomar o café da manhã ou desfrutar do coquetel oferecido."
Tornaram-se comuns, também, longos discursos sobre temas ambientais e sociais no meio da sessão de perguntas, o que gerava vaias da audiência e alguma confusão. Entre os profissionais de mercado que frequentam assiduamente os encontros, ficou famoso o caso de um senhor que sempre se apresenta como sambista e pede à empresa da vez patrocínio para alguns projetos comunitários que organiza.
"As reuniões continuam abertas, não vamos excluir ninguém. Queremos apenas dar mais qualidade aos encontros, em prol de quem efetivamente está ali para a troca de informações", afirma Alexandre.

Isenções
Cada Apimec do interior do Estado de São Paulo e de outras regiões poderá adaptar a nova regra à sua realidade. Estão isentos da cobrança os associados da instituição -dar a estes mais benefícios é outro motivo da cobrança, segundo a Folha apurou-, convidados das empresas abertas que comandam as reuniões, membros da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), das corretoras credenciadas pela BM&FBovespa e jornalistas.
Segundo Alexandre, a Apimec estuda uma maneira de organizar a participação gratuita dos pequenos investidores e de estudantes. "Até 1999, era cobrada uma taxa de R$ 60, e funcionava muito bem."
Geraldo Soares, presidente do Ibri (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), diz não achar que a taxa será um obstáculo para a participação dos acionistas minoritários das companhias. "Creio que favorece o bom andamento dos encontros."


Texto Anterior: Câmbio: China diz estar preocupada com excesso de dólares no mercado
Próximo Texto: Operação ultrarrápida de ações é investigada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.