São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Taxa de investimento chega a 20,5% do PIB

Proporção é a mais alta para 1º semestre desde 95, mas analistas dizem que patamar não garante expansão acima de 3,5% ao ano

Taxa de poupança recua para 22,7% do PIB, com o aumento do consumo das famílias e dos gastos do governo, aponta o IBGE


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de investimento da economia brasileira ficou em 20,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro semestre deste ano. Trata-se da maior proporção para o primeiro semestre desde 1995, quando o investimento era 22,1% do PIB.
Segundo analistas, o investimento cresceu a um ritmo mais acelerado do que o PIB, dado o desempenho do primeiro semestre, de expansão de 2,2% em relação a igual período do ano anterior.
Segundo Maria Laura Muanis, economista do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o comportamento do investimento no período está relacionado à queda da taxa básica de juros, ao aumento do crédito nominal para pessoa jurídica e ao efeito dos preços.
O preço foi fator fundamental para o crescimento da economia em valores. No segundo trimestre, o PIB somou R$ 508,7 bilhões contra R$ 480,2 bilhões em igual período do ano passado. A diferença de R$ 28,6 bilhões entre os dois valores foi resultado do crescimento em preços de 4,7% e da expansão em volume de 1,2%. No primeiro semestre, o PIB somou R$ 987,1 bilhões.
A análise do segundo trimestre mostra que a taxa de investimento atingiu 20,1% do PIB, a maior proporção para um segundo trimestre desde 1997.
Para Guilherme Maia, analista da consultoria Tendências, o crescimento do investimento no primeiro semestre confirma uma tendência verificada nos últimos anos, mas ainda não é suficiente para alavancar a taxa de crescimento do país. "É necessário acumular capital para aumentar a taxa de crescimento e para o país superar o ritmo de 3,0% a 3,5% ao ano", disse.
De acordo com os cálculos da consultoria, um crescimento da ordem de 5,5% ao ano da economia exige uma taxa de investimento na faixa de 29%, uma perspectiva que só poderia ser atingida no longo prazo.
Para chegar a esse patamar, ele afirma que o país precisaria passar por reformas para garantir o cumprimento dos contratos aos investidores, por melhoras nas agências reguladoras e pelo desenvolvimento dos mercados de crédito e capitais.
De acordo com a análise do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o patamar atual de investimentos "continua aquém do desejável para a economia brasileira". Para o Iedi, o crescimento do primeiro semestre foi realizado "em bases frágeis" e o país deverá continuar "na lanterna" em termos de crescimento entre os emergentes.
O aumento do consumo das famílias e do governo teve como conseqüência uma redução da taxa de poupança em relação ao primeiro semestre de 2005. Nos primeiros seis meses de 2006, a taxa chegou a 22,7% do PIB contra 23,2% em 2005. Para Maia, o crescimento depende da melhora da poupança do setor público, do ajuste fiscal, da absorção da poupança externa e da poupança privada.


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