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Fuga de capital externo ocorre desde junho
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo tem sido fortemente punida pela fuga de capital externo desde junho. Neste mês, o
ritmo de saída de estrangeiros
perdeu força, apesar de o saldo
das operações feitas pela categoria seguir negativo. O movimento indica que, se a crise não
se agravar ainda mais, os estrangeiros devem deixar de
abandonar as ações brasileiras,
segundo analistas.
Neste mês, até o dia 24, os investidores estrangeiros mais
venderam que compraram
ações no mercado local em um
montante de R$ 752,3 milhões.
Em junho e julho, saíram mais
de R$ 7 bilhões em cada mês.
Em agosto, outros R$ 2,25 bilhões em capital externo deixaram as ações brasileiras.
"Não estamos mais tendo
vendas maciças de ações por
parte dos investidores estrangeiros para tapar buracos lá fora, como ocorreu intensamente
nos últimos meses", afirma
Charles Philipp, diretor da corretora SLW.
A forte dependência que o
mercado acionário doméstico
tem dos estrangeiros mostrou
seu lado negativo nesses últimos meses. A saída de capital
externo explica em boa parte as
perdas acumuladas pela Bovespa neste ano.
Em 2008, o balanço dos negócios feitos pelos estrangeiros
está negativo em R$ 17,2 bilhões, sendo esse o pior resultado já registrado em um ano.
Os estrangeiros são a categoria de maior peso na Bolsa, ao
responder por cerca de 35% do
total de operações realizadas
no pregão. A segunda categoria
que mais negocia são os investidores institucionais (como fundos de pensão), que respondem
por 27,9% do total, e a terceira é
a pessoa física, com 25,6%.
Dessa forma, no momento
em que a crise internacional se
arrefecer e o capital externo começar a retornar para o mercado brasileiro, a Bovespa tem tudo para se recuperar com vigor.
O problema é que os analistas
não esperam que tudo se acalme tão cedo.
Quando o Brasil foi elevado à
categoria de "investment grade" (grau de investimento), esperava-se que o país passasse a
receber uma enxurrada de capital externo. E, a princípio, isso até ocorreu.
Ser elevado à "investment
grade" significa passar a pertencer a um grupo de países em
que o risco de calote é menor.
Ou seja, é mais seguro aplicar
nesses lugares que em outros.
A agência de classificação de
risco Standard & Poor's promoveu o Brasil a "investment
grade" em 20 de abril deste ano.
A Fitch Ratings fez o mesmo no
fim de maio.
Muitos fundos de pensão internacionais apenas podem
aplicar seus recursos em mercados de países que já tenham
obtido o grau de investimento.
O problema do Brasil foi ter
recebido a promoção no momento em que a crise de crédito
internacional se agravava. Com
isso, não teve muito tempo para
aproveitar sua elevação a essa
nova condição.
O acúmulo de perdas pelo
mundo fez com que os investidores se desfizessem de ativos
em mercados nos quais havia
ganhos acumulados e facilidades de negociação, como forma
de compensar prejuízos nos
principais centros financeiros.
E o Brasil tinha um dos mercados que melhor se encaixavam
nessa realidade.
As principais Bolsas de Valores do mundo estão no vermelho no acumulado do ano, o que
ilustra a abrangência da crise.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones, que reúne as 30 ações
americanas de maior liquidez,
registra perdas de 15,99% em
2008. Para a Bovespa, a queda
anual está em 20,5%.
(FABRICIO VIEIRA)
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