São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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Três bancos com problemas recebem socorro na Europa

Bélgica, Holanda e Luxemburgo compram o Fortis por US$ 16 bilhões

Reino Unido deve nacionalizar Bradford & Bingley e vender parte ao Santander; Hypo Real Estate levanta dinheiro com consórcio de bancos

DA REPORTAGEM LOCAL

A crise financeira fez mais três vítimas entre os bancos europeus no final de semana. Os governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo aceitaram colocar 11,2 bilhões (US$ 16,4 bilhões) de dinheiro público para comprar o Banco Fortis. O Reino Unido deve nacionalizar o Bradford & Bingley, instituição que atua no crédito habitacional, e vender a "parte boa" para o espanhol Santander. E o alemão Hypo Real Estate, também do crédito imobiliário, obteve dinheiro de um consórcio de bancos para não quebrar.
O socorro governamental ao Fortis, grupo financeiro presente no varejo e no setor de seguros na Bélgica e na Holanda, aconteceu após o francês BNP Paribas desistir de comprá-lo. Pelo acordo, a Bélgica deverá aportar 4,7 bilhões, e a Holanda, 4 bilhões no Fortis. Luxemburgo deverá entrar com os 2,5 bilhões restantes.
No ano passado, o Fortis participou ao lado do espanhol Santander e do escocês RBS do consórcio de bancos que comprou por US$ 100 bilhões o holandês ABN Amro, então dono no Brasil do Banco Real.
A parte do Fortis no ABN, incluindo a operação de varejo na Holanda, deverá ser vendida. Um dos interessados era o também holandês ING.
Os problemas com o Fortis começaram após a compra do ABN, quando o banco teve de fazer um aumento de capital e levantar dinheiro no mercado para financiar sua parcela de 24 bilhões no negócio.
No final de semana, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, participou de reuniões de emergência junto de autoridades da Bélgica e da Holanda para costurar uma solução para capitalizar o Fortis, instituição que teve de assumir perdas contábeis com títulos podres do setor imobiliário americano. Foram estudadas desde a venda até a cisão ou a nacionalização.
O presidente do conselho do Fortis, Maurice Lippens, que deve renunciar ao cargo hoje, foi acusado pelos acionistas de falta de transparência e de comunicação falha sobre a situação delicada do banco.
O Fortis emprega 85 mil pessoas no mundo. Na sexta, suas ações recuaram mais 20%. Desde a compra do ABN, o banco perdeu mais de 50 bilhões em valor de mercado.

Reino Unido e Alemanha
O governo britânico discutiu no final de semana a nacionalização da carteira de crédito do Bradford & Bingley, nono maior banco do setor habitacional no Reino Unido.
O banco Santander informou ontem que pretende comprar a "parte boa" do banco -a rede de 200 agências e os depósitos.
Se a nacionalização for confirmada, será o segundo banco assumido pelo governo desde o Northern Rock, em fevereiro.
O Santander é dono da National Abbey, banco que também atua no setor habitacional britânico, e negocia também a compra do concorrente local Alliance & Leicester.
Na semana passada, o governo intermediou as negociações para vender o HBOS, o maior do setor imobiliário, ao Lloyds.
Na Alemanha, o banco Hypo Real Estate conseguiu levantar dinheiro com um consórcio de bancos para manter suas operações. O banco, que passava por problemas na semana passada, não revelou o nome dos participantes do consórcio.



Com agências internacionais


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