São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Poder de negociação define preço, diz Apas

Para associação de supermercados, diferença de valores decorre principalmente de parcerias com fornecedores e do tipo de loja

Redes menores afirmam que não conseguem cortar preços de alguns produtos porque indústrias priorizam fornecimento a grandes lojas

DA REPORTAGEM LOCAL

O poder de negociação dos supermercados e dos hipermercados com os fornecedores define a política de preços dos produtos nos pontos-de-venda, assim como a concorrência vizinha e o poder de compra do consumidor, na avaliação das redes e da Apas (Associação Paulista de Supermercados).
"Existe mesmo diferença de preço de um mesmo produto nas lojas até bem próximas. Isso é reflexo, principalmente, de negociação feita entre as indústrias e as lojas e também da disposição do consumidor em pagar pelo produto", afirma Martinho Paiva Moreira, vice-presidente da Apas.
É preciso destacar também, segundo informa Moreira, que estão cada vez mais comuns as parcerias entre as redes e os fornecedores para elevar as vendas dos produtos. E essas parcerias resultam em preços mais baixos de mercadorias em alguns pontos-de-venda.
Quando uma loja se torna parceira de uma indústria, ela se compromete a vender um volume de produtos a um preço combinado. No caso das grandes redes, o lucro com a venda dessas mercadorias chega até a ser dividido com os fabricantes, segundo informa Moreira. "Isso explica o fato de algumas lojas terem preços melhores do que outras. Tudo é reflexo de negociação", afirma.
O grupo Pão de Açúcar informa que hipermercados e supermercados têm políticas diferenciadas de preços e que preços de supermercados não podem ser comparados aos de hipermercados. Também diz que um produto pode custar mais em determinada loja em uma semana e menos nesse mesmo local na semana seguinte.
"Para serem mais competitivas, as lojas [Pão de Açúcar e CompreBem] têm como procedimento o levantamento de preços de concorrentes próximos", afirma o grupo por meio de nota. Informa ainda que os hipermercados, que estão mais afastados dos grandes centros, oferecem, geralmente, preços mais baixos do que os supermercados, que têm custo operacional mais elevado. As lojas que oferecem mais serviços, segundo informa o Pão de Açúcar, têm preços mais altos do que os das que não oferecem.
"Os preços dos produtos dependem principalmente da negociação com o fornecedor, dos preços dos concorrentes e da política de ofertas", diz Roberto Moreno, diretor-executivo da rede Sonda. "A rede Sonda adota uma política de fixação de preços regional, ou seja, cada loja tem a sua. É o consumidor que sinaliza o quanto está disposto a pagar pelo produto."

Fornecedores
Com sete lojas no Estado de São Paulo, a rede Pastorinho informa que, no caso de alguns produtos, vende a preços mais elevados do que a concorrência vizinha porque também paga mais caro pelas mercadorias para os fornecedores.
Informa ainda que algumas indústrias estão mais preocupadas em abastecer as grandes redes, já que são elas que garantem "market share", e que a sua loja de Perdizes tem, no caso de alguns produtos, preços mais altos do que os de outras lojas da rede localizadas em bairros onde os consumidores têm menor poder aquisitivo.
A rede Wal-Mart informa que negocia diretamente com as indústrias para obter preços mais baixos e, ao mesmo tempo, com fornecedores regionais que possam atender demandas locais com produtos de qualidade, a preços competitivos e com baixo custo de transporte.
"A política de preços baixos é nacional, mas há fatores que interferem no preço final de cada região, tais como localização da loja, operação logística e questões tributárias."
Uma das maiores fornecedoras de produtos de higiene, limpeza e alimentos para os supermercadistas informa que a política de preços depende de parcerias estratégicas que são realizadas com o varejo, como campanhas para reciclagem e educação.
Procurada pela Folha, a rede Carrefour prefere não comentar o assunto por considerá-lo estratégico, segundo informa a assessoria de imprensa da rede.

Gestão
Fábio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores, diz que os preços dos supermercados também são pautados pela eficiência de gestão de estoques das empresas, pela proximidade dos centros de distribuição e pela renda do consumidor dos bairros onde estão instalados.
"E, muitas vezes, a partir de uma negociação com o fornecedor, a loja coloca o preço de um produto bem baixo para atrair clientes e elevar as vendas dos produtos que não estão em promoção. O fato é que o consumidor tem de pesquisar sempre antes de comprar."
(FF e CR)


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