São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Para Ghosn, não há "pressa" nas negociações com GM

Renault-Nissan não depende de aliança, diz CEO

JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Faltam três semanas para que seja confirmada a parceria entre Renault, Nissan e General Motors. Cogita-se que, se não sair do papel, o acordo pode ser com a Ford. No entanto, o presidente das montadoras européia e asiática, o brasileiro Carlos Ghosn, afirma estar tranqüilo.
"O nosso futuro não depende disso. Com a parceria, ele pode ser diferente", afirmou Ghosn ontem, durante o Salão de Paris. "Não estamos com pressa. Não precisamos disso." O executivo reiterou que a Renault terá uma margem operacional de 6% em 2009, um dos pontos principais de seu plano de reestruturação da empresa, anunciado em fevereiro.
Ele explica que foi a GM quem o procurou e que não poderia ignorar um convite desses. "É função de um CEO analisar um pedido assim. Pode acrescentar valor às marcas, além de lucro. Respondi a uma oportunidade que apareceu."
Como o anúncio será feito em breve, é bastante provável que a decisão já tenha sido tomada. Oficialmente, no entanto, Ghosn diz que analisa o que a sinergia poderia trazer às montadoras. Por isso a questão de "como ser feita" ainda não foi discutida porque o "quanto pode ser integrado" ainda não foi decidido.
O executivo também descarta relações curtas. "A aliança Renault-Nissan funciona porque é de longo prazo." Uma fábrica tem ações da outra, o que especialistas consideram a melhor forma de união. "Uma cooperação só dá certo se as pessoas entenderem que vão aprender com as outras."

Emergentes
Ghosn afirma acreditar nos países emergentes e fala com um ar de tristeza que a filial brasileira da Renault não esteja indo bem -até hoje, as operações sempre foram deficitárias. "Podemos fazer um trabalho bem melhor. A Argentina está melhor que o Brasil."
Seu plano prevê que a Renault faça seis novos carros na planta de São José dos Pinhais (PR) até 2009. O primeiro, o Mégane Sedan, está aquém das expectativas. Planejado para ter mil carros vendidos por mês, emplacou 578 unidades em agosto. "Houve problemas de logística e organização."
O presidente da Renault do Brasil, Jérôme Stoll, paralisou a linha de produção por 45 dias entre junho e julho para ganhar tempo. "O carro era bom, mas demorava para ficar pronto, e a fábrica não daria conta de absorver os novos produtos. Reestruturamos e ganhamos 10% de tempo", disse Stoll.


JOSÉ AUGUSTO AMORIM, editor-assistente de Veículos, viajou a convite da Anfavea

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