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Taxa de investimento chega a 20,5% do PIB
Proporção é a mais alta para 1º semestre desde 95, mas analistas dizem que patamar não garante expansão acima de 3,5% ao ano
Taxa de poupança recua para 22,7% do PIB, com o aumento do consumo das famílias e dos gastos do governo, aponta o IBGE
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de investimento da
economia brasileira ficou em
20,5% do PIB (Produto Interno
Bruto) no primeiro semestre
deste ano. Trata-se da maior
proporção para o primeiro semestre desde 1995, quando o
investimento era 22,1% do PIB.
Segundo analistas, o investimento cresceu a um ritmo mais
acelerado do que o PIB, dado o
desempenho do primeiro semestre, de expansão de 2,2%
em relação a igual período do
ano anterior.
Segundo Maria Laura Muanis, economista do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), o comportamento
do investimento no período está relacionado à queda da taxa
básica de juros, ao aumento do
crédito nominal para pessoa jurídica e ao efeito dos preços.
O preço foi fator fundamental para o crescimento da economia em valores. No segundo
trimestre, o PIB somou R$
508,7 bilhões contra R$ 480,2
bilhões em igual período do ano
passado. A diferença de R$ 28,6
bilhões entre os dois valores foi
resultado do crescimento em
preços de 4,7% e da expansão
em volume de 1,2%. No primeiro semestre, o PIB somou R$
987,1 bilhões.
A análise do segundo trimestre mostra que a taxa de investimento atingiu 20,1% do PIB, a
maior proporção para um segundo trimestre desde 1997.
Para Guilherme Maia, analista da consultoria Tendências, o
crescimento do investimento
no primeiro semestre confirma
uma tendência verificada nos
últimos anos, mas ainda não é
suficiente para alavancar a taxa
de crescimento do país. "É necessário acumular capital para
aumentar a taxa de crescimento e para o país superar o ritmo
de 3,0% a 3,5% ao ano", disse.
De acordo com os cálculos da
consultoria, um crescimento
da ordem de 5,5% ao ano da
economia exige uma taxa de investimento na faixa de 29%,
uma perspectiva que só poderia
ser atingida no longo prazo.
Para chegar a esse patamar,
ele afirma que o país precisaria
passar por reformas para garantir o cumprimento dos contratos aos investidores, por melhoras nas agências reguladoras e pelo desenvolvimento dos
mercados de crédito e capitais.
De acordo com a análise do
Iedi (Instituto de Estudos para
o Desenvolvimento Industrial), o patamar atual de investimentos "continua aquém do
desejável para a economia brasileira". Para o Iedi, o crescimento do primeiro semestre
foi realizado "em bases frágeis"
e o país deverá continuar "na
lanterna" em termos de crescimento entre os emergentes.
O aumento do consumo das
famílias e do governo teve como conseqüência uma redução
da taxa de poupança em relação
ao primeiro semestre de 2005.
Nos primeiros seis meses de
2006, a taxa chegou a 22,7% do
PIB contra 23,2% em 2005. Para Maia, o crescimento depende da melhora da poupança do
setor público, do ajuste fiscal,
da absorção da poupança externa e da poupança privada.
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