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Motoristas são detidos pela PM
LUCIANO CALAFIORI
free-lance para a Folha Campinas
Pelo menos dez caminhoneiros
foram detidos pela tropa de choque da Polícia Militar durante a
desocupação da rodovia Anhanguera, entre Sumaré e Americana
(133 km de São Paulo).
O caminhoneiro José Aparecido
de Souza, que estava parado no
pátio de um posto de gasolina na
rodovia Anhanguera, foi atingido
no olho direito por um estilhaço
de bomba lançada pela PM. Souza
foi internado em Sumaré (130 km
de São Paulo).
Pelo menos outros cinco motoristas de caminhão ficaram feridos, mas não procuraram atendimento em hospitais.
Os caminhoneiros foram detidos porque se recusaram a retirar
os veículos da rodovia, obstruída
desde segunda-feira de manhã.
Os detidos seriam levados para
o 3º DP (Distrito Policial), mas até
as 18h de ontem nenhum boletim
de ocorrência havia sido registrado, segundo a Polícia Militar.
Policiais da tropa de choque de
Campinas e São Paulo iniciaram a
ação para retirar os caminhoneiros da rodovia Anhanguera às
11h45, no km 104, em Sumaré.
Cerca de cem policiais armados
com metralhadoras, espingardas
e bombas de efeito moral e de gás
lacrimogêneo atiraram as bombas contra os caminhoneiros para
dispersá-los.
Por volta das 12h, os policiais
iniciaram outra operação de retirada no km 115 da rodovia, também em Sumaré.
Um motorista que não saiu do
caminhão levou um tiro de bala
de borracha na testa, e em seguida, foi retirado à força do veículo.
O motorista foi arrastado pelos
pés e detido pela polícia. O caminhoneiro dizia, aos gritos, que
não era criminoso e que não deveria ser tratado daquela maneira.
Depois de desobstruído o km
115, a tropa de choque se dirigiu
ao km 117, no Posto Pirajú, em
Nova Odessa (135 km de São Paulo). Cerca de 50 policiais invadiram o posto, quebrando vidros de
pelo menos cinco caminhões e
obrigando os motoristas a deixarem o local.
Os motoristas que estavam no
Posto Pirajú disseram que a polícia não escolhia o alvo.
""Quebraram o vidro do meu caminhão. Estávamos fazendo nossa greve sem problema nenhum",
disse o caminhoneiro Maurílio da
Silva, de Rio Claro.
A tropa de choque voltou a agir
às 16h no km 119 da rodovia
Anhanguera, na Pizzaria Cascata
Express, onde caminhoneiros estavam estacionados.
Os moradores do bairro São
Francisco, em Nova Odessa, que
fica ao lado da Pizzaria Cascata
Express, reclamaram da ação policial.
""Eles chegaram jogando bombas na gente. A tropa de choque
não deveria entrar em um bairro e
sair atirando", disse a dona-de-casa Fátima Aparecida Xavier, 33.
Os PMs chegaram ainda a atirar
outras bombas de efeito moral
contra um grupo de moradores e
jornalistas que cobriam a ação da
polícia.
Outro lado
Um dos comandantes das três
operações policiais, coronel Elzio
Nagalli, disse que a PM agir de
forma correta.
Segundo Nagalli, a PM teve de
agir dessa forma para manter a
ordem.
"A polícia não usou de violência, mas foi enérgica para poder
manter a ordem", afirmou.
A ação de policiais no Posto Pirajú também será investigada, segundo o coronel Nagalli.
O outro comandante da operação, coronel Lúcio Ricardo de Oliveira, disse que a ação policial foi
necessária para liberar as cargas
perecíveis que estavam paradas
na pista devido aos bloqueios,
principalmente os alimentos.
"Todas as pessoas que foram
detidas tentaram impedir a ação
da PM e ofenderam a tropa", disse
Oliveira.
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