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MONOPÓLIO ESTATAL
IRB deve ser retirado da lista de privatizações, diz Bittar
PT manterá controle de resseguro
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O Partido dos Trabalhadores
quer manter o monopólio estatal
no mercado de resseguros. Segundo o deputado federal Jorge
Bittar (PT-RJ), o IRB-Brasil Re
(ex-Instituto de Resseguros do
Brasil) deve ser retirado da lista de
privatização logo.
A estatal foi colocada no Programa Nacional de Desestatização em 1997, mas o leilão de venda foi suspenso por uma ação judicial, movida pelo PT.
Em outubro de 2002, o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou
inconstitucional a regulamentação do fim do monopólio dos resseguros por lei ordinária. A retomada do processo de privatização
depende da aprovação de uma lei
complementar pelo Congresso.
O resseguro é a forma de as
companhias seguradoras diluírem os riscos de prejuízo quando
ocorrem grandes sinistros, como
a destruição das torres do World
Trade Center de Nova York, ou o
naufrágio da plataforma de petróleo P-36, da Petrobrás.
Por causa do monopólio, as
operações de resseguro só podem
ser feitas no Brasil por meio do
IRB, que transfere parte dos riscos
para as resseguradoras de fora.
O presidente da Federação Nacional das Empresas de Seguro e
Capitalização (Fenaseg), João Elísio Ferraz de Campos, diz que a
manutenção do monopólio estatal é um retrocesso. O modelo de
privatização elaborado no governo FHC previa a abertura total do
mercado em dois anos.
Segundo informação do mercado segurador, apenas Brasil, Cuba, Zimbábue e Quênia mantêm
monopólio estatal no resseguro.
China, Tailândia, Índia e Coréia,
que tinham monopólio, iniciaram
a abertura do mercado.
""O monopólio encarece o custo
do resseguro e inibe o desenvolvimento do mercado segurador",
afirma o presidente da Fenaseg. O
IRB diz que suas taxas são equivalentes às do mercado externo .
""Se eu quiser fazer uma operação de resseguro no Brasil tenho
de ir ao IRB e esperar que um burocrata me atenda. Se o mercado
fosse aberto, eu teria 15 resseguradoras na minha porta. O IRB faz
as normas do resseguro. Ou seja,
ele regula a si mesmo", diz João
Elísio Campos.
Mercado dividido
O mercado segurador está dividido em relação à privatização e à
quebra do monopólio. A Folha
apurou que o Bradesco -principal acionista do IRB-Brasil, depois da União- está favorável à
manutenção do status atual, pois
o IRB tem tido lucro crescente. No
ano passado, faturou R$ 2,4 bilhões e lucrou R$ 336 milhões.
O IRB pediu em abril ao Ministério da Fazenda para ser excluído
da lista de privatização. O pedido
foi assinado pelo presidente da estatal, Lídio Duarte.
Em julho, o presidente do SINTRes (Sindicato Nacional dos
Trabalhadores em Resseguros),
Francisco Carvalho, recebeu um
ofício da Secretaria do Tesouro
Nacional informando que a medida está em estudo.
O deputado Jorge Bittar, que foi
um dos formuladores do plano de
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defende a manutenção do monopólio estatal com
o argumento de que a abertura do
mercado não garante a redução
dos preços: ""O mercado financeiro foi aberto ao capital estrangeiro
e o "spread" bancário (diferença
entre taxa de captação e de empréstimo) não diminuiu."
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