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Investidor tem acesso restrito a reuniões
Associação passa a cobrar participação em encontros com empresas para inibir a presença de vendedores e "bocas-livres"
Entidade estuda forma para que pequenos investidores possam dialogar com os representantes das empresas que têm ações em Bolsa
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
A Apimec (Associação dos
Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) decidiu cobrar, a partir
do próximo dia 10, uma taxa de
R$ 50 de quem participar das
reuniões que realiza periodicamente em todo o país com as
companhias abertas.
Nesses encontros -em 2008,
na capital paulista, foram realizados cerca de 180-, representantes das empresas que têm
ações negociadas na Bolsa de
Valores apresentam os números do seu balanço e respondem a questões a respeito das
suas atividades. O público-alvo
dos eventos é formado por analistas, funcionários de corretoras e de bancos e pequenos investidores em ações. Nessas
oportunidades, eles podem
conversar diretamente com os
gestores das companhias para
tirar dúvidas e balizar estratégias de aplicação.
O problema é que as reuniões
têm atraído uma audiência indesejada, afirma a Apimec, ao
justificar a cobrança da taxa.
"Passamos a ter problemas
com pessoas que iam aos encontros com interesses diversos daqueles que são o seu objetivo", diz Reginaldo Alexandre,
presidente da Apimec-SP.
"Havia vendedores de seguros e de serviços dos mais diversos aproveitando para abordar os executivos da alta administração da companhia e tentar fazer algum negócio. E havia ainda aqueles não tinham
nenhum interesse na apresentação, queriam somente tomar
o café da manhã ou desfrutar
do coquetel oferecido."
Tornaram-se comuns, também, longos discursos sobre temas ambientais e sociais no
meio da sessão de perguntas, o
que gerava vaias da audiência e
alguma confusão. Entre os profissionais de mercado que frequentam assiduamente os encontros, ficou famoso o caso de
um senhor que sempre se apresenta como sambista e pede à
empresa da vez patrocínio para
alguns projetos comunitários
que organiza.
"As reuniões continuam
abertas, não vamos excluir ninguém. Queremos apenas dar
mais qualidade aos encontros,
em prol de quem efetivamente
está ali para a troca de informações", afirma Alexandre.
Isenções
Cada Apimec do interior do
Estado de São Paulo e de outras
regiões poderá adaptar a nova
regra à sua realidade. Estão
isentos da cobrança os associados da instituição -dar a estes
mais benefícios é outro motivo
da cobrança, segundo a Folha
apurou-, convidados das empresas abertas que comandam
as reuniões, membros da CVM
(Comissão de Valores Mobiliários), do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), das corretoras credenciadas pela
BM&FBovespa e jornalistas.
Segundo Alexandre, a Apimec estuda uma maneira de
organizar a participação gratuita dos pequenos investidores e de estudantes. "Até 1999,
era cobrada uma taxa de R$ 60,
e funcionava muito bem."
Geraldo Soares, presidente
do Ibri (Instituto Brasileiro de
Relações com Investidores),
diz não achar que a taxa será
um obstáculo para a participação dos acionistas minoritários
das companhias. "Creio que favorece o bom andamento dos
encontros."
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