São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Avanço industrial esconde distorções, diz Iedi

Apesar do crescimento expressivo da indústria anunciado pelo IBGE neste mês, o avanço deve ser interpretado com cautela, segundo o Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial).
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi, diz que o avanço da indústria brasileira deve ser comemorado, mas esconde, em um crescimento acumulado muito bom, o fato de que há setores que ainda vão muito mal na economia brasileira.
"Quando a indústria começa a crescer, é normal que alguns setores despontem, mas, com o tempo, deve haver mais homogeneidade -o que não aconteceu conosco", diz o consultor.
Dos 27 setores pesquisados pelo IBGE, 11 tiveram queda ou avançaram pouco no trimestre encerrado em julho deste ano, em relação aos mesmos meses do ano passado.
No período, as indústrias de calçados, madeira, perfumaria, produtos de limpeza, têxtil e fumo tiveram crescimento negativo. Os setores de alimentos, bebidas, edição, impressão e reprodução de gravações, vestuário, material eletrônico, diversos e aparelhos e equipamentos de comunicação tiveram baixo ritmo de crescimento.
Segundo Gomes de Almeida, mesmo os setores da indústria que cresceram muito -como veículos automotores, máquinas e equipamentos e outros veículos de transporte- começam a dar sinais de queda na trajetória de crescimento.
O especialista diz que é normal que esses segmentos da indústria que avançaram muito nos últimos meses, agora, tenham queda no ritmo de crescimento. No entanto, afirma que, como eram eles que puxavam o índice geral da indústria, a tendência é de desaceleração.
"A alternativa para manter índices tão bons na indústria é que outros setores comecem a ter uma trajetória crescente, e isso não é o que vemos agora", afirma o consultor do Iedi.
Entre os setores que poderiam ser alavancados, segundo Gomes de Almeida, estão a indústria petroquímica e a farmacêutica, que, por ora, registram crescimento irregular.

Falta de talento é um dos principais entraves em empresas, diz pesquisa

A falta de infra-estrutura e de talentos é o fator que mais atrapalha o crescimento das companhias no Brasil, segundo pesquisa da Gallup Consulting.
A consultoria ouviu 70 presidentes de empresas multinacionais e brasileiras. Do total de entrevistados, 47% são de empresas americanas no país e 33% são presidentes de companhias brasileiras. Há 14 entrevistados de empresas de outras nacionalidades ou de estatais.
O estudo mostra que 86% dos executivos dizem que a carência de infra-estrutura pode restringir o crescimento da empresa. Nesse percentual, estão os que se queixam da infra-estrutura tanto do país quanto da empresa. A falta de talentos foi citada por 53% dos presidentes.
Apesar das queixas, há otimismo sobre a capacidade de crescimento das empresas. Segundo a Gallup, 81% dos entrevistados afirmam que a companhia em que atuam terá um ano melhor ou muito melhor em 2008 em relação a 2007.
Os executivos foram ouvidos de junho a agosto, quando a crise internacional já havia mostrado a força e os juros e a inflação no Brasil já tinham subido.

PETISCO
A empresa de vendas diretas Herbalife investe US$ 2 mihões neste ano para desenvolver produtos e fazer publicidade, entre outras ações. Com o lançamento de uma linha de lanches, com sopas instantâneas e barras de proteínas, a empresa aumenta a produção no Brasil. Há dois anos, todos os produtos eram importados e, agora, cerca de 16% do portfólio é fabricado no país.

NAS GERAIS
A Microcity, empresa de Minas Gerais que terceiriza computadores, cresceu 20% no primeiro semestre deste ano e obteve receita de R$ 32 milhões no período. De janeiro a junho de 2008, a Microcity fechou contrato com Vale, Fininvest, Unimed-BH e banco Schahin. A empresa ganhou 12 novos contratos no período. A expectativa é atingir R$ 100 milhões de faturamento no ano que vem.

AO TRABALHO
Apesar da crise, do total de vagas preenchidas no mercado brasileiro para executivos em 12 meses até agosto, 17,8% foram para atuar na área financeira, segundo levantamento da consultoria DBM, especializada em gestão do capital humano. Na seqüência, ficou a área comercial.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI



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