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Poder de negociação define preço, diz Apas
Para associação de supermercados, diferença de valores decorre principalmente de parcerias com fornecedores e do tipo de loja
Redes menores afirmam que não conseguem cortar preços de alguns produtos porque indústrias priorizam fornecimento a grandes lojas
DA REPORTAGEM LOCAL
O poder de negociação dos
supermercados e dos hipermercados com os fornecedores
define a política de preços dos
produtos nos pontos-de-venda,
assim como a concorrência vizinha e o poder de compra do
consumidor, na avaliação das
redes e da Apas (Associação
Paulista de Supermercados).
"Existe mesmo diferença de
preço de um mesmo produto
nas lojas até bem próximas. Isso é reflexo, principalmente, de
negociação feita entre as indústrias e as lojas e também da disposição do consumidor em pagar pelo produto", afirma Martinho Paiva Moreira, vice-presidente da Apas.
É preciso destacar também,
segundo informa Moreira, que
estão cada vez mais comuns as
parcerias entre as redes e os
fornecedores para elevar as
vendas dos produtos. E essas
parcerias resultam em preços
mais baixos de mercadorias em
alguns pontos-de-venda.
Quando uma loja se torna
parceira de uma indústria, ela
se compromete a vender um
volume de produtos a um preço
combinado. No caso das grandes redes, o lucro com a venda
dessas mercadorias chega até a
ser dividido com os fabricantes,
segundo informa Moreira. "Isso explica o fato de algumas lojas terem preços melhores do
que outras. Tudo é reflexo de
negociação", afirma.
O grupo Pão de Açúcar informa que hipermercados e supermercados têm políticas diferenciadas de preços e que preços de supermercados não podem ser comparados aos de hipermercados. Também diz que
um produto pode custar mais
em determinada loja em uma
semana e menos nesse mesmo
local na semana seguinte.
"Para serem mais competitivas, as lojas [Pão de Açúcar e
CompreBem] têm como procedimento o levantamento de
preços de concorrentes próximos", afirma o grupo por meio
de nota. Informa ainda que os
hipermercados, que estão mais
afastados dos grandes centros,
oferecem, geralmente, preços
mais baixos do que os supermercados, que têm custo operacional mais elevado. As lojas
que oferecem mais serviços, segundo informa o Pão de Açúcar, têm preços mais altos do
que os das que não oferecem.
"Os preços dos produtos dependem principalmente da negociação com o fornecedor, dos
preços dos concorrentes e da
política de ofertas", diz Roberto
Moreno, diretor-executivo da
rede Sonda. "A rede Sonda adota uma política de fixação de
preços regional, ou seja, cada
loja tem a sua. É o consumidor
que sinaliza o quanto está disposto a pagar pelo produto."
Fornecedores
Com sete lojas no Estado de
São Paulo, a rede Pastorinho
informa que, no caso de alguns
produtos, vende a preços mais
elevados do que a concorrência
vizinha porque também paga
mais caro pelas mercadorias
para os fornecedores.
Informa ainda que algumas
indústrias estão mais preocupadas em abastecer as grandes
redes, já que são elas que garantem "market share", e que a sua
loja de Perdizes tem, no caso de
alguns produtos, preços mais
altos do que os de outras lojas
da rede localizadas em bairros
onde os consumidores têm menor poder aquisitivo.
A rede Wal-Mart informa
que negocia diretamente com
as indústrias para obter preços
mais baixos e, ao mesmo tempo, com fornecedores regionais
que possam atender demandas
locais com produtos de qualidade, a preços competitivos e
com baixo custo de transporte.
"A política de preços baixos é
nacional, mas há fatores que interferem no preço final de cada
região, tais como localização da
loja, operação logística e questões tributárias."
Uma das maiores fornecedoras de produtos de higiene, limpeza e alimentos para os supermercadistas informa que a política de preços depende de parcerias estratégicas que são realizadas com o varejo, como
campanhas para reciclagem e
educação.
Procurada pela Folha, a rede
Carrefour prefere não comentar o assunto por considerá-lo
estratégico, segundo informa a
assessoria de imprensa da rede.
Gestão
Fábio Silveira, sócio-diretor
da RC Consultores, diz que os
preços dos supermercados
também são pautados pela eficiência de gestão de estoques
das empresas, pela proximidade dos centros de distribuição e
pela renda do consumidor dos
bairros onde estão instalados.
"E, muitas vezes, a partir de
uma negociação com o fornecedor, a loja coloca o preço de um
produto bem baixo para atrair
clientes e elevar as vendas dos
produtos que não estão em promoção. O fato é que o consumidor tem de pesquisar sempre
antes de comprar."
(FF e CR)
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