São Paulo, Quinta-feira, 29 de Julho de 1999
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Motoristas são detidos pela PM

LUCIANO CALAFIORI
free-lance para a Folha Campinas

Pelo menos dez caminhoneiros foram detidos pela tropa de choque da Polícia Militar durante a desocupação da rodovia Anhanguera, entre Sumaré e Americana (133 km de São Paulo).
O caminhoneiro José Aparecido de Souza, que estava parado no pátio de um posto de gasolina na rodovia Anhanguera, foi atingido no olho direito por um estilhaço de bomba lançada pela PM. Souza foi internado em Sumaré (130 km de São Paulo).
Pelo menos outros cinco motoristas de caminhão ficaram feridos, mas não procuraram atendimento em hospitais.
Os caminhoneiros foram detidos porque se recusaram a retirar os veículos da rodovia, obstruída desde segunda-feira de manhã.
Os detidos seriam levados para o 3º DP (Distrito Policial), mas até as 18h de ontem nenhum boletim de ocorrência havia sido registrado, segundo a Polícia Militar.
Policiais da tropa de choque de Campinas e São Paulo iniciaram a ação para retirar os caminhoneiros da rodovia Anhanguera às 11h45, no km 104, em Sumaré.
Cerca de cem policiais armados com metralhadoras, espingardas e bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo atiraram as bombas contra os caminhoneiros para dispersá-los.
Por volta das 12h, os policiais iniciaram outra operação de retirada no km 115 da rodovia, também em Sumaré.
Um motorista que não saiu do caminhão levou um tiro de bala de borracha na testa, e em seguida, foi retirado à força do veículo.
O motorista foi arrastado pelos pés e detido pela polícia. O caminhoneiro dizia, aos gritos, que não era criminoso e que não deveria ser tratado daquela maneira.
Depois de desobstruído o km 115, a tropa de choque se dirigiu ao km 117, no Posto Pirajú, em Nova Odessa (135 km de São Paulo). Cerca de 50 policiais invadiram o posto, quebrando vidros de pelo menos cinco caminhões e obrigando os motoristas a deixarem o local.

Os motoristas que estavam no Posto Pirajú disseram que a polícia não escolhia o alvo.
""Quebraram o vidro do meu caminhão. Estávamos fazendo nossa greve sem problema nenhum", disse o caminhoneiro Maurílio da Silva, de Rio Claro.
A tropa de choque voltou a agir às 16h no km 119 da rodovia Anhanguera, na Pizzaria Cascata Express, onde caminhoneiros estavam estacionados.
Os moradores do bairro São Francisco, em Nova Odessa, que fica ao lado da Pizzaria Cascata Express, reclamaram da ação policial.
""Eles chegaram jogando bombas na gente. A tropa de choque não deveria entrar em um bairro e sair atirando", disse a dona-de-casa Fátima Aparecida Xavier, 33.
Os PMs chegaram ainda a atirar outras bombas de efeito moral contra um grupo de moradores e jornalistas que cobriam a ação da polícia.

Outro lado
Um dos comandantes das três operações policiais, coronel Elzio Nagalli, disse que a PM agir de forma correta.
Segundo Nagalli, a PM teve de agir dessa forma para manter a ordem.
"A polícia não usou de violência, mas foi enérgica para poder manter a ordem", afirmou.
A ação de policiais no Posto Pirajú também será investigada, segundo o coronel Nagalli.
O outro comandante da operação, coronel Lúcio Ricardo de Oliveira, disse que a ação policial foi necessária para liberar as cargas perecíveis que estavam paradas na pista devido aos bloqueios, principalmente os alimentos.
"Todas as pessoas que foram detidas tentaram impedir a ação da PM e ofenderam a tropa", disse Oliveira.



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