São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Parcela fixa para comprar casa começa em outubro

Para Febraban, modalidade pode deter 20% da carteira imobiliária em 5 anos

Hoje, essa linha de crédito não pode usar recursos da poupança e cobra em média 18% ao ano; expectativa é que nova regra reduza taxa


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os bancos devem começar a oferecer os financiamentos habitacionais com prestações fixas no mês que vem. De acordo com o diretor de Crédito Imobiliário da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), Natalino Gazonato, as instituições financeiras estavam esperando apenas a publicação, feita ontem pelo governo, da taxa de juros prefixada que será usada nessas operações para lançar novos produtos no mercado.
Gazonato estima que o empréstimo com prestações fixas poderá responder por cerca de 20% do estoque do crédito imobiliário em aproximadamente cinco anos, caso a economia continue estável, e as taxas de juros, em queda. Há cerca de R$ 45 bilhões aplicados em financiamentos imobiliários.
"Os bancos vinham trabalhando [desde que o governo anunciou o pacote] e estão em condições de oferecer esse tipo de financiamento já em outubro", diz Gazonato.
O empréstimo habitacional com prestações fixas foi criado pelo governo no pacote anunciado no início do mês, e a fórmula da taxa de juros que será aplicada nessas operações foi publicada ontem pelo Banco Central. Ela será uma média da TR (Taxa Referencial, que corrige a poupança) de 90 dias e terá revisões mensais que, no entanto, serão aplicadas apenas a contratos novos, não influenciando o financiamento que já tenha sido concedido.
Hoje, a regra no mercado são operações com taxa de juros pós-fixadas -a cada mês o valor da prestação é calculado com base na variação da TR e juros anuais de 12%.
Com isso, quando há aumento na taxa Selic, a TR sobe, e, com ela, a prestação da casa própria. No extremo, o mutuário pode acabar com um financiamento muito acima de sua capacidade de pagamento.
A vantagem nesses financiamentos é que, em momentos de redução dos juros, como vem ocorrendo desde setembro do ano passado, a TR também cai e a prestação mensal diminui.
Os empréstimos com prestações fixas que já são feitos pelos bancos têm uma taxa de juros de cerca de 18% ao ano, muito acima do que é cobrado de quem tem prestações variáveis. É que os bancos não tinham autorização do governo para usar recursos da poupança nessas operações. Com o pacote habitacional, essa regra mudou e as instituições financeiras poderão cobrar juros mais próximos dos 14% anuais dos financiamentos pós-fixados.
Para quem tomar um empréstimo na nova modalidade, a grande vantagem será a previsibilidade nos pagamentos mensais. Como a taxa de juros que valerá por todo o período do contrato será definida no momento da assinatura, o mutuário estará protegido de qualquer oscilação na taxa de juros. Ele terá ganho se a Selic subir, mas poderá pagar mais juros do que um mutuário com prestações variáveis, caso a taxa caia.
O governo aposta que a concorrência entre os bancos fará surgir um outro tipo de financiamento imobiliário, ainda mais vantajoso para o mutuário: com taxa de juros fixas, sem indexação à TR. Na avaliação de Gazonato, os bancos vão competir pelos clientes que querem comprar a casa própria e devem, de fato, oferecer vantagens como prazo mais longo, valor de financiamento mais elevado e até juros mais baixos.


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