São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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Obama e McCain declaram apoio a pacote

Candidatos à Presidência dos EUA, que são senadores, sinalizam que vão votar a favor de plano de socorro aos mercados

Para democrata, sua posição visa salvar "economia real'; republicano, que impusera objeções ao pacote, diz que será preciso "engolir a seco"

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Os dois principais candidatos à Presidência dos Estados Unidos declararam ontem que deverão apoiar no Senado o pacote de US$ 700 bilhões para socorrer o mercado financeiro americano.
O republicano John McCain, que é senador pelo Estado do Arizona, e o democrata Barack Obama, senador por Illinois, disseram em entrevistas que aguardavam a redação final do projeto -logo depois divulgada- para garantir seu voto favorável a ele -mas que, mesmo sendo amargo, o remédio seria necessário para recuperar a economia.
Candidato de oposição ao presidente George W. Bush, Obama se disse "inclinado" a apoiar o pacote, em atitude coerente ao perfil democrata de maior intervenção na economia. Entre as "exigências" de Obama para aprovar o plano, estava o veto a bônus polpudos a executivos de bancos socorridos pelo pacote, que foi aceito.
"Não estou feliz, não deveríamos ter chegado a essa situação (...) Mas acho que algo tem de ser feito", disse Obama à rede de TV CBS. O candidato disse que sua atitude não visa o "bem-estar de Wall Street", mas salvar a "economia real", que está "em risco".
McCain, que tem manifestado posições controversas sobre socorrer ou não instituições financeiras nas últimas semanas, também sinalizou que o pacote deverá ter seu voto favorável. "Pelos esboços que li, é algo que todos nós teremos de engolir seco e seguir em frente. A opção de não fazer nada simplesmente não é aceitável", declarou.

Efeitos para a campanha
O posicionamento dos candidatos sobre a intervenção federal na crise é discutido amplamente por seus gerentes de campanha, já que a crise é, de longe, o tópico de maior preocupação do eleitorado americano, de acordo com pesquisas de opinião.
McCain tem a tarefa mais difícil no tema, já que é apoiado pelo presidente George W. Bush, que estava no Salão Oval quando se edificaram parte das causas e das conseqüências da crise. O índice de impopularidade do presidente está na casa dos 70%.
O candidato já declarou que "não entende a economia" -seu trunfo é a experiência em relações exteriores-, e Obama é apontado por eleitores como mais preparado para lidar com a questão.
Contudo, mesmo com a crise presente no cotidiano americano há meses, a disputa acirrada entre os candidatos pela preferência popular indica que o republicano pode ter se descolado de certa forma da imagem negativa de Bush.
Desde que a crise se mostrou mais grave, há duas semanas, Obama viu crescer sua vantagem. Na combinação de sete consultas recentes feita pelo site agregador de pesquisas Real Clear Politics, o democrata está 4,8 pontos percentuais à frente de McCain -mas ainda na zona do empate técnico, já que as pesquisas têm margens de erro que passam dos três pontos para mais ou para menos.


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