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Presidente foi induzido a "uma maluquice", diz Cabral
DANIELE CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio, Sérgio
Cabral (PMDB), afirmou que o
presidente Lula "está sendo induzido a uma maluquice" nas
discussões sobre royalties provenientes do pré-sal. Ele classificou de "covardia" com os Estados produtores a forma como
o assunto vem sendo tratado.
"Estão induzindo o presidente a uma atuação que não é característica dele", disse Cabral,
que amanhã participa de jantar
com Lula em Brasília para discutir o assunto. A presença do
governador do Espírito Santo,
Paulo Hartung (PMDB), também é aguardada.
Cabral disse que fará ao presidente uma apresentação de
quanto o Estado do Rio de Janeiro perderia com as mudanças na destinação dos royalties.
Segundo ele, levando-se em
conta que as reservas estimadas do pré-sal são de 40 bilhões
de barris, o Rio deveria receber,
pelas regras atuais, cerca de R$
14 bilhões por ano de royalties.
Isso equivale a 70% da arrecadação do Estado hoje.
"Se São Paulo receber R$ 14
bilhões anuais, e o Espírito
Santo, R$ 5 bilhões por ano, seriam R$ 33 bilhões por ano de
royalties. A União ganharia,
portanto, outros R$ 33 bilhões
por ano. Isso é menos que a arrecadação com a CPMF.".
Cabral classificou como um
"carnaval nacionalista" as afirmações de que as receitas do
pré-sal seriam a solução para a
distribuição de renda do País.
Cabral sugere a Lula que cancele a cerimônia de segunda-feira, em que o governo apresentará a proposta do marco regulatório do pré-sal, com previsão
de 3.000 convidados. Antes de
ter sido chamado para conversar com Lula amanhã, Cabral
chegou a dizer que não iria à cerimônia e, até o momento, não
voltou atrás.
Carioca, o ministro do Meio
Ambiente, Carlos Minc, também defendeu a manutenção
dos royalties. "Há risco na extração, no transporte e na
transformação. É razoável que
os Estados que produzem e
transportam tenham royalty.
Rondônia não tem risco como a
baía de Guanabara tem".
O secretário de Fazenda do
Rio, Joaquim Levy, ironizou a
decisão do governo de optar pelo modelo de partilha na exploração e produção do pré-sal.
Pelo modelo, o governo recebe
todo o petróleo produzido, e os
royalties são extintos.
"Para que mudar? Dêem-me
um motivo que justifique. Por
que o governo quer receber petróleo? Acha que a Petrobras
não vende direito? Ou vai querer sujar as mãos de petróleo
pra ficar feliz? Qual é o sentido
disso?", questionou.
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